SPOTTED: Behind the Gossip (...

By naymeestwick

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Uma fanfic sobre a vida real nos bastidores de Gossip Girl. Ed Westwick e Leighton Meester de um jeito que vo... More

Before the reading
Prólogo - Welcome to New York
Capítulo 1 - With me
Capítulo 2 - Girls just wanna have fun!
Capítulo 3 - Bad News, Meester
Capítulo 4 - Lose all control (Parte 1)
Capítulo 5 - Our first time
Capítulo 6- Lose all control (parte 2)
Capítulo 7 - Entitled mine
Capítulo 8 - Elastic heart
Capítulo 9- NYC - Gone, gone
Capítulo 10 - 4 in the morning (versão estendida)
Capítulo 11 - Two is better than one
Capítulo 12 - The words
Capítulo 13 - I can't say THE WORDS because my HEART IS OF STONE
Capítulo 14- Crazy! (Versão estendida)
Capítulo 15- Leighton Meester must fight!
Capítulo 16 - City lights
Capítulo 17- Dangerous woman
Capítulo 18 - All night
Capítulo 19 - Fire meet gasoline*
Capítulo 20 - Trading Time (parte 1)
Capítulo 21 - Trading time (parte 2)
Capítulo 22 - Run away
Capítulo 23- Help!
Capítulo 24- Dark Night
Capítulo 25- Unwritten
Capítulo 26- The Meester Hit Project
Capítulo 27- Photograph (versão estendida)
Capítulo 28 - Only thing I ever get for Christmas*
Capítulo 29- Remember the daze
Capítulo 30 - Shut up and drive*
Capítulo 31 - Prom Queen
Capítulo 32- We are stars
Capítulo 33 - Empire State of Mind
Capítulo 34 - Sweet
Capítulo 35 - She will be loved
Capítulo 36 - Hurricane
Capítulo 37 - Hurts like heaven
Capítulo 38 - Hurts good
Capítulo 39 - Hurts so good!
Capítulo 40 - Your love is a drug*
Capítulo 41 - Pillowtalk
Capítulo 42 - New York's best kept secret
Capítulo 43- I knew you were trouble
Capítulo 44- Do I wanna know?
Capítulo 45- Serendipity
Capítulo 46 - Happy (blackest) day!
Capítulo 47 - I see you (versão estendida)
Capítulo 48 - Someone New
Capítulo 49 - Dive
Capítulo 50 - The ice is getting thinner
Capítulo 51 - Gravity
Capítulo 52 - Good girls go bad
Capítulo 53 - Lost in reality
Capítulo 54 - Lust for life *
nota de esclarecimento
Capítulo 55 - Stay or leave
Capítulo 56 - No new tale to tell
Capítulo 58 - New York, I love you but you're bringing me down
Capítulo 59 - Burn the pages
Capítulo 60 - Beautiful people, beautiful problems
Capítulo 61 - Back to you
Capítulo 62 - Broken arrow (versão estendida)
Capítulo 63 - Blue afternoon
Capítulo 64 - Die for you
Capítulo 65 - Radar
Capítulo 66 - Flesh without blood
Capítulo 67 - Rose-colored boy

Capítulo 57 - Send my love to your new lover

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By naymeestwick

Tradução: Mande lembranças para o seu novo amor.

This was all you, none of it me. You put your hands on, on my body and told me. You told me you were ready for the big one, for the big jump. I'd be your last love everlasting, you and me. That was what you told me. I'm giving you up
I've forgiven it all. You set me free.
Send my love to your new lover
Treat her better. We've gotta let go of all of our ghosts. If you're ready, I am ready. We both know we ain't kids no more. // Isso foi tudo você, nada disso fui eu. Você colocou suas mãos no meu corpo e disse que estava pronto para o grande, para o grande salto. Eu seria o seu último amor eterno, você e eu. Isso foi o que você me disse. Estou desistindo de você. Estou perdoando tudo. Você me libertou. Envie meu amor para a sua nova amada. Trate-a melhor
Tenho que me libertar de todos os nossos fantasmas. Nós dois sabemos que não somos mais crianças. Envie meu amor para a sua nova amada. Trate-a melhor. Tenho que me libertar de todos os nossos fantasmas. Se você está pronto, eu estou pronta. Nós dois sabemos que não somos mais crianças.

(Adele, Send my love to your new lover

🎬🎬🎬

n/a inicial: Oi, meus amores. Chegou aquele capítulo enorme que vocês estavam esperando. Confesso que ele foi, particularmente, difícil de fazer, uma vez que ele é baseado completamente em fatos. Mas foi feito com muito cuidado e atenção. Por isso, espero que vocês possam dar aquela forcinha com comentários e muitos votos para a história atingir a meta de cada capítulo e eu poder postar mais frequentemente 🙌🏻
Boa leitura!

🎬🎬🎬

Acatando à ordem de Blake, aprontei-me rapidamente, desejando que a nova linha Dior de maquiagem escondesse todos os resquícios de tristeza, agonia ou sofrimento em meu rosto.

O vestido Carolina Herrera de linho escolhido por Blake era, no mínimo, intenso e com certeza ajudaria a maquiagem a fazer o efeito ilusório que eu queria causar.

Ponderei sobre usar saltos, já que a festa ocorreria a poucas quadras do meu prédio, e eu caminharia até lá. Optei por finalizar a composição com botas de cano longo e uma jaqueta de couro sintético.

Dei uma última conferida no visual pelo espelho da sala e sorri para o que vi. Jack me observou com aqueles olhinhos pidões e eu logo percebi o que ele queria.

— Vem, meu amor. Vou preparar um jantar super especial para você, porque não sei a que horas estarei de volta e quero garantir que você estará satisfeito por aqui quando eu chegar.

Ele correu em minha direção ao perceber que eu me movia para a dispensa, abanando o rabinho e mantendo as orelhas atentas ao ouvir sua ração favorita ser despejada no pote.

Enquanto o observava se deliciar com todos aqueles cereais, pensava no que fazer quando eu chegasse à festa para a qual eu não fui convidada. Precisava manter a calma e focar no que realmente importava: o perdão. Em minha mente, as palavras certas rodavam feito uma cena de filme. Só me restava seguir aquele roteiro à risca para chegar ao resultado desejado: a liberdade.

Depois de um último check out, segui em direção à entrada.

Ao abrir a porta, meu coração disparou. Uma visita inesperada: Sebastian estava atrás dela com um visual de tirar o fôlego, mesmo estando de calça jeans e uma t-shirt preta, que dava a visão perfeita dos bíceps bem definidos.

Ele abriu um sorriso majestoso ao me ver e eu mordi os lábios em resposta. Ele tinha aquele olhar de luxúria para mim sempre que me via e, por mais que eu sempre o repreendesse por isso, não podia negar que adorava.

Eu normalmente o perguntaria o que ele fazia ali, mas depois do que tivemos na noite de Ações de Graças, após nos encontrarmos na festa em que ambos havíamos sido convidados a participar, não havia dúvidas de que todos os sinais estavam verdes para nós.

Sebastian era leve, divertido e simpático. Era fácil esquecer de meus dramas quando estávamos juntos. E a melhor parte em tudo isso era que não existia nenhum tipo de cobrança.

Nós bebemos até passar da conta, rimos alto enquanto falávamos de nossas patéticas vidas de celebridade e, quando ficamos de saco cheio de tudo isso, transamos no banheiro de um desconhecido. Tão clichê e excitante ao mesmo tempo que, dessa vez, eu não conseguiria esquecer.

Tudo teria sido perfeito, se aquela noite não tivesse terminado em uma conversa esquisita sobre "oficializar o que temos". Desde então, tenho ignorado seus telefonemas e evitado a sua presença a todo o custo, agradecendo todos os dias aos céus por ele não ter fixado moradia em Nova York.

Era assim que as coisas boas da vida tinham fim.

— Oi, linda.

— Você já pode parar de me olhar como se você estivesse prestes a me comer. — Falei, séria, cruzando os braços.

— Isso vai depender de você, gata!

Me desarmei, projetando uma expressão mais leve. Depois de muito lidar com aquelas cantadas fajutas, comecei a compreender que tudo não passava de pura atuação. Ele gostava de marcar presença.

— O que temos para hoje? — Ele continuou — Não vai me dizer que isso tudo foi por pura intuição. — Ele disse, referindo-se ao meu visual. — Você sabia que eu vinha, não é? — Ao falar, se aproximou, envolvendo minha cintura com suas mãos grandes e inclinou-se para beijar-me. Mas virei o rosto rapidamente, oferecendo-lhe a face.

Ele sorriu, transformando sua expressão séria em lindas covinhas. Ele sabia que meu humor oscilava mais do que as ondas do mar. Apesar de tudo que estávamos vivendo juntos, ainda não me sentia cem por cento à vontade em cumprimentá-lo com um beijo sempre que nos víamos. Esse tipo de atitude implicaria em compromissos ainda maiores que eu ainda não estava pronta para assumir.

Me afastei um pouco e, incapaz de dispensá-lo, confessei:

— Não é porque eu adivinhei que você viria que eu me arrumei desse jeito. O tal do Westwick está dando uma festinha e não fomos convidados.

Sebastian deu uma risada divertida, estendendo o braço para mim, ignorando o latido estridente de Jack.

— Gatinha, esse é o meu tipo de festa! — Se animou, como se tivesse acabado de receber um convite VIP.

— Se você me chamar de gatinha novamente, eu juro que te lanço daqui de cima! — Eu não estava brincando.

Aceitei o braço que me ofereceu e juntos cruzamos a porta.

Ele inclinou-se um pouco para trás, soltando uma gargalhada divertida.

— Você consegue ficar ainda mais gata quando está irritada. — Declarou enquanto eu travava a porta.

— Deve ser por isso que estou sempre gata, não é, Sebas?! Você vive para me tirar do sério! — Retruquei.

Ele sorriu de leve e apertou o botão do elevador, sem esperar nem um segundo sequer para me tomar pela cintura e depositar um beijo demorado no canto esquerdo de minha boca. Fechei os olhos, respirando devagar. Precisava retomar o controle. Por que ele tinha que jogar tão sujo?

— Vivo para tirar outras coisas também, senhorita Meester.

Ai meu Deus!

Com este bombardeio aéreo, ele me deixou e adentrou o elevador, deixando-me com as mãos e os pés atados.

Ele tinha esse hábito de chegar, sacudir meu mundo e, depois, me deixar completamente confusa.

🎬🎬🎬

Blake não estava exagerando quando disse que a festa era a passos do meu condomínio. Ed gostava de atacar bem de perto.

Assim como o prometido, ela estava esperando por mim na entrada do prédio, conversando animadamente com algumas pessoas que eu nunca havia visto antes.

Pela movimentação no andar de cima, notei que a festa acontecia ali mesmo, entre o térreo e o primeiro andar, em um apart-estúdio que, na verdade, funcionava como um bar.

Cumprimentei Blake e todas as pessoas que ela nos apresentou.

Ao finalizarmos, ela lançou um olhar indelicado para mim e eu logo imaginei que pudesse ser pela minha companhia.

— Sebastian, pode nos dar licença por um minuto? — Ela disse sem rodeios, já me puxando para um outro canto pelo braço.

— Claro! — Ele respondeu calmamente.

— Leigh, o que você tem na cabeça? Quer provocar um crime? O que esse cara está fazendo aqui? — Ela falava alto e eu me preocupava com as pessoas ao redor.

— Ele apareceu na minha porta. O que você queria que eu fizesse? Além disso, não foi você que disse que eu deveria encarar os fatos e ficar com outra pessoa quando estávamos trabalhando nos Hamptons?

Ela parou por um instante e estudou-me, parecendo analisar toda a situação. De repente, sua expressão suavizou-se e deu lugar a um sorriso tímido.

— Não sei... — Ela mordeu o polegar — Eu também ficaria em uma situação embaraçosa. E eu lembro do que eu disse. Mas você também deve ter se esquecido que, para você se sentir bem com qualquer pessoa, precisa eliminar o que te faz mal. O que aconteceu com o nosso combinado? Você veio aqui pelo Ed. Imagina como ele vai ficar quando vir o Sebastian aqui?

Concordei com a cabeça, dando a ela razão. Ela tinha toda a razão. Como não pensei nisso antes? Se eu continuasse  jogando com o Ed, eu nunca teria minha liberdade.

— Agora, você tem que tratar de fazer ele desaparecer! O Ed já sabe que você vem. — Ela completou, enquanto olhava para os lados, parecendo procurar alguém.

— Ah, sabe? — Ergui uma sobrancelha, achando graça. — Me adimira que não tenha me mandado embora ou, melhor, pedido para aquela idiota da Jessica fazer isso por ele. — Cruzei os braços com um olhar desafiador e, em seguida, girei os olhos pelo hall assim como ela.

— Leighton, o que eu falei pra você hoje? Você é superior a ela! Caso contrário, ela não faria tanta questão de te derrubar para conseguir chegar próximo ao seu nível. E por falar nisso, ela nem está aqui.

— Como não? Ela não perderia a chance de bancar a primeira dama da festa por nada nesse mundo.

— Talvez ela não seja nada disso. O que prova que eu estou certa e você, errada. — Ela tinha aquele mesmo maldito sorriso sarcástico que me fazia querer matá-la.

— Eu não estou errada. Ela vai aparecer por aqui, você vai ver! — Estava aflita, falando sem olhá-la nos olhos e estalando os nós dos dedos.

— Leigh, essa festa nem é dele.

— Não? — Perguntei em completo estado de espanto.

— Não! Era uma festa surpresa para um amigo dos meninos. Até eu caí nessa. Segundo eles, eu daria com a língua nos dentes mesmo sem conhecer pessoalmente o cara. — Ela deu de ombros como se aquela fosse a maior mentira já contada.

— Eu não duvido nada. — Respondi.

Ela deu uma risadinha sem graça e caminhou para dentro, me puxando. Assim que passamos pela entrada, avistei Sebastian. Meu coração foi até a boca.

— Agora você vê se livra de encosto gato, enquanto eu preparo o terreno lá em cima. — Ela ordenou.

Apenas balancei a cabeça pelo fato de estarmos próximas demais para eu não querer que ele ouvisse minha resposta.

🎬🎬🎬

Subi rapidamente e, assim como o combinado, tratei de afastar Sebastian por alguns minutos. Pedi para que ele conseguisse um drink preparado para mim e lhe passei uma série de recomendações.

Assim que ele se virou, me meti entre as pessoas e não demorou muito até que o encontrasse. Ed era o cara de camisa preta. Uma linda camisa preta. Ele estava lindo também. Seus cabelos crescidos estavam perfeitamente desarrumados e seu estilo despojado de se comportar, me fazer quer sair correndo para ele.

Sem dar a mim mesma o tempo de que precisava para respirar e pensar, caminhei em sua direção. Ele estava em uma roda de amigos, sorrindo e jogando conversa for a com gestos animados. Litros de bebidas e maços de cigarro rolando no meio deles.

Pude ouvir algumas risadinhas e insinuações quando cheguei ao seu círculo de amigos e chamei-o com ar sério.

O olhar fulminante de Ed atravessou-me quando me aproximei dele e expliquei que precisávamos conversar.

Todos eles, sem exceção, se viraram para me observar de cima a baixo, reagindo de maneira totalmente contrária a reação dele. Não demorou muito até que ele assumisse sua postura dominante e me arrastasse para longe dali.

Só paramos quando adentramos um cômodo que parecia ter funcionado como cozinha equanto o imóvel era utilizado como apartamento. A porta estava fechada e o lugar, completamente vazio, com exceção da mobília embutida e alguns eletrodomésticos como fogão, forno elétrico etc.

— Leighton, eu vou ser direto. O que faz aqui? Não a convidamos. Você nem conhece o Max.

— E eu vou ser ainda mais direta. Precisamos resolver a nossa situação.

— Eu não acho que esse seja um bom momento.

— Pois eu acho que sim. Esse é o momento perfeito. Além disso, se você não quer falar comigo, por que me trouxe até aqui? Por favor, Ed. Não me faça implorar!

— Isso é algo que eu adoraria ver. No entanto, não estou interessado. Eu só a trouxe aqui porque odeio quando te observam com luxúria. Não se faça de sonsa. Agora, por favor, se me der licença...

Consegui soltar uma risada sarcástica antes de continuar a falar.

— Eu já sei qual é o seu problema. É sobre aquele dia, não é? Eu não fui encontrá-lo como o combinado e sei que você deve estar chateado comigo, mas tive um compromisso. — Respirei fundo, decidindo dar a ele a chance de falar primeiro, mas ele não disse nada. — Como seu pai está agora?

— Isso não importa mais. E se quiser saber, eu não fiquei esperando. — Ele cruzou os braços e comprimiu os lábios, se fechando ainda mais em seu mundinho particular.

— Ed, por favor. — Me aproximei e ele me reprimiu com os olhos.

— Eu sei que você não veio aqui para perguntar isso. Se você estivesse estivesse realmente interessada, teria ido me encontrar. Você já furou com grandes nomes antes e sempre consegue resolver tudo do seu jeito no final.

— Ed, não começa, tá legal? Eu tive um dia cheio. Não quero e não vim aqui para iniciar uma discussão.

— Eu percebi. — Ele girou os olhos como eu costumava fazer. Achei graça, mas mantive-me séria por fora.

— Ed! Você me trata com total indiferença sempre que me vê e ainda espera que eu coloque você a frente do meu trabalho, depois de tudo que aconteceu entre nós?

— Não era sobre nós, Leighton. Era importante e eu não tinha com quem falar. — Sua voz soou fraca. Pela primeira vez, meu coração apertou. Me coloquei em seu lugar e lembrei da situação que eu estava vivendo. Como eu gostaria de tê-lo em minha vida nesses momentos! Agora, eu nao conseguia mais confiar em ninguém.

— Me desculpa, Ed. Eu não sabia...

— Como eu disse, não importa mais. — Ele falou, dando o assunto por encerrado. — Agora me diz. Já que insiste tanto em falar, fale de uma vez. O que faz aqui?

— Vim para pedir perdão. Mas como você mesmo disse, agora não importa mais. — Olhei diretamente em seus olhos antes de girar os calcanhares e me mover para fora dali.

Três segundos depois, sua mão estava sobre o meu ombro, fazendo todo meu corpo reagir ao seu toque.

— Leighton. — Ele me girou pelo braço e nossos olhos se encontraram. Foi impossível resistir. Quando ele se aproximou e tocou meus lábios docemente, desejei que ele fosse mais a fundo e me beijasse com intensidade. Mas ele não o fez e, ao se afastar, eu me odiei por ter imaginado como seria sentir seu beijo novamente.

— Ed... — Afastei-me a contragosto.

— É por isso que você está aqui? Você ainda sente algo por mim? — Ele insistiu, mantendo seus olhos sobre os meus com extrema doçura. Havia tanta coisa me ocorrendo naquele momento que eu mal sabia por onde começar. Minha vontade era desabar em seus braços, apenas deixando minhas lágrimas falarem por mim. Queria seu abraço, suas mãos sobre as minhas e ouvi-lo dizer que tudo ia ficar bem com aquele seu sotaque britânico que me tirava o chão e me levava ao céu.

Queria, queria, queria. Apenas queria... Eu sabia por onde começar a falar.

— Não. — Respondi firme.

Em uma reação instantânea, ele me soltou e, bufando, caminhou para longe de mim. A distância me quebrou. O medo de vê-lo, novamente, se afundando em um mundo particular, ao qual eu não tinha acesso, me deixou em pânico.

— Na verdade, Blake me forçou a vir. — Disparei quando ele tocou a maçaneta. Ele, então, resistiu ao ímpeto e parou de se mover. Parecia interessado em ouvir e isso me encorajava a continuar. — E agora estou aqui, na sua frente, sem saber o que dizer ou por onde começar, o que é uma loucura, porque eu sempre sei o que dizer. E eu meio que estou fazendo esse jogo de adivinhação, esperando que você consiga me compreender, quando tudo que eu mais quero é cavar um buraco bem ali. Eu só... — Respirei fundo, sentindo-me sem forças, após expor tudo que havia em minha mente, ainda que não fosse o suficiente para responder sua pergunta lá no começo da conversa.

— Por que você não fala de uma vez? — Ele perguntou mais uma vez em tom mais sério. Com medo de vacilar, saí do alcance de seus olhos e comecei a caminhar pela cozinha.

— Quando você me beijou naquela noite, há um ano atrás, enquanto gravávamos dentro da limusine... — Fiz uma pausa reunindo coragem para falar o que estava prestes a ser dito. Ele me analisava atentamente, encostado sobre a mármore da ilha no centro do cômodo. — Eu nunca senti emoções como aquelas antes. Eu... eu evito relacionamentos porque eu não posso contar com eles ou controlá-los. Quero dizer... Eu construí minha vida inteira contando com a única coisa que eu não posso controlar, que é a minha carreira. E fiz isso com muito esforço. Sem poder contar verdadeiramente com alguém que me apoiasse apenas pelo fato de querer estar ao meu lado. E, então, você apareceu, me fazendo perder toda a imunidade. Eu resisti a você! Ed, resistir a você foi tudo que eu fiz durante todos esses meses. E, ao contrário do que você pensa, não foi por falta de amor. Deus, Ed! Eu amo você desde o dia que você apareceu naquela cafeteria! Mas eu resisti porque eu tinha medo de perder o meu verdadeiro eu em você.

Ao deixar que a última palavra escapasse da minha boca, levei as duas mãos ao rosto e pressionei os olhos, querendo chorar. Ed estava tão estatelado e sem expressão que chegava a ser desesperador. Deus, eu queria gritar!

Eu não planejei nada daquilo, mas depois de tanto tempo pensando em como aquele momento seria, dizer a verdade nunca pareceu tão sensato e necessário.

Como eu me libertaria sem desatar os nós? Como eu desataria os nós sem atá-los um pouco mais para encontrar o caminho até a solução?

No exato momento em que ambos estávamos prontos para dizer algo e destruir aquele clima de tensão que se instalou entre nós, um barulho na porta chamou a nossa atenção e nos viramos ao mesmo tempo para olhar.

Droga! Mil vezes droga!

— Achei que nunca fosse encontrar você, linda. — Sebastian declarou logo assim que me viu.

— Você já perdeu o seu verdadeiro eu, Leigh. — Ed disparou, levando rapidamente um cigarro aos lábios finos e o acendeu — E eu não tenho parte alguma nisso. — Ele concluiu, soltando uma grande quantidade de fumaça sobre mim e moveu-se em direção à porta, deixando-me a abanar a mão no ar para afastar a nuvem que se formou.

Senti a pancada degolar meu estômago naquele instante. Eu não planejei dizer nada daquilo e não acreditava que tinha feito. Eu fui aberta e honesta com Ed pela primeira vez na vida e ele simplesmente... me ignorou.

Sebastian entrou sem pedir licença ou se importar com o fato de estarmos ali. Parecia bem humorado e ignorou por completo a presença de Ed ao vir diretamente até mim.

Eu mal olhei para ele, só conseguia acompanhar Ed com um olhar que implorava por ele para que compreendesse e me perdoasse ou nada daquilo teria valido à pena.

— Ed, nós estamos conversando! — Falei em tom autoritário.

Ed não respondeu. No entanto, como quem desafia o perigo, apoiou-se na parede da entrada e apenas continuou a tragar, fazendo uma camada espessa de fumaça se formar no ar. Bufei, irritada, e voltei minha atenção para Sebastian, que parecia estar escondendo algo, e aquilo não me agradava.

— Acho que ele não quer falar mais. Tudo bem por aqui, linda? — Sebastian perguntou pousando uma mão sobre as minhas costas.

Afirmei com um aceno, forçando um sorriso para ele sem deixar de observar Ed de soslaio.

— Está sim.

— Ótimo. Tenho algo aqui que você vai adorar. — Respirei mais aliviada, porém ainda tensa o suficiente para sentir minha cabeça entrando em erupção.

— Me deem licença, os dois. — Ed finalmente teve alguma reação.

— Não, Westwick. Você também vai gostar de saber. — Sebastian declarou, deixando nós dois atônitos. Ed não teve outra escolha senão ficar e observar, recostado à porta com o mais sarcástico dos sorrisos.

— Adivinha o que tenho aqui?! — Sebastian continuou, estendendo uma sacola branca grande e adornada com um belo laço dourado. Encarei o pacote por um momento, questionando-me sobre o que aquilo significava. — Abra, Leighton Meester. É meu presente de natal antecipado.

Tomei a sacola e abri devagar, desconcentrando-me completamente de Ed. Dentro, havia um envelope branco, perfeitamente bem selado, que logo me chamou à atenção pela logotipo impressa em cores vibrantes. Levei uma mão à boca, impressionada.

— Lembra quando fomos àquela gravadora, pois eu queria que você conhecesse um amigo meu? — Fiz que sim com a cabeça. Me recordava bem. Foi logo em nosso primeiro encontro sóbrios. — Eu contei a ele sobre sua vontade de iniciar sua carreira como cantora e adivinha... Eles vão lançar o seu disco! Tudo que você precisa fazer é assinar este contrato para darem início às reuniões.

— Sebastian, isso não pode ser possível. Eu... eu... — Incapaz de dizer algo a mais, abri um largo sorriso e expressei toda a minha felicidade com um singelo agradecimento: — Obrigada, Sebas. Nunca imaginei que alguém pudesse fazer algo tão incrível por mim!

Em resposta, Sebastian me segurou pela cintura e me puxou para si, colando nossos lábios em um beijo rápido.

Ao fechar os olhos, me lembrei dele, a única pessoa com quem eu desejava comemorar esse feito. Ed adoraria saber que meu sonho se realizaria de alguma forma. Pensar nele me causou o súbito impulso de me afastar e procurá-lo com os olhos no lugar onde ele se encontrava há segundos atrás.

Droga! Aquela cena devia ter sido demais para ele. No lugar dele, eu teria reagido de maneira pior.

Sebastian notou que eu fiquei chateada com aquele clima odioso entre Ed, ele e eu. Mesmo sabendo que tínhamos um passado, Sebastian sempre procurou respeitar essa parte tão mal resolvida da minha vida e ele sempre sabia quando a influência de Ed sobre mim era maior do que a minha perseverança.

— Você está bem? — Perguntou enquanto acariciava meu ombro por cima da alça do vestido.

— Estou. Estou sim. — Forcei um sorriso, me obrigando a acreditar no que eu dizia.

— Então, foi por isso que viemos aqui?

— Não! — Menti — Lógico que não. Isso foi... apenas uma casualidade. — Respirei fundo para conter as lágrimas.

— Tem certeza? — Insistiu — Não foi o que pareceu! — Ele não parecia irritado, mas no fundo eu sabia que aquela situação era extremamente incômoda.

— É claro que eu tenho! — Mostrei-me alterada — Eu só... Eu... — Fitei-no e notei que ele me estudava com bastante precisão.

— Leigh, eu já disse que você pode se abrir quando estiver a fim. Estou aqui para ouvir você. — Ele me encorajou, alisando novamente meus ombros. Ele me olhava nos olhos com bastante segurança e eu sentia mesmo que podia confiar.

— Tudo bem. Você está certo. — Me rendi — Eu vim para dar um fim nisso. Mas ele não quis nem saber! É tão egoísta que mal conseguiu mostrar-se feliz por mim. E eu preocupada com os sentimentos dele... Que tola!

— Não se preocupa com ele, linda. Agora você tem um mundo inteiro de possibilidades aberto para você e, de quebra, ainda tem a mim. Você tem tudo e pode ter ainda mais ao meu lado. Se você quiser, é claro.

Em um movimento rápido, me afastei, dando alguns passos para trás. Em seguida, me apoiei sobre a ilha da cozinha e fiquei ali, tentando respirar com toda aquela pressão sobre meus pulmões.

Ele se aproximou logo em seguida.

— Sebas, o que conversamos sobre compromissos?

— Você fez uma aposta, não lembra? Disse que duvidava que eu conseguisse um contrato para você e eu duvidei que você se tornasse minha namorada.

— Isso não conta. Eu estava bêbada e fora de mim àquela altura.

— Esse é o momento em que as pessoas são mais genuínas, sabia? Leigh, qual é... Eu sei o que disse sobre relacionamentos, mas com você é diferente. Eu odeio estar com você e não poder te chamar de minha. Eu só quero ficar com você, Leighton!

— Sebastian, eu... — Abracei o meu próprio corpo em uma reação defensiva — Isso veio totalmente do nada. Não dá para decidir de uma hora para a outra. Será que posso pensar sobre isso, mais precisamente quando eu estiver 100% calma?

Ele sorriu compreensivo e segurou minha mão.

— Só não me deixe esperando tanto tempo por um "não" do qual você se arrependerá pelo resto da sua vida, gatinha.

— Isso é algum tipo de intimação? — Instiguei, arqueando um pouco a sobrancelha esquerda e senti até um pouco de vontade de rir. Era estranho, mas eu sentia que estava mesmo começando a gostar daquele idiota com brilhantes olhos azuis.

— De maneira nenhuma, senhorita. Apenas reforçando a minha campanha pessoal: "Stan para o melhor namorado do mundo."

— Sebas... — Murmurei, sentindo-me fraca para contra-argumentos.

— Leigh, você só precisa observar o quanto nos divertimos juntos. Não é preciso pensar muito para decidir o que será melhor para você. — Dei um meio sorriso em resposta — Apenas, pense nisso.

— Você acha que isso é suficiente? Se divertir? Eu me divirto bastante com os meus amigos. — Retruquei, sentindo-me um pouco petulante.

— Não. Eu sei que meu discurso não é nem um pouco convincente e também sei que eu não sou o cara mais indicado para ficar com você. Mas eu tenho certeza de que nunca me senti assim antes. Eu sou sempre desapegado, fujo de compromissos mais até do que o diabo foge da cruz e acho que você já deve ter percebido isso. Eu venho de uma família tradicional e cresci sempre sendo regido por muitas regras de conduta. Mas, assim que enxerguei a primeira chance de escapar e conquistar minha independência, eu o fiz. Deixei tudo para trás: a vida luxuosa, as viagens trimestrais, as tradições judaicas e tudo isso porque eu queria viver a minha vida. Queria ser livre. E eu ainda gosto da história que eu criei para mim, ela tem minha assinatura, minha identidade. — Seu discurso prendeu toda a minha atenção. Nunca o havia escutado dizer coisas tão íntimas e sérias. Aquele era um portal para o mundo da confiança mútua. Eu gostava disso.  — Ouça, Meester. Eu já estive com pelo menos 20% das mulheres que estão aqui hoje...

— Vinte por cento? Você só pode estar brincando comigo! — Interrompi, completamente chocada.

— Não estou e posso citar o nome delas para você.

— Eu duvido.

— Já estive com a Monica Schwartz, a Erica Weiss e as gêmeas Dhawan. Também tem a Meg Greenblatt,
Annie Marcus, Karen Surlock e Lisa Carlton. Não posso me esquecer de falar sobre a Stacy Rosen, Ellen Margareth, Julie Yan e Janie Steiner e se você deixar eu vou continuar falando e estragar o nossa conversa tão agradável. — Ele concluiu ao notar a evidente expressão de desagrado em meu rosto. Que tipo de galinha conseguia ficar com tantas mulheres e ainda lembrar-se de seus nomes?

— Isso é assustador. E... nojento! — Foi tudo que consegui dizer, pois me faltavam palavras para descrever tamanho absurdo. Onde ele estava querendo chegar?

— Eu já estive com mulheres muito famosas, mais velhas, mais novas e até completas desconhecidas. Eu já estive em cada bar desta cidade e não houve uma sexta feira à noite que eu tenha passado em casa, vestindo pijamas, pantufas e contando carneirinhos na minha sala de estar. Não... — Ele riu, levantando as duas mãos no ar — Eu não sou esse tipo de cara. Eu gosto da vida suja que levo. Me faz feliz e completo... Ou, pelo menos, fazia.

— Por que, fazia? — Questionei sem conseguir manter a boca fechada.

Ele sorriu galanteador, se aproximando máximo que pôde e segurou firme em minhas mãos, antes de responder:

— Porque a partir do momento em que eu te vi pela primeira vez, no set, mal consegui controlar a respiração. Eu te dei meu telefone e fiquei de pé durante dias e noites, com o telefone em minhas mãos, andando de um lado para o outro, morrendo de medo como um idiota.

Não me ocorreram argumentos naquele momento. Ele estava mesmo se declarando. De verdade. Pra valer. Como um cara normal. Um cara normal que eu nunca imaginei que poderia encontrar naquele cafajeste. E, de uma forma muito curiosa, eu parecia querer saber mais sobre esse cara.

— Pensar em você me fez perceber que estive vagando pelo deserto esse tempo todo. Eu fui espancado. Fui atingido. E a culpa é toda sua! Eu, sinceramente, não faço ideia do que o amor significa, mas eu nunca me senti dessa forma. Quer dizer, seu beijo é mágico e me faz chegar a pensar se essa não é a oportunidade perfeita para fechar o ciclo. E eu tenho pensado nisso, desde o dia em que você me obrigou a sair da sua própria festa com você e, após vomitar no chão do meu carro e nos meus sapatos, adormeceu em meu ombro, enquanto eu dirigia até Beverly Hills. Tentei levar você até sua casa, mas quando eu conseguia fazer contato, tudo que você dizia era que não tinha casa e que não pertencia a lugar nenhum. Por isso, acabei por te acomodar em um hotel em Beverly Hills, por acreditar que você ficaria melhor se pudesse ter uma merecida noite de descanso e depois voltar para casa em segurança. Seja lá onde ela fosse...

— Ei, Sebastian. Calma! — Estendi uma mão em sua direção, tentando processar cada uma das informações que havia acabado de receber. — Então, quer dizer que a gente não...?! — Ele ergueu uma sobrancelha, projetando um olhar esquisito — Quer dizer, eu sei que nós já... Mas eu achei que naquela noite... — Minha incapacidade de completar as últimas sentenças me obrigou a parar de falar e começar a pensar no quanto os últimos meses não haviam passado de uma bela e traiçoeira mentira. Algo dentro de mim sempre soube que nada havia acontecido entre nós, mas a certeza que veio com a declaração de Sebastian foi o suficiente para que eu recuperasse a minha integridade e a fé que eu tinha em mim mesma.

— Não. Leigh. Céus! O que você pensa que eu sou? — Sorri e maneei a cabeça de lado. — Quis deixar um recado e explicar o motivo de você estar naquele lugar, mas eu não sou muito bom com essas coisas. Então eu fiz o que faço melhor: dei o fora e continuei a viver minha vida como se nada tivesse acontecido. Até que eu percebi que era totalmente impossível. Eu não consigo mais parar de pensar em você, Leighton Meester. Me diga, o que devo fazer com isso?

Estudando-o minuciosamente, comecei a analisar o que havia sido dito. Aquele definitivamente não era mais um cara como os outros. Ele era de verdade, era realista e maduro para assumir suas imperfeições. Eu não estava pronta para um novo relacionamento. Não, eu não estava e não pretendia mentir para ele em relação a isso. Sua coragem em admitir que não era tão angelical quanto seus profundos olhos azuis e isso me motivou a ser corajosa e honesta também.

Ainda que eu soubesse que um novo relacionamento não seria uma decisão saudável para a minha vida, eu sentia que algo precisava ser feito para que ciclos se rompessem. Eu estava especialmente cansada de acabar sempre no mesmo lugar com Ed. Eu não queria mais machucá-lo e, principalmente, não queria mais me ferir com aquele jogo de idas e vindas. Era chegada a hora de fazer algo por mim.

— Sebas, eu não prometo te amar e respeitar por toda a vida porque o único futuro com que eu posso contar é aquele que posso definir nas próximas 24 horas e anotar na minha agenda. Mas, se você estiver disposto a jogar o meu jogo, sem cobranças ou adulações, eu posso dizer que você terá boas chances comigo.

— Ainda bem que você mencionou isso, porque eu também acho que o destino é um grande filho da puta. Meu momento é o aqui e o agora. E tudo que eu mais quero, hoje, é aproveitar cada segundo com você.

— Contanto que você não me venha com apelidos, temos um trato. — Estendi a mão direita com a intenção de selar o acordo com um aperto de mão.

— Posso te chamar de amor, então?

— Não. Definitivamente não. Prefiro "gatinha". Soa mais futurístico, não?! — Sorri aliviada por desatar a sensação de nó na garganta que se instalou em mim antes daquela conversa começar.

Sebastian correspondeu com um toque morno que me despertou. Em seguida, puxou-me para si e me envolveu em um beijo profundo. Me rendi ao toque de seus lábios. Ele me atraía e esse fato era inegável. Eu adorava o seu jeito possessivo de me tocar e também a maneira como eu conseguia me sentir incrivelmente imponente ao seu lado. Eu tinha defesas, estava sempre pronta para o ataque e não havia nada que ele pudesse fazer contra mim que conseguisse perfurar a camada grossa do metal que compunha a minha armadura.

Ao fim da sessão de amassos naquele local público, sugeri que ele me levasse a qualquer outro lugar.

Atravessamos o salão principal do enorme estúdio que dava lugar a um bar completamente moderno e aconchegante. Era o tipo de ambiente que fazia você se sentir como se estivesse bebendo doses de tequila na sala da sua casa. Incrível!

Eu caminhava alguns passos à frente de Sebastian e ele me acompanhava sem dizer uma palavra, cumprimentando as pessoas conhecidas que encontravam no caminho e eu me perguntava quantas daquelas mulheres haviam sido mencionadas na conversa que tivemos há pouco.

No entanto, não dava a mínima para isso. Seguia tão alienada a tudo a minha volta que mal conseguia ouvir o que as pessoas falavam ou o som da música que tocava, mesmo estando bem alta. Por sorte, ele respondia por nós dois, quando eu me ausentava em meus devaneios.

Na saída, consegui falar com Blake para me despedir e dizer a ela que seu plano havia transcorrido por água abaixo e esse fato servia para mostrar ao mundo que, como sempre, eu sempre acabava tendo razão. Meu sexto sentido não falhava.

No minuto seguinte, meu celular tocou. Era uma mensagem, de Chace. Estranhei o motivo e logo abri para ler.

De Chace:
B me contou toda a história
Se você quer ter sua vida de volta,
ele está no terceiro andar, quarto 3C
Seja valente, maninha.
Estou orgulhoso de você.

— E aí, está pronta? — Sebastian me despertou pela centésima vez.

— S-sim. Eu só... — Respirei fundo e encarei o celular — Será que você pode me esperar aqui por um segundo? Não vai demorar mais do que isso. Eu prometo.

Antes de obter uma resposta, corri para longe dele, rumo ao que eu julgava ser o certo a se fazer.

Sem pensar duas vezes, corri para as escadas. Era algo que eu tinha que fazer. Era agora ou nunca.

xxx

— Eu sabia que você não ia aguentar a noite toda. — Ele disse logo assim que cruzei a porta. — O que você veio fazer aqui mesmo? Ah, eu já sei. Veio esfregar a porra da sua alegria em estar com o senhor fodão na minha cara, não foi? — Ele tinha indícios de alteração, mas sequer me encarava.

— A mesma coisa que você foi fazer na minha festa! — Provoquei-o, jogando com as armas que eu tinha. Cada palavra era um tiro no desconhecido.

— Está feliz pela sua surpresinha do senhor fodão? — Ele sorriu naturalmente, ignorando meu olhar fuzilador.

Caminhei até próximo aonde ele estava sentado. Eu queria que aquele assunto fosse tratado frente a frente. Mas sem recaídas dessa vez.

— Qual é o seu plano, Ed? Por que você ainda joga comigo?

— Se você está falando sobre a minha presença na sua festa, eu só fui porque fui convidado.

— Você não foi convidado! A Katrina e a Blake armaram sem eu saber, mas minha vontade era te expulsar de lá junto com aquela vigarista que você está carregando a tiracolo para cima e para baixo. Já não foi humilhação suficiente você sair do país com ela na manhã seguinte à noite que passamos juntos?

— O que você está querendo exigir? Eu fui a vítima aqui. Ou você acha que eu não sei que você me usou para esquecer seu ex? — Acendendo um cigarro, ele sorriu maquiavélico — Quando você viu que eu não seria suficiente para suprir o seu fetiche de transar com atletas porcos.

Sem controlar meu impulso, acertei em cheio seu rosto, desejando esbofeteá-lo ainda mais, tamanha a raiva que ele me causou ao agir de maneira tão insensível.

— Você é maluco, bateu a cabeça, chapou ou quê?

— Eu estou muito lúcido, Leighton. Assim como eu estava quando vi a linda foto de vocês que você ainda guarda e a belíssima carta de aniversário que ele mandou no seu aniversário. Isso explica muita coisa!

Sem acreditar, soltei uma risada afetada. Não dava para acreditar que estávamos passando por aquilo tudo por uma simples falta de comunicação.

— Para começar, essa carta estava dentro da minha gaveta. Por que você leu?

— Há! Inacreditável! Você ainda quer me culpar. Eu estava procurando uma caneta, porra!

— Ah, é claro que estou te culpando injustamente... — Utilizei-me de sarcasmo — Então, você invadiu a minha privacidade sem a minha permissão, tirou suas próprias conclusões sobre a carta que encontrou e decidiu arrastar aquela vadia com você só para implicar comigo? E o que você fez depois? Levou-a para conhecer os seus pais? Pediu-na em namoro?

— Foi exatamente isso. Tirando a parte de que a Jessica é uma vadia. Ela é uma garota muito bacana. Você não sabe o que está falando!

— Falou o grande expert que convive com ela há apenas um ano! Não sei como eu não percebi o quanto você é idiota antes.

— Talvez você não tenha percebido pelo fato de eu dever tudo isso a você. — Ele respondeu, desafiando-me. — E quer saber?! Qual é a diferença dela para você?

— Ela é uma mentirosa! É falsa e manipuladora. Ela vai destruir você.

— E você não mentiu? Você não me destruiu? — Engoli em seco, sendo incapaz de responder — Tá vendo, Leighton? A única diferença entre você e ela é que ela gosta de mim. E ela sempre está lá sempre que eu preciso explodir ou desabafar. Ela não me culpa pelo meu próprio temperamento, até mesmo quando eu fico louco e bebo todas.

Não dava para acreditar! Me comparar àquela víbora era baixo demais até pra ele.

— Chega, Ed. Eu não vim para discutir com você. E eu também não te devo explicação alguma. Você não deveria ter lido aquela carta, mas estou feliz que tenha feito isso. Só assim para eu enxergar a verdade em você.

— A recíproca é verdadeira!

— Isso é ridículo.

— O que é ridículo é você ter feito o que fez. Não me culpe pelas minhas atitudes. Eu tive que me virar, fazer de tudo para esquecer você. Eu poderia ter ficado com ela de novo no momento em que coincidentemente pegamos o mesmo voo que faria uma conexão em Madrid antes de ir para Londres. No início, até achei interessante que nos fotografassem juntos, porque eu queria fazer ciúmes em você. Mas a verdade é que ela passou 5 horas ao meu lado, me ouvindo falar de você e o quanto eu te amava, sem questionar isso em momento algum. Pelo contrário, ela ainda me disse quem foi a pessoa que ajudou você naquele baile. O que me fez encurtar o meu recesso e voltar à América muito antes do prazo dado pelo consulado, para conversar com a Michelle e fazer essa última loucura por você. Agora, estou correndo o risco de ser deportado e impedido de voltar para o início das gravações depois das festas de fim de ano. E, depois de tudo, ainda não consigo te compreender. Sinceramente, eu não sei o que você ainda está fazendo aqui. Por que não vai foder com o seu homem ou fazer qualquer coisa longe de mim?

Dei uma risada sarcástica pela coragem que ele teve de fazer aquilo de novo. Ele só poderia estar brincando comigo.

— É melhor você ir embora daqui, Leighton.

— Eu vou. Não se preocupe, eu não vou mais procurar você. Nunca mais.

— Essa foi a coisa mais inteligente que você já disse!

— Quer saber, Ed? Eu vim até aqui humildemente me desculpar por qualquer tipo de mal que eu possa ter causado em você e esperava receber isso de volta. O que aconteceu foi um evento infeliz. Mas serviu de experiência para nos fazer enxergar que essa é a nossa vida agora. Esse eu e você a que estávamos acostumados não existe mais. E eu estou realmente aliviada por isso.

— Some daqui, Leighton. Não me obrigue a falar novamente!

— Com todo o prazer! — Falei entredentes e saí pisando duro, me controlando ao máximo para não voltar e acertar outro tapa bem no meio do rosto dele.

🎬🎬🎬

Passei pelo salão principal, apressada. Deixei que Sebastian continuasse a conversar com alguns amigos no interior do prédio e me movi para fora. Precisava respirar um ar fresco e gélido para tentar gerar energia para que meu cérebro voltasse a trabalhar.

Do lado de fora do prédio, notei a presença de algumas pessoas estendendo a festa até a grande sacada do estúdio. As vozes me fizeram olhar para cima e observar a movimentação.

Pensei ter encontrado um rosto conhecido entre os que estavam no andar superior. Estreitei um pouco mais os olhos e foi quando descobri que aquele era o meu grande amigo Chace. Senti vontade de subir para dar-lhe um abraço e receber seu consolo enquanto eu chorava. Tínhamos tanto para conversar... Porém, obriguei-me a me conter, pois não queria ter com Ed uma outra vez.

Assim que percebeu que eu o encarava, ele se escorou sobre a grade e começou a conversar comigo.

— Já vai, maninha? — Disparou com o sorriso simpático de sempre no rosto, que me acalmou instantaneamente.

— J-já... — Mal consegui completar minha resposta, quando a aparição surpresa de Ed me fez perder as estribeiras.

Ele estava em uma roda de pessoas a uma certa distância de Chace, cercado de pessoas que eu poderia apostar que não fazia ideia de quem ele era.

Percebendo que Chace mantinha uma conversa com alguém no térreo, Ed também veio até à beira da sacada, parecendo duas vezes mais transtornado e acima da taxa de álcool que seu sangue podia comportar.

Senti um frio percorrer todo o meu corpo. Eu odiava a sensação de fraqueza que sua presença me causava. Eu me sentia tão vulnerável que chegava a ser vergonhoso.

— Vai se foder, Leighton! — Ele disparou de uma vez, fazendo grande parte das atenções se voltarem para nós.

Suas palavras travaram meus passos. Olhei para cima e senti-me na obrigação de encará-lo para ter certeza de era ele que aquilo havia sido fruto da minha imaginação. Mas não. Ed estava à beira daquele balcão, fora de si como eu nunca havia visto antes. E eu me perguntava como ele havia chegado àquele ponto tão rápido.

Senti-me desesperada, abalada, triste e, acima de tudo, decepcionada comigo mesma, por acreditar que ainda pudesse existir algum pingo de decência nele. Ele estava traçando o seu caminho para a decadência total e tudo que eu podia fazer agora era assistir na primeira fila a um show que era dedicado exclusivamente a mim.

Sem me abalar ou mostrar algum tipo de reação que relevasse meu verdadeiro estado de espírito, cruzei os braços e lancei uma risada irônica. Era o máximo que eu poderia fazer.

Sebastian uniu-se a mim logo em seguida e segurou minha mão por um breve instante. Ele não precisou dizer nada para que eu entendesse o que eu queria dizer. Seu olhar também se fixou em Ed, fulminando-o com os olhos semicerrados.

— Está tudo bem, Sebas. Eu me viro daqui. Você pode buscar o carro, por favor?

Assentindo, ele correu os olhos pelo quarteirão e, assim que visualizou seu veículo, afastou-se de mim e foi até ele. Eu não via a hora de sair dali, mas ainda assim eu sentia que encarar Ed e toda a sua raiva fazia parte do processo que me conduziria à libertação total. Às vezes, um balde de água fria é tudo que você precisa para acordar de um sono profundo.

Caminhei para o outro lado da calçada, com os braços cruzados e olhos presos no chão. Até que alguém me chamou ao longe, acenando em despedida. A fim de ser simpática e esconder a mágoa, acenei de volta e respondi dizendo "tchau". Isso foi o suficiente para que Ed retomasse seu turno e falasse ainda mais.

— O quê? Você já vai embora? — Ele gritava a plenos pulmões, causando em mim uma vontade enorme de me encolher de vergonha.

Preferi manter-me em silêncio em um primeiro momento, já que se eu desse voz à minha cabeça, terminaríamos no jornal da primeira hora.

— Onde está a porra do seu presentinho, sua traidora?! ̶ Ele continuou, referindo-se ao envelope que outrora eu portava em mãos.

O absurdo era tamanho que não me contive em soltar uma gargalhada e continuei a rir, ignorando-o com frieza e mantendo o meu foco em me despedir de alguns conhecidos que estavam próximos a ele e, também, dos que também estavam na calçada.

Não me importava com o que as pessoas achariam dele por estar falando aquelas coisas direcionadas a mim. Assim, todos o tratariam como o louco que ele estava demonstrando ser.

— Por que você está abandonando o barco, traidora? Vai se foder!
Preparei-me para dar a volta pela calçada e desaparecer dali, quando ele voltou a falar e, mais uma vez, prendeu minha atenção.

Uma conhecida se aproximou e com o cenho franzido, perguntou, falando o mais baixo que pôde:

— Esse estúpido está falando com você?

Dei uma risada apreensiva e dei de ombros como se aquilo não fosse nada, deixando evidente que Ed dizia era efeito imediato de toda as substâncias químicas presentes em seu organismo naquele momento.

— Não se preocupe, Kelsie. Ele é louco. Louco! — Gritei um pouco mais alto do que deveria, como se devesse uma explicação a todos os que presenciavam àquele evento fatídico. — Sabe como é... Sempre que ele bebe é uma brincadeira diferente. Você sabe como são os artistas. — Concluí com um sorriso amarelo.

E para não levar a minha reputação para o buraco junto com a dele continuei a rir, ignorando por completo a gravidade de tudo aquilo.

— Eu te amo muito. Perdoe-me! — Ele disparou de maneira direta, como se não tivesse como piorar ainda mais a situação em que estávamos.

Esquecendo Kelsie, olhei firme nos olhos dele, ainda que de longe, apenas para ter uma última visão de seu rosto ao dizer aquilo. Aquele completo imbecil havia acabado de transformar algo que refletia pureza em uma frase comum que soava como o pior dos xingamentos. Nunca odiei tanto aquelas palavras como naquele milésimo de segundo.

— Tchau, gente! — Desviei meus olhos dos dele novamente, falei uma última vez, acenando para todos.

Neste exato momento, Sebastian apareceu , avisando-me de que o carro já estava estacionado e isso me fez soltar um suspiro aliviado.

Duas vezes mais enfurecido — como se fosse possível —, Ed começou a incluí-lo em seu discurso público, ofendendo ainda mais a minha moral com seu desabafo inapropriado.

— Está tudo bem aqui? Ele está gritando com você?

— Está. Está fora de si. Não se importe com isso. Vamos dar o fora daqui!

— Que se fodam vocês dois. Você e esse cavalo que você está montada! Você tem um homem incrível. Ele é fantástico. Ele ilumina a porra do meu dia. — Ele misturava porre com sarcasmo de maneira brilhante. Sem falar mais, me afastei, buscando desesperadamente me ausentar de sua mira. Peguei Sebastian pela mão, procurando afastar-me dali, antes que aquilo virasse uma confusão sem fim e todos nós acabássemos na capa do Page Six. — Mas, me liga! Me liga! — Ed insistiu ao me ver movendo-me depressa para dar o fora dali, mantendo uma postura teatral de alguém que apenas havia acabado de fazer uma brincadeira de rotina com o colega de elenco. Minha atitude me garantiria o próximo prêmio por melhor atuação.

Ainda estranhamente calado, Sebastian abriu a porta do carro para mim. Corri para dentro, torcendo para que Ed não voltasse a gritar.

— O que está acontecendo? Por que ele está fazendo isso? — Ele sussurrou discretamente para não fazer nenhum tipo de alarde, provavelmente notando o quando meu rosto poderia estar pálido e ruborizado ao mesmo tempo. Aquela era uma das maiores humilhações da minha vida.

— Nada. Nada. Vamos embora daqui! — Respondi, inquieta.

— Não fique triste por isso, linda. — Ele acariciou meu rosto, enquanto eu observava de longe a sacada do prédio. — É apenas uma pobre alma, Leighton. Uma pobre e doente alma. Você fez o que pôde. — Sebastian falou, mostrando-se estranhamente calmo, enquanto afagava meus cabelos e isso me fez respirar com mais tranquilidade. — Agora cabe a você decidir.

🎬🎬🎬

Aquele foi mais um dia para apagar da memória, mas que eu sabia que jamais iria esquecer.

O confronto com a minha mãe, a sensação de solidão misturada ao medo que senti ao ter certeza de que ele havia me perdido de uma vez por todas, o desvio de sanidade que me levou a largar todo o meu orgulho e ir ao seu encontro, a forma como fui tratada por ele na saída do bar. Tudo contribuiu para aquele grande final.

A atitude imatura de Ed em relação a aparição de Sebastian excedeu todos os limites possíveis e imagináveis, colocando-me bem diante da minha decisão. Cheguei a uma conclusão única de que eu não precisava da permissão dele nem do seu perdão. Eu não precisava de nada do que vinha dele, porque ele não me merecia.

Ele fez a minha escolha valer à pena quando, apenas cinco dias depois, assumiu sua relação com a Jessica diante de todos os nossos colegas e também para o mundo inteiro, com direito à entrevista exclusiva para uma revista qualquer. Assim, dando por encerrada toda e qualquer chance de fazer com que as coisas, um dia, voltassem a ser o que antes eram para nós. Assim, ele fez com que um dos meus maiores pesadelos se concretizassem: ser desapontada por quem eu amo.

Sebastian, no entanto, não deu a mínima para nada daquilo, contanto que pudesse garantir que eu ficaria bem com tudo aquilo. Eu fingia estar, pois não queria mais atritos.

Concluí que Ed e eu havíamos cruzado a linha e concedido a nós mesmos uma chance de vivermos nossas vidas sem a intervenção um do outro a partir do momento em que deixamos outras pessoas entrarem. Não entendia porquê ele ainda precisava agir dessa maneira, mas sabia que isso era tudo que eu precisava para cair de uma vez na real.

E seguir em frente...

(baseado em fatos)
Cena completa aqui:



xoxo
nay :))

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