"Bilhete"

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Sirius escrevia o vigésimo bilhetinho do dia para Abigail, estava sozinho na comunal da grifinória, esse era o novo normal dele: estar sozinho.

Viu os amigos subirem para os dormitórios completamente calados, digamos que o clima não era dos melhores ali também, sem Sirius, nada parecia ter graça para eles.

Os olhos cinzentos fugiram dos três marotos, não conseguia fingir que estava bem tão perfeitamente assim, ele ainda tinha sentimentos que gritavam para sair.

Lily senta-se ao lado de Sirius, e Marlene a acompanha sentando-se ao lado da ruiva, sorria animadamente para o Black, que não conseguia expressar qualquer reação.

- Eu preciso contar algo, sei que James não se perdoaria futuramente caso o melhor amigo não fosse o primeiro a saber. - Lily começa pousando sua mão nas costas dele.

- Eu não sou mais amigo do James, ele mesmo escolheu isso. - Sirius responde desgostoso. - Deveria contar para outra pessoa, seja lá o que for.

- Tem razão, você não é só amigo do James, é o irmão dele! - Lily aponta fazendo Sirius suspirar. - Irmãos brigam.

- Nós nunca brigávamos...

- Em todo caso, quero que saiba que nós estamos namorando, e que o Potter cabeça dura sente muito a sua falta. - A ruiva cutuca o abdômen dele com o cotovelo. - A propósito, você poderia contar à Abby da novidade também? - Ela pede.

- Digamos que a Parsons cabeça dura não está falando comigo. - Sirius encara Marlene sorrindo pidão. -  E já que mencionou...

- Não, Sirius, se ela souber que eu sou a responsável por enfiar bilhetes nas coisas e nas roupas dela, Abby não falará mais comigo. - Marlene já decifra o que o Sirius pediria, ele a fez entregar inúmeros bilhetes.

- Marnie, por favor, você é a única pessoa que pode fazer isso! - Ele pede. - Não é um trabalho difícil.

- Eu acho uma gracinha, Marlene. - Lily comenta sorrindo apoiando o rosto rosado nas mãos.

- Você acha uma gracinha? - Marlene ironiza. - Pensa assim porque não teve que enfiar as mãos dentro das roupas dela, tenho certeza que ela nunca ficou tão vermelha, sorte a minha que ela estava usando...- Sirius arregala os olhos assustado e interrompe a loira.

- Enfiar... McKinnon... - tentava procurar as melhores palavras. - Você pode me explicar o porquê de apalpar a minha... a garota que eu estou tentando conquistar? - Sirius questiona visivelmente bravo.

- Primeiro, eu não apalpei! - se defende. - E segundo, foi você mesmo que mandou colocar nos seios dela.

- O QUE? - Sirius grita e se repreende com medo de acordar algum aluno. - Marlene, eu só mandei você apontar para o coração dela, eu literalmente disse para você: "aponte o dedo aqui." - O Black puxava os cabelos desesperado.

- Então quando você apontou para o seu peito, você quis dizer coração? - A loira tenta. - Não deveria ter dado esse recado de longe, na próxima explique para mim claramente.

- Sim... - O moreno respira fundo tentando se acalmar. - Agora ela pensa que eu sou um pervertido. - Sirius se joga no sofá com as mãos no rosto.

- Ela pode não ligar para isso, o bilhete era fofo? - Lily tenta, mas Sirius suspira, faz um sinal de "mais ou menos" com as mãos. - O que você escreveu?

- "Este parece um lugar quente e confortável para se estar, prometo que cuidarei bem, não vou machucar novamente." - Lily gargalha sem conseguir se conter com a expressão desesperada do garoto. - A ambiguidade é evidente! Marlene, você destruiu a minha vida!

- As vezes ela pode até achar engraçado, ou quem sabe até a deixe com fogo. - McKinnon tenta, e Sirius a encara incrédulo.

- Ela vai me fazer engolir aquele papel! - Sirius reclama, enquanto isso, Lily rabiscava o bilhetinho de Sirius com a pena sorrateiramente.

- Já é um contato. De nada, Black. - Marlene brinca.

Sirius sentia que morreria ali mesmo, a loira só poderia estar brincando com ele, se antes Abigail não queria falar com o garoto, depois do bilhetinho supostamente infame, ela iria soca-lo.

Lily termina o que queria escrever e fecha o papel da mesma forma anterior, para não levantar suspeitas.

- Por que você nem questionou o fato dele te pedir pra supostamente enfiar as mãos nas roupas de alguém? - Lily tenta entender o assunto dos dois.

- Ele estava tão depressivo. - a loira explica. - Não tive como negar.

- Por que motivo eu te mandaria por as mãos na garota que eu sou apaixonado? - Sirius questiona alterado.

- Eu não sei, você é o Sirius Black. - a loira torce o nariz.

- É verdade, nós esperamos qualquer coisa de você. - Lily apoia Marlene, Sirius revira os olhos. - Só não esperávamos que você se apaixonaria assim.

- Simplificando, não esperávamos sentimentos de um completo galinha. - Marlene corrige e Lilian aponta para a amiga concordando.

Sirius se sentia absolutamente ofendido, porém, era inegável o fato de que a sua fama construída em anos, o precedia, achou que esse teria sido um dos motivos para Abby não querer estar com ele, além de suas incontáveis mentiras.

- Tudo bem, depois de me ofender dessa maneira, espero que você não faça mais cerimônias e entregue o bilhete para Abigail. - Sirius cobra e Marlene tira o objeto da mesa, consentindo com mal gosto.

Abby voava livremente pela sala de Alvo Dumbledore, que sorria discretamente enquanto recolhia o animal peçonhento do local, a cobra some em questão de segundos.

A lufana pousou bem ao lado dele, tomando a sua forma humana, estava feliz consigo mesma por ter conseguido.

- Se saiu muito bem, Senhorita Parsons, apesar de não estar no auge de sua magia, continua com a cabeça distante e preocupada com outros assuntos. - Dumbledore avisa. - Precisa resolver as questões pessoais, a mente limpa produz a mais forte das magias.

Abby da as costas e segue até a saída do recinto, estava absurdamente desconfortável.

- Boa noite, passar bem, Diretor.

Ela respira fundo assim que sai de lá cuidadosamente, corre o mais rápido possível até a sua comunal, não entendia o real motivo de estar tão apressada, mas suas pernas apenas pareciam trilhar um caminho próprio.

Abby esbarra com Conor na sua comunal, o garoto coloca o papel, que Marlene o entregara, disfarçadamente agarrado na barra da saia da garota. Ele nem imaginava que o autor do bilhete era Sirius Black.

Ao chegar no seu dormitório, ela encontra a cartinha grudada no tecido, sorri de leve abrindo o papel levemente amassado, lê o que a letra mal desenhada expressava:

"Deveria me perdoar, eu te levaria em todas as festas que conheço e dançaria com você a noite toda, prometo que não vou insistir para ir embora nunca mais se você voltar.

- Pulguento."

No fim da folha havia uma letra caprichosa e bem feita, Abby aperta os olhos estranhando, mas logo aperta os lábios sorrindo de leve quando nota a quem pertencia a autoria.

"Deveria perdoar a Lily também, ela realmente gosta de você." - um coração no pingo do "i" fazia Abby dar uma risadinha.

Ela sentia tanta falta de todos eles, sentia mais falta ainda de Sirius Black, não só emocionalmente, como fisicamente, aperta os olhos fortemente quando sua memória lhe trai puxando uma lembrança da noite que esteve com Sirius na casa dos gritos.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde as histórias ganham vida. Descobre agora