Melgosh correu em direção aos silfos negros. Desembainhou a lâmina que se revelou como nenhuma a menos que a própria Maré Vermelha. Logo o ambiente foi tomado pela característica brisa fria, que crescia a cada momento. Melgosh atacou os assassinos com frieza e crueldade, não oferecendo chance de sobrevivência com seus golpes.

Kyle confrontou o primeiro silfo negro e percebeu em seus movimentos, um estilo de luta semelhante ao seu. Recebeu uma série de ataques, e precisou de toda sua perícia para desviar-se dos golpes. Os silfos negros não utilizavam suas lâminas como armas comuns mas sim como extensões de seus punhos. Segurando as lâminas rentes aos próprios antebraços, atacavam com socos e cotoveladas que ao atingir o alvo, seriam seguidos da ação das lâminas, emparelhadas aos seus corpos.

Kyle recordou-se da primeira vez que lutou pondo sua vida em risco. Uma luta armada contra os bestiais. Como tudo havia mudado. Como teria sido fácil vencer as feras e seus rudes movimentos de combate com suas novas habilidades. No entanto, os silfos negros pareciam ter recebido treinamento nas artes do combate místico. Forma de lutar na qual, energias com campo invisível atuavam favorecendo muito o portador da técnica de harmonização energética.

Ainda assim, seu domínio, quase instintivo daqueles fluxos energéticos, era superior ao contato rudimentar possuído pelos silfos negros, o que o guiava a uma inevitável vitória. Dois silfos negros derrubados por Kyle, e três por Melgosh e a poderosa Maré Vermelha. Sangue sílfico era absorvido pelos carpetes luxuosos da antecâmara do tesouro do palácio imperial.

O último dos silfos negros, parecia ser o líder e escondia atrás de sua máscara azul, olhar ameaçador. Melgosh fora forçado a embainhar a lâmina para evitar que uma terrível tempestade destruidora tomasse o lugar. Por um instante Kyle e Melgosh encararam o oponente em silêncio.

Zoros porém, tinha a atenção voltada para outro evento. Observava uma fina camada de bruma púrpura vazar por baixo do portão que levava à câmara do tesouro imperial. Sentindo enjôo característico de partilhar a presença com o temível Lévoro, Zoros acusou. – Devemos agir! O maldito já está operando atrás deste portal.

O silfo negro posicionou-se em frente ao portão e disse confiante, – Pois tomem suas ações! Mesmo que sejam suas últimas.

Melgosh ergueu a Maré Vermelha e avançou contra o líder. Movendo-se como uma sombra, o silfo negro atingiu Melgosh com uma sucessão de golpes. No instante seguinte, Melgosh estava desarmado e agonizava no chão vendo seu sangue escorrer e a Maré Vermelha caída distante de si. Antes que o silfo negro despachasse um golpe final contra Melgosh, Kyle entrou em ação girando o corpo e desferindo uma seqüência rápida de chutes e pontapés aéreos cuja habilidade deixaria impressionados os mais habilidosos acrobatas mambembes.

Logo, o silfo negro revidou, mostrando-se superior no domínio técnico da luta. Apesar disso, Kyle carregava uma quantidade de energia elevada em seus movimentos que conseguiram ocupar a atenção do silfo negro.

Aproveitando-se da possibilidade, Zoros avançou evocando um poderoso feitiço que escancarou o portão da câmara do tesouro instantaneamente.

Um forte nexo era formado no interior da enorme câmara. De seu centro, uma penumbra fraca podia ser vista. Zoros sentiu o coração gelar e soube que aquele era o momento de confrontar a morte, o momento de confrontar Lévoro.

Na antecâmara, Kyle defendia-se como podia e assustou-se ao verificar que as mãos do silfo negro haviam tomado aspecto reluzente e multifacetado. Foram convertidas em cristal, duro e afiado. Kyle conseguiu perceber um momento de distração do silfo, talvez pelo esforço da transmutação de suas mãos, e avançou com um golpe certeiro contra a face. A máscara partiu-se se dividindo em vários pedaços e um deles cortou-lhe a face. O rosto do silfo negro fora revelado, e não era outro, que o do próprio conselheiro Alderic. Porém Kyle não pôde reconhecê-lo. Revidando violentamente, Alderic cravou as unhas cristalizadas no abdome de Kyle rasgando as vestes e abrindo-lhe quatro cortes paralelos.

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