No convés do navio, não tardou a chegada de ajuda. Oito dos companheiros de Melgosh saltaram de dentro da água, partindo do fundo, como delfins. Pousaram com grande agilidade no convés mostrando que vieram preparados para batalhar.

O capitão do navio gritava enquanto atacava Melgosh furioso, – Silfos! Matem todos esses malditos saltimbancos. Mostrem a essa ralé de que os Falchins Verdes são feitos.

Melgosh defendia-se como podia, o capitão Falchin era um espadachim formidável. Enquanto isso seus silfos, favorecidos pela surpresa derrotavam três membros da tripulação.

Mas logo, a situação tornou-se difícil. Quatro silfos leais a Melgosh foram abatidos por flechas certeiras disparadas pelos arqueiros posicionados no alto tombadilho da nau. Estava a ponto de perder as esperanças quando escutou uma explosão. Viu o corpo em chamas de um dos silfos de Falchin e aproveitando uma distração do capitão investiu contra seu braço. Cavou um talho profundo no antebraço de Falchin desarmando-o.

Kiorina projetava bolas de fogo explosivas contra os silfos e era seguida por seus companheiros que se apressavam em adquirir armas dos silfos prostrados no convés.

O capitão ágil em perceber sua derrota atirou-se ao mar proferindo maldições. – Maldito seja Melgosh!

Mishtra, que lutava lado a lado com Archibald, ao escutar o nome Melgosh sendo pronunciado, sentiu um grande frio e reviravolta nas entranhas. Em seguida à fuga do capitão, os outros silfos abandonaram seus postos e puseram-se a correr, uns seguindo seu líder no mar, outros pulando para o cais.

Alguns dos escravos libertados se atiravam ao mar, desesperados por liberdade. Outros observavam estonteados as chamas que tomavam conta do navio.

Gorum chamou com sua poderosa voz, – Estão todos bem?

Kleon segurava Georges nos braços, havia sofrido um grave ferimento. Archibald mancava devido a um corte sobre a coxa e Kyle limpava um filete de sangue que lhe escapava das narinas.

Mishtra caminhava maravilhada na direção do silfo chamado Melgosh. Sem dizer nada ambos se abraçaram. Melgosh, emocionado e chorando como uma criança dizia em voz baixa, – Mishtra! Mishtra minha filha, como é bom vê-la!

Mishtra não resistindo falou diretamente com a mente de seu pai, “Pai! Não se assuste. Eu posso falar com a mente. Senti tanto sua falta!

Um pouco surpreso Melgosh aceitou bem o fato e disse, – Que ótimo minha filha. – Beijou seu rosto o olhou-a nos olhos. Mishtra reconheceu os olhos verdes e amendoados de seu pai, iluminados pelas chamas que consumiam o navio de Madame Lefreishtra.

– Vamos minha filha, temos que sair daqui o quanto antes, logo chegarão reforços ou mesmo a Guarda Aurínea.

Melgosh dirigiu-se aos humanos dizendo, – Rápido, para a pequena embarcação.

Noran traduziu para os que não entendiam sílfico.

Um a um, saltaram do barco mergulhando na água morna do mar. Com algumas braçadas alcançaram a pequena embarcação indicada pelo silfo.

Kleon com seu companheiro Georges nos braços, despedia-se.

– Sinto muito Georges, sinto muito que termine assim para você.

Georges sentindo-se tonto e sem energias, não compreendeu as palavras de Kleon, mas captou o sentido. – Kleon! – Gemeu o gigante. – Erles... Erles tem que pagar por isso...

Uma lágrima correu pelo rosto do rapaz, que escutou as últimas palavras de seu companheiro de viagens. Uma viga de madeira do mastro principal caiu fumegante sobre o convés num grande estrondo. Kleon caiu sentado e logo ficou de pé. Saltou para o mar na trilha dos Lacoreses.

Maré VermelhaWhere stories live. Discover now