TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK

"Bicho-papão"

Com o passar dos dias, Abby estava cada dia mais próxima de Remo, e depois do beijo, Sirius nunca mais tinha falado com ela. A garota pensou estar apaixonada por ele, sentia falta dele todos os dias, mas logo a ideia saía da sua cabeça.

Ela havia conseguido o que queria, Lupin estava cada vez mais próximo, aparentava ter muita afeição entre os dois, e tinha.

Sirius nunca mais havia saído de Hogwarts, não sentia vontade de ir para as festas, não sentia vontade nem de fazer as próprias festas.

Ele cansou de sentir a bile queimar a sua garganta toda vez que o Lupin chega sorridente falando da Abby, por isso, se afastou, passou a dormir mais cedo, e acordar mais cedo do que os amigos.

E para piorar, Régulo estava cada dia mais sombrio, Sirius conseguia enxergar, as cartas de Andrômeda se tornaram mais desesperadas e passou a receber cartas até mesmo da sua prima, Bellatrix Lestrange.

Ele não tinha coragem de abrir as últimas, ele sabia o que tinha naquelas cartas, sabia que ali estava a tentação para o retorno dele na família Black.

Ele tinha medo, odiava ser um Black, sabia que o seu coração bombeava um sangue sujo, sabia que esse sangue corria quente pelas suas veias e artérias.

Sirius sabia quem era, ele apenas não aceitava, mas tinha plena consciência de que se um dia experimentasse o mal, nunca mais voltaria a ser bom. Seria viciado para sempre no gosto inebriante da maldade.

Por isso, tentava ao máximo ser o que nenhum Black era, empático. Ele tentava se sentir feliz por ver o Lupin feliz, e ele costumava ter sucesso, até o motivo ser a garota que Sirius negava veemente estar apaixonado.

Antes que pudesse entrar na aula de DCAT, Sirius foi arrastado pela manga da camisa branca para fora da sala, lá estava Lupin o encarando.

- Por que está fugindo de mim? - Remo confronta sem soltar a manga da camisa dele. - Faz dias que eu não consigo trocar uma palavra com você.

- Não é nada, Lupin, eu apenas estou estressado com os trabalhos. - Aluado aperta os olhos com desconfiança.

- Abby disse que também não está falando com ela. - Lupin mantinha o tom preocupado. - Acho que sei o que está acontecendo.

Por um momento, Sirius sentiu como se seu chão fosse arrancado dos seus pés. Nem ele sabia o que estava acontecendo, tudo bem que Lupin era mais inteligente, mas nesse caso, Sirius achou injusto.

- Você deve estar achando que eu vou me afastar, ou que vou ser aqueles caras que só porque está com uma garota, não vai mais dar bola para os amigos. - Remo sorri fazendo Sirius se sentir pior ainda. - Mas não se preocupe, eu vou estar aqui sempre, não vou abandonar você, almofadinhas.

- Lupin... - Ele nunca havia visto o garoto tão feliz e falante. - Não é isso... - Sirius estava disposto a admitir para o Lupin o que tanto o incomodava, mas não saía nada da sua boca, nem ele sabia o que o incomodava.

- Então, só pode ser o que eu mais temia... - Os olhos de Lupin pareciam transbordar culpa. - Acha que eu estou com ciúmes da sua amizade recente com a Abby?

Sirius parecia que ia explodir, Lupin mal raciocinava, estava tão feliz que não conseguia enxergar o motivo óbvio do amigo estar mal, nem o próprio Sirius conseguia enxergar isso em si mesmo.

- Acredite, Almofadinhas, eu não tenho problema algum em você ser amigo da Abby, ela realmente parece mal com o seu afastamento. - a informação faz as bochechas de Sirius aquecerem. - Eu confio totalmente em você, e além de tudo, sei que não faz o tipo dela, ela nunca ficaria com você.

Sirius praticamente é acertado com um soco no estômago.

- Eu vou para a aula, não se preocupe, eu estou bem. - Ele da um sorriso amarelo entrando antes que fosse interceptado.

Sirius não conseguia prestar atenção na aula, só pensava no que Lupin o havia dito, não era completamente loucura. Todo mundo em Hogwarts notou a proximidade que Sirius estava da Abby, e também foi notável o afastamento repentino.

Saber que Abby nunca ficaria com ele, havia o magoado. Ela já até o beijou.

Um beijo de piedade. - uma voz maldosa soa na cabeça de Sirius.

Definitivamente havia sido um beijo de piedade.

O professor Orpheus Cahlam, que Sirius julgava um idiota completo, dava uma aula sobre bichos papões, coisa que Sirius havia questionado mil vezes, já que eles já aprenderam sobre isso anos atrás. Sirius odiava esse assunto, odiava bichos papões.

Mas, como Orpheus já havia finalizado os currículo e era simplesmente apaixonado por esse assunto, insistia em repetir sempre que conseguia. Lupin, ao contrário de Sirius, também era fascinado pelo assunto.

A primeira a ser chamada foi Alice Davies, que demorou alguns minutos para se levantar, visto que estava muito ocupada trocando cartinhas com seu namorado tão grudento quanto ela, Frank Longbottom.

O bicho papão de Alice se transformou em um homem com uma garrafa de uísque de fogo nas mãos, que após ela usar o Riddikulus, se transformou em um cavalo colorido e esquisito.

O professor lunático aplaudia a garota enquanto ela voltava e falava algo amoroso para o seu namorado, Sirius revira os olhos.

- Potter, sua vez. - James se levanta confiante com um sorriso de canto fazendo Sirius rir na própria cadeira.

Convencido.

O bicho papão não toma forma alguma, apenas circunda o James como uma névoa preta, a maioria da sala não entendia, pressupunha que o medo dele era o escuro.

Mas os marotos sabiam bem qual era o maior medo de James Potter: a solidão.

Quando James espantou o bicho papão, foi como confetes caindo no chão, e ele deu um suspiro de alívio, logo sua postura confiante havia voltado.

- Sirius Black. - o professor chama, Sirius nega com a cabeça. - Você precisa participar de alguma aula, Black.

- Não dessa.

- Não precisa sentir medo. - o professor tenta fazendo Sirius suspirar de ódio levantando da cadeira.

- Eu não tenho medo de nada. - Garante o moreno.

A sala fica silenciosa, o bicho papão não se transforma em nada por alguns segundos, fazendo todos acreditarem que Sirius Black não tinha medo de nada.

Mas finalmente ele tomou forma, Sirius sente seu sangue gelar quando vê o grifinorio corpulento na sua frente.

O maior medo de Sirius Black era ele mesmo.

O sorriso malvado da cópia apenas o mostrava o que ele mais temia, seu lado ruim, sua maldade, o mostrava como um legítimo Black.

Pedro se levanta da própria cadeira quando vê uma lágrima rolar no rosto de Sirius, se põe na frente dele e do bicho-papão.

A cópia de Sirius agonizava de dor e sangrava, a imagem fez Pedro lacrimejar, mas ele finalmente consegue fazer o que Sirius não conseguiu.

Ele espantou o próprio bicho papão.

- Riddikulus! - Rabicho diz fazendo o Sirius de mentira murchar como um balão e virar vários passarinhos.

Sirius sai da sala envergonhado, corre pelos corredores de Hogwarts até a torre de astronomia, senta no chão e põe todo o choro que tinha guardado para fora.

Ele odiava chorar, mas era um mal necessário naquele momento.

Uma borboleta despertou a atenção dele, o rodeava, não era uma borboleta de verdade, era um patrono. Assim que ele se deu conta, vira seu olhar para trás e lá estava ela.

O patrono de Abby continuava a rodopiar perto do rosto de Sirius enquanto ele apenas a encarava magoado. A garota da um sorriso bondoso para ele.

E finalmente, ele percebeu, ela era tudo o que Sirius Black tentava a duras penas ser, Abigail Parsons era naturalmente bondosa.