"Familia Black"

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Abby se ajoelha ao lado de Sirius e segura na mão áspera e quente dele, apertando um pouco em sinal de conforto. Sirius a puxa pela mão para um abraço, suas narinas inalam o cheiro da garota como um calmante instantâneo.

As lágrimas escorriam quentes no rosto do garoto, Abby o apertou mais contra si. Lágrimas brotaram no seu rosto também, era como se a dor que Sirius sentia também a afetasse de alguma forma naquele momento.

- Eu senti a sua falta. - aperta os cabelos da garota entre os seus dedos.

Uma borboleta luminosa continuava a voar ao redor dos dois enquanto as lágrimas escorriam, Sirius sentia um pouco da dor do seu peito aliviar.

- Senti a sua falta também. - Acaricia o cabelo do rapaz. - Quer me contar o que aconteceu? - Sirius segura o choro negando com a cabeça.

- Me conte um segredo, Abigail Parsons. - tenta sorrir para ela, e a garota retribui com um sorriso triste.

- Eu sou um animago. - ela revela. - E... - é interrompida, Sirius não precisava mais de tanto para confiar nela.

- Eu estou com medo o tempo todo... - Aquilo foi o bastante para Sirius desabar em lágrimas. - Abby, por favor, eu estou com tanto medo. - aperta mais Abby contra si.

- Está tudo bem... - Ela passa as unhas carinhosamente nas costas do Sirius.

- Não! não! - chora mais e aperta a camisa da Abby com raiva. - Não está tudo bem.

- Por que, não? - Ele nega. - Vamos lá, confie em mim.

- Eu sinto medo... - ele sussurra, nunca havia aberto a ferida tanto assim. - tanto medo.

- Do que sente medo? - Abby pergunta enquanto uma lágrima queimava sua bochecha.

- De mim. - tenta explicar. - sinto medo de mim mesmo, sinto medo de ser o que eu nasci para ser. - desabafa. - Do que todos os Blacks estão destinados a ser...

- O que todos os Blacks nasceram para ser? - pergunta Abby calmamente, e Sirius ri sem graça.

- Você quer mesmo saber? - ele ironiza negando com a cabeça, Abigail confirma, o que causa um suspiro de Sirius. - Depois que souber, Ab, você vai querer ir embora de vez. - avisa.

- Eu não vou a lugar algum, eu prometo. - ela garante.

Sirius respira fundo e limpa algumas lágrimas que caíam como um rio no seu rosto, Abby o ajuda enxugando as lágrimas teimosas com os próprios dedos.

- "Os Black descenderam de Lupus Black, o primeiro bruxo da linhagem, era o homem mais cruel de todo o reino, nasceu de uma família nobre, tornou-se um cavaleiro templário aos 16 anos, tinha uma força descomunal, lutava pela igreja e era conhecido pelos seus olhos de coloração diferente, sendo o esquerdo azul como o céu da manhã, e o direito era de uma escuridão tão profunda que não se poderia enxergar brilho algum ali.

Ele não tinha pena alguma de tirar vidas pela igreja, ele não tinha pena nenhuma de tirar vidas em geral, a última coisa que a sua vítima enxergava era a escuridão inevitável dos olhos cruéis após uma morte dolorosa.

A caça às bruxas ainda não tinha tanto vigor na Inglaterra, mas algumas já haviam sido queimadas, outras que nem eram bruxas, eram apenas mulheres pensantes, também tiveram como destino a fogueira.

Um dia, a vidente que a igreja mantinha em cativeiro teve uma visão, disse que o Lobo viria, e banharia o chão da igreja com sangue trouxa..."

- Lupus. - Abby deduz. - Lobo em latim. - Sirius assente.

- "Então, o frei responsável pela caça às bruxas lembrou dele, viu um monstro nele quando enxergou a maldade que tinha naqueles olhos diferentes, e então, decidiu queimá-lo, por segurança.

A vidente tentou interferir, mas não teve sucesso.

Naquela noite, Lupus fez o que ela havia previsto, matou todos aqueles trouxas, foi um banho de sangue. Ele olhou nos olhos de cada uma das vítimas e fez a mesma pergunta: Vocês iriam me queimar em nome do seu deus, onde está ele agora?

Ele matou todos, os padres, o bispo, os freis, as mulheres e até mesmo as crianças."

Abby sentia seus pêlos arrepiarem ao ouvir a história cruel, sua respiração estava pesada, e toda atenção que ela tinha estava presa em Sirius.

- "Os Blacks que vieram depois que ele se casou com Ophelia, uma duquesa viúva, acusada de matar o próprio marido e não julgada por conta da influência que tinha, eram tão ruins quanto. - Sirius suspira. - os Black sempre foram conhecidos como "os assassinos de trouxas", juntavam-se até mesmo depois da idade média para caçar trouxas, como um esporte.

Com o passar dos anos, foi se tornando imperdoável fazer esse tipo de coisa, então a única coisa que permaneceu na família Black foi a preservação do sangue bruxo e a crença na importância da pureza do sangue.

Poucos Blacks tentam fugir do que é ser um Black, mas todos acabam da mesma maneira, ou mortos, ou sendo o que nasceram para ser: Um Black."

- E todos eles são... - Abby tenta, mas é interrompida.

- Vilões, pessoas ruins e preconceituosas. - ele conclui.

- Eu iria dizer quebrados, forçado a enxergar um só caminho.

- Está enganada, Abby. - ele suspira. - e vai se decepcionar.

- Está enganado, Sirius Black. - avisa Abby baixinho próxima do rosto dele. - Você não nasceu para ser um simples Black.

- Ah não? - ele sorri com a expressão gentil que ela carregava consigo, Abby abana a cabeça.

- Você nasceu para ser Sirius Black. - ela explicava como se fosse a coisa mais simples do mundo. - Sirius Black não é um cara malvado assassino de trouxas, ele não é um Black qualquer.

- Gostaria que estivesse certa. - ele suplica mentalmente para que Abby estivesse falando a verdade.

- E eu estou. - Diz sorrindo e ficando de pé. - Um dia, seus filhos, netos e tataranetos estarão contando a nova história dos Black, a história de um Black que não teve medo de seguir as próprias ideologias. - ela estende a mão para ele levantar, e Sirius o faz. - Um dia os seus descendentes falarão de você com orgulho, para que isso aconteça, precisa começar a acreditar mais na própria força.

Ele abraça Abby, foi a melhor coisa que alguém já o disse, o fez ter esperanças em si novamente, o fez sarar um pouco a ferida que estava há tanto tempo aberta.

- E você, Abigail Parsons, o que nasceu para ser? - ela sorri subindo no parapeito da torre e Sirius a olha confuso.

- Uma borboleta. - ela pula de costas e cai antes que Sirius pudesse segurar sua camisa branca, o coração do garoto fica acelerado, ele corre e põe a cabeça para ver o suposto corpo sem vida da garota no chão.

Mas não havia nada ali, apenas uma borboleta azul que pousava bem no nariz dele o fazendo sorrir bobo.

- Aí está você.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Where stories live. Discover now