"Proposta"

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A mansão Parsons, em Wiltshire, Inglaterra, nunca esteve tão desconfortável para todos os moradores quanto naquela tarde quente, que o sol invadia as cortinas claras e iluminava o local agitado.

O pai de Abigail, o doutor Albert Parsons, ainda encarava Sirius sentado no grande sofá branco ao lado de sua filha, que brincava com os próprios dedos em sinal de nervosismo.

- Bom, você pode ficar no quarto de hóspedes, é bem iluminado, arejado e... - A madrasta da Abby falava alegremente, mas foi interrompida.

- Bem ao lado do quarto da Abigail. - Constata o homem. - Não será possível, sei bem o que vocês garotos têm na cabeça, dormirá exatamente onde os namorados da Abigail dormem: o porão.

- Pai! - Abby protesta, mas Sirius apenas sorri de canto.

- Essa casa não é um hotel, nem um lar de caridade. - Lucy, a madrasta, cora de vergonha das falas que nem são suas.

- Se o senhor acredita que a minha intenção é ser sustentado de alguma forma pelo seu dinheiro, está redondamente enganado. - Sirius fica de pé. - Eu não aceitaria caridade de qualquer forma, tenho uma proposta para o senhor, caso negue, eu sairei por aquela porta e nunca mais me verá.

- Sou todo ouvidos. - o doutor se inclina na sua cadeira, prestando mais atenção no moreno que ele julgava perigosamente audacioso.

- Sirius... Eu já disse que isso não é necessário, ele nem iria aceitar de qualquer maneira. - Abby tenta impedir o garoto, sabia como o seu pai odiava que o confrontassem.

- Deixe-o falar. - O senhor Parsons insiste, agora estava até curioso.

Abby se afasta de Sirius quando Lucy segura nos ombros tencionados dela, assim que a sola do tênis de Abigail encosta no chão novamente, o Black inicia:

- Me dê o emprego de seu ajudante, um faz tudo... - o homem iria negar, mas Sirius continua falando se o dar o mínimo espaço para discordar. - eu cuido do seu jardim, de tudo da casa, sou forte o suficiente para defender a sua família caso algo aconteça, e principalmente, sou barato, aceito como pagamento a estadia no porão e comida, não são necessárias nem as 3 refeições, até uma já está de bom tamanho.

- Você não precisa fazer isso. - Lucy tenta docemente, mas Sirius nega com a cabeça para a moça.

- Eu já tenho empregados demais, garoto. - O pai da Abby responde depois de uma longa pausa.

- E ainda assim seu jardim está destruído, alguns bocais no teto não têm lâmpada alguma, uma goteira irritante na pia e alguns móveis que precisam de reparos. - Sirius rebate analisando a grande casa, ele havia exagerado um pouco, a maioria dos móveis tinham cores claras e sóbrias, os objetos carregavam consigo um ar clássico.

Lucy aperta os lábios para conter uma risadinha, Abby intercalava o olhar entre os dois, como se algo fosse explodir a qualquer momento, só era necessário mais uma faísca.

- Tudo bem, garoto, você me convenceu. - diz dando o braço a torcer, Abby não via isso com muita facilidade, por isso, seus olhos se arregalaram.

- Fico feliz. - Sirius estende a mão com formalidade e o homem aperta seriamente, fechando o contrato verbal.

Abby poderia jurar que havia visto relance de felicidade no rosto do homem, mas o conhecendo, achava impossível.

- Então, Abby irá mostrar os seus aposentos, estaremos aqui em cima, os esperando para o jantar. - Lucy fala com a sua típica doçura e Sirius sorri de leve.

O pai de Abby coloca a sua bengala na entrada que dava para a cozinha, com o intuito de impedir a passagem dos dois jovens, suas sobrancelhas grossas arquearam-se de leve.

- Onde pensam que vão? Eu ainda não terminei, sentem-se os dois, eu vou dizer as regras da casa dos Parsons.

- Céus! - Lucy exclama com a testa apoiada nos dedos de uma mão, expressando a vergonha que sentia.

- Pai, não é necessário, eu já disse que o Sirius não é o meu namorado, as regras não precisam ser recitadas.

- Todo cuidado é pouco. - o homem aponta para o sofá, onde Sirius se sentava espaçoso, coisa que fez o mais velho torcer o nariz.

Abby sentou-se logo ao seu lado novamente, fazia algum tempo que não ficava tão próxima assim de Sirius Black, e ele ainda emanava a mesma onda de calor do seu corpo forte.

- Nada de bebidas, nada de drogas, nada de festinhas, nada de sexo, nada de beijos, nada de toques, nada de conversinhas íntimas, e principalmente, nada de sexo! - O homem diz como se aquilo fosse uma lei.

- Ele é tão espirituoso. - Sirius sussurra para a garota.

- E nada de magia, apenas em casos de deveres de casa, e quero ser avisado com antecendência do horário de suas prática. - o homem continua. - existe um lugar que você não pode entrar de maneira alguma...

- Aposto que ele fala "sexo" outra vez. - Sussurra Sirius no mesmo segundo que o homem vira de costas.

- O quarto da Abigail, eu não sei se é necessário, mas é sempre bom destacar: nada de sexo! - diz fazendo Abby bufar de vergonha e Sirius sorrir de canto, levantando-se do sofá.

Sirius tremia de excitação ao olhar para Abby de canto, saber que não poderia, só o fazia querer mais, e Abby, que sempre teve uma aversão à essas regras, se sentia tentada a quebrar cada uma delas.

Mas não poderia, caso contrario, Sirius iria para a rua, seria uma confusão apenas por puro capricho seu.

- Eu concordo plenamente com todas elas, e digo que elas ajudam a preservar a imagem de uma casa tão nobre quanto a sua. - Sirius pega o seu malão com o símbolo de Hogwarts. - E para provar que respeito as suas regras, visto que poderia facilmente fazê-la flutuar, a pegarei com as minhas próprias mãos.

Sirius levava o objeto simulando estar fazendo força para segura-lo, enquanto ele levitava bem ao seu lado e seguindo os seus passos.

- Bom, existe uma regra que não foi mencionada pelo meu esposo: as refeições têm um horário correto, caso se atrase, sua presença à mesa não é bem aceita.

Abby seguiu sorrateiramente o garoto até o porão, Sirius desfazia as suas malas desajeitadamente, colocando suas vestes no pequeno armário ali.

- Era aqui que o Zhao dormia quando a visitava? - Sirius diz ao sentir o perfume dela invadindo as suas narinas.

- Era bem pior, na verdade, um dia nós dois organizamos para que isso ficasse parecido com um quarto. - Abby se aproximava tirando o sobretudo de lã. - Papai odiava o Conor.

- Bom, acho que temos isso em comum. - Sirius constata divertido fazendo Abby o dar um empurrãozinho. - Vocês o traumatizaram transando no quarto dele, ou algo assim?

- O que? - Abby parecia confusa.

- Vocês fizeram algo para ele ser tão contra o sexo? - pergunta curioso.

- As regras dele são estupidas. - Abby revira os olhos.

- Eu concordo, são contra tudo que eu adoro, bebidas, drogas, magia, beijos, toques e sexo com você, não necessariamente nessa ordem. - Sorri malicioso sem olhar para a garota que corava nas suas costas. - mas você ainda não respondeu a minha pergunta: vocês fizeram alguma coisa aqui?

- Não, tentamos, mas é impossível fazer algo nessa casa, sempre tem pessoas por perto. - Abby constata.

- Isso é uma provocação? - ele vira-se para encarar a morena.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Where stories live. Discover now