"Orgulho"

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Sirius arrastava um grande armário com dificuldade, a madeira maciça pesava mais do que ele imaginava, suas mãos agarravam o local com força e seus músculos grosseiros dos braços chamavam a atenção de Abby que fingia ler um livro de filosofia.

A pele nua do tronco dele parecia brilhar com a camada fina de suor que escorria devido ao esforço, Sirius olhava de relance para ela e sentia seu corpo queimar em saudade de algo que estava tão perto, mas tão intangível.

Ele finalmente consegue colocar no local desejado, havia consertado as prateleiras caídas com as próprias mãos e algumas ferramentas, já que não era permitido usar magia. Pode-se dizer que demorou mais do que o esperado, mas o resultado foi satisfatório.

Abby ainda não o havia perdoado totalmente, e definitivamente não aceitava nenhuma de suas investidas, durante os poucos dias que passaram na mesma casa, ele tentava com otimismo a fazê-la perdoar o que Sirius havia feito.

O senhor Parsons já estava cansado de torcer o nariz para as tatuagens do garoto, e não aguentava mais o mandar colocar a camisa, ele sabia que o tempo não era frio lá dentro, principalmente quando se arrasta móveis e trabalha no jardim quase o dia todo.

Ele passa por um Sirius que observava criticamente o trabalho que havia feito, apertando alguns parafusos discretos. Um fio de empatia corria nos olhos do pai de Abigail.

- O que acha? - Sirius pergunta para o homem que bebericava um uísque caro.

- Eu não faria melhor. - o homem acrescenta impressionado.

Lucy interrompe a leitura de madame Bovary, exibindo olhos brilhantes em surpresa, Abby fez o mesmo gesto em sintonia perfeita, tão incrédula quanto a madrasta.

O tão teimoso Albert Parsons quebrando o seu orgulho por um garoto que é o seu completo oposto? Era um marco histórico, talvez não chegasse perto dos grandes impérios e revoluções, mas para Abby, aquilo era mais improvável do que a queda da bastilha, ou até mesmo a independência dos Estados Unidos, porém também havia ocorrido.

Sirius sorria de canto assentindo, manteve as suas palavras exibidas para si mesmo, não queria perder as meras migalhas que ganhava.

- Eu preciso cuidar do jardim. - Sirius não era tão habilidoso com plantas, mas era a sua parte favorita do trabalho, tinha uma visão privilegiada do quarto da Abby, não era muito, mas a conseguia observar lendo e escrevendo algo enquanto ele plantava desajeitadamente.

Uma parte do seu cérebro o achava o cara mais idiota do mundo, sem dificuldade tinha todas as mulheres que queria, mas preferia estar arrancando ervas daninhas e sentir seu coração dar pulinhos quando ela o dava um pequeno sorriso e cobria o próprio rosto com um livro grosso logo depois.

Ele agradecia mentalmente pelo dia nublado, o que deixava o sol bem suportável, e não o faria suar como um porco, pelo menos não mais do que já estava.

Varias corujas pousavam diariamente na sacada arejada do quarto dela, o que fez Sirius lembrar que provavelmente suas cartas estariam indo para a casa do James.

Apenas de lembrar do amigo, sente um peso no seu coração, sentia tanta falta dele, de como eram próximos, e de como James o fazia rir.

No meio da noite chuvosa, Sirius estava na mansão Black, ele prometera a si mesmo que aquela foi a última vez que ele apanhava da mãe.

Walburga parecia odiar tudo o que Sirius era, e tudo o que ele fazia, aquilo costumava abalar o garoto quando ele era apenas uma criança, mas agora, só o deixava mais determinado a não ser como eles.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Where stories live. Discover now