– Há pouco tempo você defendia a idéia! Lembra-se? Falava sobre a diferença que você fez na guerra contra os bestiais.

– É verdade, mas não sei mais se quem agiu fui eu, ou se fui impelido por alguém.

– Escreveram muitos livros sobre o assunto, centenas e centenas de páginas. Sabe qual foi a conclusão?

Não.

Nem eu! disse e sorriu, apesar de toda a desgraça. – Deixe de tolices e vamos pensar em uma forma de fugir deste lugar.

– Você está certo, sendo eu ou não, temos que escapar para tentar ajudar nossos amigos. Temos que ajudá-los para prosseguir com nossa jornada. Precisamos encontrar o oráculo, e com isso descobrir uma maneira de trazer nosso lar de volta à normalidade.

– Do jeito que você fala, até parece que tudo isso é possível.

– É claro, que sim. Temos Noran de nosso lado, esqueceu? Quando precisamos nos esconder em Lacoresh, ele pode fazê-lo. Aposto que poderemos tentar algo assim novamente.

– Certo Kyle, falaremos com ele quando acordar. Por hora é melhor que descansemos, acho que amanhã será um dia difícil para todos nós.

***

O sol brilhava intensamente, seu calor era incômodo para os que estavam acostumados com as temperaturas amenas ou frias de Lacoresh. Cedo, receberam um belo tratamento de higiene e ganharam roupas limpas. Para todos os homens fora uma rápida preparação. Para Mishtra e Kiorina, a preparação durou horas. Foram maquiadas, tiveram os cabelos penteados e receberam belos adornos.

Foram conduzidos ao Hebb, antes do final da manhã. Os Silfos do mar tinham um nome especial para um pequeno tablado oval, no qual eram expostos e vendidos escravos. Havia um Hebb no cruzamento de duas grandes ruas movimentadas. Silfos ricos, ou poderosos, eram carregados por escravos, em cadeiras suspensas ou mesmo cabinas inteiras, luxuosamente decoradas.

Após uma breve fiscalização e troca de papéis o espaço do Hebb foi liberado para o uso dos empregados de Shark. Exposta ao público que passava, Kiorina sentia-se humilhada. Kyle estava irado e os outros estavam apreensivos ou receosos.

Uma grande cabina carregada por cerca de doze homens muito fortes aproximou-se do local. Os escravos eram grandes, pareciam vir de locais distantes. Havia homens de pele morena bronzeada que Gorum, nunca havia visto nas terras de Lacoresh. Outros pareciam vir de Dacs e outros tinham feições Lacoresas. Colocaram a cabina cuidadosamente sobre o chão. Junto vinham guardas silfos providos com espadas delicadas e roupas de um grosso couro de escamas azuladas.

A porta da cabina abriu-se e dela saiu uma Silfa de aparência jovial, vestida luxuosamente. Sua roupa, colada ao corpo era composta por milhares de pequenos pontos de gemas reluzentes multicoloridas. Sobre a cabeça usava um tipo de chapéu cônico de ponta romba. De seu topo, brotavam seus cabelos dourados como uma cascata, que descia até seu quadril. Seu rosto trazia grande perfeição, acentuada por uma maquiagem artística. Possuía unhas longas e pintadas de cor púrpura profunda, que combinavam com a forte tonalidade depositada em seus lábios corretos.

Marcik reverenciou a silfa e lhe disse em sílfico. – Seja bem-vinda, madame Lefreishtra.

A silfa, que possuía um olhar frio, passou os olhos sobre os prisioneiros.

– Recebi um recado do Senhor Shark avisando-me a respeito de escravos interessantes. Não me impressionei. O que há de especial com eles?

Noran escutava a conversa atentamente e procurava sondar os pensamentos da rica silfa. Ao mesmo tempo ficara hipnotizado pela beleza e o exotismo dela.

Maré Vermelhaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن