SPOTTED: Behind the Gossip (...

By naymeestwick

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Uma fanfic sobre a vida real nos bastidores de Gossip Girl. Ed Westwick e Leighton Meester de um jeito que vo... More

Before the reading
Prólogo - Welcome to New York
Capítulo 1 - With me
Capítulo 2 - Girls just wanna have fun!
Capítulo 3 - Bad News, Meester
Capítulo 4 - Lose all control (Parte 1)
Capítulo 5 - Our first time
Capítulo 6- Lose all control (parte 2)
Capítulo 7 - Entitled mine
Capítulo 8 - Elastic heart
Capítulo 9- NYC - Gone, gone
Capítulo 10 - 4 in the morning (versão estendida)
Capítulo 11 - Two is better than one
Capítulo 12 - The words
Capítulo 13 - I can't say THE WORDS because my HEART IS OF STONE
Capítulo 14- Crazy! (Versão estendida)
Capítulo 15- Leighton Meester must fight!
Capítulo 16 - City lights
Capítulo 17- Dangerous woman
Capítulo 18 - All night
Capítulo 19 - Fire meet gasoline*
Capítulo 20 - Trading Time (parte 1)
Capítulo 21 - Trading time (parte 2)
Capítulo 22 - Run away
Capítulo 23- Help!
Capítulo 24- Dark Night
Capítulo 25- Unwritten
Capítulo 26- The Meester Hit Project
Capítulo 27- Photograph (versão estendida)
Capítulo 28 - Only thing I ever get for Christmas*
Capítulo 29- Remember the daze
Capítulo 30 - Shut up and drive*
Capítulo 31 - Prom Queen
Capítulo 32- We are stars
Capítulo 33 - Empire State of Mind
Capítulo 34 - Sweet
Capítulo 35 - She will be loved
Capítulo 36 - Hurricane
Capítulo 37 - Hurts like heaven
Capítulo 38 - Hurts good
Capítulo 39 - Hurts so good!
Capítulo 40 - Your love is a drug*
Capítulo 41 - Pillowtalk
Capítulo 42 - New York's best kept secret
Capítulo 43- I knew you were trouble
Capítulo 44- Do I wanna know?
Capítulo 45- Serendipity
Capítulo 46 - Happy (blackest) day!
Capítulo 47 - I see you (versão estendida)
Capítulo 48 - Someone New
Capítulo 49 - Dive
Capítulo 50 - The ice is getting thinner
Capítulo 51 - Gravity
Capítulo 52 - Good girls go bad
Capítulo 54 - Lust for life *
nota de esclarecimento
Capítulo 55 - Stay or leave
Capítulo 56 - No new tale to tell
Capítulo 57 - Send my love to your new lover
Capítulo 58 - New York, I love you but you're bringing me down
Capítulo 59 - Burn the pages
Capítulo 60 - Beautiful people, beautiful problems
Capítulo 61 - Back to you
Capítulo 62 - Broken arrow (versão estendida)
Capítulo 63 - Blue afternoon
Capítulo 64 - Die for you
Capítulo 65 - Radar
Capítulo 66 - Flesh without blood
Capítulo 67 - Rose-colored boy

Capítulo 53 - Lost in reality

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By naymeestwick

Tradução: Perdidos na realidade

n/a: oi, lindas. Como estão? Passando para explicar a organização dos próximos capítulos. Como eu precisava dar uma resumida em 2008 sem deixar de mostrar coisas importantes que aconteceram durante a segunda temporada da série pra vocês, toda a trama a seguir ocorre como um grande flashback. Lendo vocês entenderão todo o vai e vem de datas, mas achei necessário explicar isso antes de vocês começarem. Ah, e tenho uma surpresa no próximo capítulo, não percam! Mais uma vez, quero pedir perdão pelos possíveis errinhos de revisão. Estou correndo contra o tempo ultimamente e passando por algumas situações um tanto desagradáveis, mas isso não vai me fazer parar ou me impedir de postar, ok? Espero que vocês compreendam e, qualquer dia explico com mais calma o que estou aprontando, rs. Boa leitura!

xx

You throw me around like a ragdoll, and throw me away like your cigarettes. Then pick up the pieces of whatever's left of me. They're yours to keep. Bittersweet chemistry. I can't escape you anywhere, even in my dreams. All that's in my head are pictures of memories. Words that you said to me. Hey hey haley, won't you save me? | Você me joga por aí como uma boneca de pano. E me joga longe como seus cigarros. Então, junta os cacos que restaram de mim. Eles são seus para guardar  [...] Química agridoce. Não há lugar onde eu escape de você, até mesmo nos meus sonhos. Tudo que está na minha cabeça são fotos de memórias, palavras que você disse para mim. Hey, você não vai me salvar? 

(5 Seconds of Summer, Lost in Reality)

xx

Setembro de 2006

— ... E seu olhar se iluminava, nada mais importava. Eu só queria...

— Ok. É o suficiente. Obrigado.

— Muito obrigada!

Mais um não. O décimo naquela semana.

Mais um dia. Mais uma luta. Eu continuava ali. Acordava muito cedo e dormia muito tarde, arrastando minha velha mochila para todos os cantos da cidade.

Se aquela era a escalada da vida, eu estava subindo uma colina com cem quilos nas costas.

Devo voltar e tentar novamente o papel da CW? – Eu pensava ao caminhar debaixo do sol escaldante em pleno mês de Setembro. – Que se dane, já fui recusada algumas vezes mesmo. Não deve doer tanto agora.

Eu costumava mentir para mim mesma, dizendo que aquilo ficaria mais fácil com o tempo. Quão ingênua eu era?

Eu estava de pé todas as manhãs às seis. E continuava em pé, na fila, com duzentas garotas mais jovens e mais magras do que eu, que, certamente, iam para a academia com muito mais frequência também.

Esperava ali por cinco horas ou mais, vendo todas aquelas garotas indo e vindo em vestidos rodados, quase iguais aos meus e os mais variados tipos de acessórios na cabeça, até que meu número fosse finalmente chamado.

Então, eu caminhava para dentro da sala. Havia uma mesa de produtores,
que estiveram sentados ali pelo mesmo tempo que eu estive em pé do lado de fora. Escutando e balançando a cabeça para centenas de garotas por dia.

Eu entrava lá, forçando um sorriso relaxado e pensava comigo: eu sou uma boa pessoa; sou uma pessoa atraente; eu sou uma pessoa talentosa. Concedam-me sua graça!

Dessa vez, o cansaço me consumia, minha voz soava fraca. Eu deveria ter dito a eles que estava doente na semana passada. Agora eles iam pensar que é sempre assim que eu falo, como uma hiena desorientada.

E eu não parava de pensar...

Por que eles estão cochichando? Eu deveria falar mais alto? Eu vou falar mais alto. Talvez eu devesse parar e começar de novo. Eu vou parar e começar de novo. Por que aquele produtor está olhando para os pés dele? Olhe para mim. Pare de olhar para baixo, olhe para mim!

Mas não olhe para os meus sapatos. Droga, estão todos olhando para os meus sapatos. Eu odeio esses sapatos. Por que eu escolhi esses sapatos? Por que escolhi essa fala? Por que escolhi essa carreira? Por que o assistente que me empurra para fora daqui me odeia? Por quê???

Se eu não receber um retorno, eu posso ir encontrar com a mamãe e dizer que era hora de voltarmos para a Flórida. Eu encontraria um emprego em uma lanchonete à beira da estrada e pagaria pelos meus estudos na Universidade de Miami.

Droga, esse plano é tão idiota. Não que eu queira passar um dia com a mamãe, mas ela vive repetindo que precisa de espaço para trabalhar. Desde que eu sou obviamente tão ridiculamente irritante para ela por não parar de falar nem por um minuto.

Como uma pessoa assim consegue ter filhos?

Por que estou trabalhando tanto nesse papel? Eu não me identifico com ele.

Jesus cristo, eu sou uma decepção!

— Serena?! A Serena está na escola...

— Ok, obrigado. — O terceiro produtor me interrompeu sem piedade.

— Eu que agradeço! — Recuperei a minha mochila, antes jogada no chão e a pousei sobre os ombros com um sorriso cansado.

— Leighton Meester, você teria algum horário livre amanhã às 8? Tem uma pessoa que precisa ver você.

— Me ver? O que isso significa? Você está dizendo sim? — A alegria retornou ao meu rosto.

— Não, estou dizendo que você vai precisar refazer o teste amanhã. — Respondeu impaciente.

Ai meu Deus, eu queria gritar e sair dali saltitando, mesmo sem entender direito o que "refazer" o teste queria dizer.

— Se esse cara gostar de você, está dentro.

Levei uma mão a boca, para disfarçar o queixo caído e saí da sala, lançando um olhar superior para aquele assistente que parecia adorar ver rostos humilhados.

Mas, por dentro, eu estava surtando. Eu não estava contando com isso. O que eu faria agora?

Com um sorriso orgulho, ergui os olhos e encarei as outras meninas na fila e declarei para mim mesma:

Dane-se, eu passei para a segunda fase!

E eu nunca mais voltarei para essa fila.

🎬🎬🎬

25 de Dezembro de 2008.

Querido diário,
Acho que cheguei a algum lugar. Eu estou, finalmente, avançando.

xx

Nem em um milhão de vidas eu conseguiria ser grata o suficiente pelo que tinha e tenho. De apenas mais um número entre centenas de garotas em imensas filas de audição, agora eu havia me tornado alguém de quem eu poderia me orgulhar.

Quase dois anos após aquela audição premiada, tanta coisa havia mudado para mim, que chegava a ser assustador. Agora, eu tinha uma visão privilegiada da minha própria vida e isso me levava a considerar a ideia de continuar a crescer, seguir em frente e expandir até onde eu pudesse alcançar. Vendo o quão longe eu cheguei, apenas conseguia imaginar o quão distante eu ainda podia chegar. E, em hipótese alguma, eu deixaria que meu passado me afetasse de alguma forma outra vez.

Era natal novamente. Eu havia feito um banquete para alimentar um batalhão, antes de saber que tudo aquilo seria servido apenas a uma pessoa: eu. Eu, normalmente, condenaria veementemente esse tipo de atitude, pois odiava desperdício: seja ele de tempo ou perecíveis. Mas eu estava tão empolgada por estar vivendo tantas coisas boas, que mal me sobrava tempo para ser racional.

Mas como eu saberia que receberia um bolo mais uma vez?

Se eu ao menos tivesse culpa. Ou melhor... se eu tivesse a quem culpar por todo aquele desperdício; por estar sozinha em meu amplo e bem decorado novo apartamento, na região de West Village, na noite que deveria ser a mais feliz do ano, criando desculpas para não me martirizar por aquela data não se parecer em nada com a de um ano atrás.

Afinal, por que eu deveria me martirizar por isso? A escolha foi minha, não foi? Eu fiz isso pelo meu bem, não fiz?

xx


Junho, 2008.

Você me joga por aí como uma boneca de pano. E me joga longe como seus cigarros. Então, junta os cacos que restaram de mim. Eles são seus para guardar 

Apenas duas semanas depois da minha grande festa, estávamos de volta à rotina de gravações. Mas não da maneira que estávamos adaptados, com a rotina de estúdio, luzes fortes e refrigeração 24h por dia.

Estávamos nos Hamptons, região litorânea de Nova York. Um lugar muito conhecido por alojar todos o mais afortunados durante o verão. Segundo Stephanie, era um lugar de refúgio para passar dois meses ou mais e fugir um pouco da agitação da cidade, mas o ritmo frenético de festas e perdição poderia ser ainda maior ou mais destrutivo.

Agora, cabia a nós representar essa realidade. E eu estava animada, pensando sobre isso, enquanto Martha, a maquiadora, fazia algum tipo de magia que disfarçasse todo o bronzeado excessivo que fiz questão de garantir.

A semana anterior foi intensa, repleta de eventos e entrevistas que enchiam minha agenda até às entrelinhas.

Eu poderia me considerar uma garota de sorte por estar tendo uma rotina tão agitada em um momento tão emocionalmente complicado para mim.

Eu passava 18 horas do meu dia fora de casa e nas 6 horas que sobravam, eu estava desmaiada em qualquer canto do apartamento. Definitivamente, todo aquele trabalho me impedia de pensar nele e em todas as medidas desesperadas que a falta dele me obrigou a tomar.

Não estou dizendo que me arrependo, eu tive o meu momento e foi incrivelmente agradável. Com exceção das manhãs de ressaca, eu não ia sentir falta dessa parte.

A boa notícia era que eu estava livre agora. Eu não tinha maiores preocupações além de chegar à locação e fazer meu trabalho.

Eu sabia que "fazer meu trabalho" incluía estar lado a lado de Ed dia e noite. Seria uma longa jornada, com 24 episódios e nenhuma pausa ou greve.

Faria questão de ocupar-me com os inúmeros textos que eu precisava decorar diariamente e realmente esperava que isso fosse suficiente para avançar nesta nova etapa. Estava disposta a fazer o que fosse preciso.

— Leighton?! Você está bem? — Ouvi a reporter da Seventeen me chamar e abri os olhos depressa. Só então, percebi o quanto minha mente havia me levado para longe.

Mal me recordava que estava no meio de uma entrevista para uma das maiores revistas teen. Imagina se eu digo alguma besteira por não conseguir manter-me concentrada.

— S-sim. Está. — Maneei a cabeça e forcei um sorriso natural. — Você poderia, por favor, repetir a pergunta?

— Claro.— Sorriu gentilmente — Eu estava apenas querendo saber quais são as suas expectativas para a nova temporada de Gossip Girl. — Ela deu um meio sorriso e voltou os olhos para a caderneta em suas mãos, esperando por uma boa resposta.

Arquitetava uma resposta sucinta para oferecer à gentil mocinha, quando avistei Ed ao longe, em suas roupas de verão, sendo igualmente abordado por uma repórter, que acompanhava seus passos sorrindo animadamente.

Meu coração disparou ao vê-lo tão descontraído e com seu sorriso mais natural. Não era a primeira vez que estivemos próximos desde a noite da minha festa. Trabalhamos juntos durante o processo de preparação e divulgação da temporada. Mas, dessa vez, ele me pegou distraída, sem defesa alguma, e tomou toda a minha atenção.

Ao perceber que Catherine, a repórter, me encarava novamente, possivelmente achando que eu era louca, desviei o olhar e deparei-me com Blake parada a minha frente com os braços cruzados e um sorriso sorrateiro que me irritou.

— O quê??? — Questionei-a, sabendo exatamente o que ela queria dizer com os olhos.

— A pergunta, Leighton. Estamos esperando! — Blake respondeu, querendo sorrir.

— Ah, claro. E a pergunta foi...? — Olhei para Blake e depois para Catherine, sentindo-me terrivelmente estúpida.

— Bem, ela está muito ansiosa e acha que teremos muita emoção pela frente, mas ainda não podemos revelar muito. — Blake tomou a vez, antes que aquela reportagem se tornasse uma crônica.

Catherine olhou-me um pouco assustada e eu concordei com a cabeça, como se fosse exatamente o que eu queria dizer.

— Ok, mas essa foi a mesma resposta que você deu, Blake! — Disse com uma enorme interrogação entre as sardas de seu rosto.

— E daí?! — Blake indagou com toda a sua postura, cruzando os braços.

A moça apertou os olhos e balançou a cabeça, parecendo perdida. Eu não a culpava, estávamos no mesmo barco.

— Ok — Ela trocou a página e respirou fundo antes de prosseguir. — Tenho apenas uma última pergunta. — Acenei para que ela prosseguisse — Nós soubemos que sua apresentação em Manhattan no semestre passado foi um arraso. Você tem planos de seguir com a carreira musical?

Droga, ela tinha mesmo de mencionar aquela data? Eu não sabia se agradecia pelo elogio ou se começava a chorar pelas lindas lembranças ainda tão recentes.

Não havia noite que eu lutasse mais para esquecer do que a daquele 9 de Abril que remetia a muitos sentimentos mistos que eu pouco sabia lidar.

Percebendo minha agitação, Blake voltou a intervir:

— A gente continua depois. Ela precisa terminar de se arrumar, ok?!

A jovem jornalista acentiu e se afastou, encontrando-se com a outra que entrevistava Ed e não parecia tão frustrada quanto ela.

—Você é um anjo!

—Me agradeça depois. Eu pedi pra ela se mandar porque eu não ia aguentar mais nenhum segundo sem comentar...

— Comentar o quê?

— Você e o Ed estão tão encrencados! — Ela disparou sem se importar com a presença da discreta maquiadora.

Eu vivia repreendendo-na por mencionar coisas pessoais próxima aos profissionais que estavam sempre ao nosso redor. Mas ela insistia em dizer que eles eram muito bem pagos para ficarem calados. Eu não me interessava em pagar para ver.

— Como assim encrencados? Nós mal nos falamos. E é verdade dessa vez! — Completei antes de ser atacada por acusações.

— Você sabe do que eu estou falando, Leigh. Eu vi como você tem olhado para ele desde aquele evento em Los Angeles.

— Eu não vou mentir para você, isso está acabando comigo. Mas não existe mais nada que possa ser feito. Acabou e eu vou aprender a lidar com isso.

— Você acha que fingir indiferença vai te ajudar a passar por isso?

— Eu sei que não vou resolver nada assim e que isso vai me fazer sofrer ainda mais, mas eu vou conseguir. Eu posso até pender, mas não me quebro tão fácil.

— Ah, essa é a minha garota. Você é minha heroína, Leigh! — Ela exclamou, pousando uma mão orgulhosamente sobre o meu ombro.

Sorri fraco, desejando ter toda aquela força dentro de mim.

— Na verdade, eu queria ser como você. Você tem mantido um relacionamento estável durante todo esse tempo, enfrentou o problema de nutrir uma paixonite por outro e ainda consegue manter o bom humor.

— Você vê as coisas por um ótimo ângulo. Vou tomar isso como um elogio. — Respondeu indiferente.

— Eu tenho um dom.

— Mas eu ainda acho que você precisa conhecer outro cara.

— Eu conheço muitos caras, Blake!

— Você sabe o que eu quero dizer... — Ela ergueu uma sobrancelha pretensiosamente para mim.

— Fazer ciúmes?

— Sim. Mas não o tipo de coisa louca que você fez com o Sebastian.

Toda a minha tranquilidade foi para o beleléu quando o nome dele foi mencionado. Toda vez que ela o fazia, eu me sentia tão desconcertada que queria morrer.

— Eu não fiz nada com ele. Já te disse! — Retruquei irritada, cruzando os braços para me conter.

— Não acredito que você está fazendo isso, Leigh.

— O quê?

— Fingindo que não transou com o Sebastian Stan porque você não se orgulha nem um pouco disso.

— Eu não estou fingindo. Eu só... não me lembro de coisa alguma. — Chacoalhei a cabeça em total estado de confusão — Eu acordei sozinha em um quarto de hotel com em Beverly Hills e, se não fosse a assinatura dele no papel do checkout, eu mal saberia como fui parar lá. E é bom que as coisas fiquem assim. Se tudo correr como planejo, nunca mais o verei.

Ela revirou os olhos, parecendo um pouco farta de todas as minhas desculpas, mas ainda disposta a continuar a indagação.

— Ok. Mas ainda acho que você precisa encontrar alguém que seja neutro. Tipo o conde ali. — Ela fez menção com os olhos ao ator que faria o papel de lorde Marcus, uma aventura romântica da Blair.

Imediatamente projetei uma expressão de desagrado. Não pela opção em si, – ele até que era fofo – mas por quão absurdo aquilo soava. Era como usar uma pessoa que eu mal havia trocado duas palavras para agir em uma vingança idiota contra uma pessoa que não merecia mais o meu tempo.

Levantei-me da cadeira depressa, deixando a maquiadora a pincelar o vento. Blake me acompanhou com olhos curiosos.

— Aonde você vai?

Virei-me rapidamente para falar:

— Vou atrás daquela repórter. Talvez as perguntas invasivas sejam menos absurdas do que esse assunto. — Respondi e voltei a andar, fechando a cara para ela. Ela, no entanto, deu de ombros e soltou uma gargalhada divertida.

Eu achei que me livraria de suas loucuras ao me afastar, mas estava engada. Elas duraram bastante e estavam presentes quando eu tinha de fazer um esforço extra comunal para ser profissional na presença de Ed. Blake me encarava e disparava risadas irônicas em minha direção, como modo de chamar minha atenção para o que eu mesma estava fazendo: agindo como uma adolescente que não consegue manter o foco por mais de vinte segundos.

No dia seguinte, foi a minha vez de ver Blake em uma novela durante a gravação da tradicional festa do branco nos Hamptons.

O interessante sobre gravações em festas era que, após a edição final, sempre criava-se o efeito de que estávamos fazendo coisas diferentes ao mesmo tempo, quando, na verdade, nós apenas aproveitávamos todo e qualquer intervalo para remover nossos sapatos altos e apertados e nos sentarmos em nossas cadeiras ou até mesmo no chão para descansar a mente de toda aquela correria.

Enquanto aguardava minha vez de voltar a uma nova cena com Ed, decidi me distrair um pouco, assistindo a uma outra um tanto realmente dramática entre Blake, Chace e Penn. Era como ter uma pequena simulação da real situação entre eles três.

Blake teria de beijar Chace na frente de Penn pela segunda vez na série. Mas, dessa, diferente da primeira, havia muito mais envolvido.

Eu podia imaginar o desespero que ela estava sentindo, embora não demonstrasse. Se beijar o seu colega de cena já era por si só extremamente constrangedor, imagina fazer isso diante dos olhos atentos do cara que você namora há um ano. E para piorar, com o cara que você o traiu.

Finalmente, um drama de verdade para acompanhar, que não era o meu próprio. Ao menos, isso fez com que Ed e eu trocássemos um único sorriso confidente. Não tinha dúvidas de que compartilhávamos do mesmo pensamento.

🎬🎬🎬

  Um milhão e umas maneiras
que eu tentei
Para virar o jogo, deixar tudo para trás
Mas toda vez parece que você está
Um passo a frente de mim 

Fazer escolhas sempre foi um dilema para mim. De uma simples tonalidade de um jeans comprado em uma loja de departamentos a decidir estar ao lado da pessoa que eu amava. Era uma tarefa simplesmente impossível para mim.

Mas eu não era a única as consequências de se tomar uma simples decisão. Ed compartilhava do mesmo dilema que eu e era justo. Não... não... eu não precisou me dizer isso. O sofrimento estava estampado em seus olhos, em seus gestos, suas atitudes...

Para o meu alívio, os cinco dias de gravações passaram voando. Mal via a hora de voltar para o meu apartamento em Manhattan.

Não que eu não adorasse estar em um lugar diferente, aproveitando o início daquele verão tão atarefado. Mas eu realmente desejava poder pousar a cabeça em meu próprio travesseiro ao fim de cada novo episódio dramático da minha vida.

Era minha última noite em East Hampton e eu estava desesperada por algo que não remetesse o meu trabalho.

Todos aqueles dias e eu mal havia tocado os pés na areia escura das praias nova-iorquinas.

Blake estava tão agoniada como eu e não parava de falar sobre isso durante os intervalos. Por isso, convidou-me a dar uma fugidinha antes de pegarmos a estrada na manhã seguinte.

O local marcado era uma espécie de Café bem ornamentado e localizado a poucos passos de uma linda praia em East Hampton.

Cansada de tanto esperar, pedi um café expresso com pouco açúcar. Já passavam das nove e eu já começava a bocejar como um bebê.

Tomando um longo gole, mandei uma nova mensagem para ela, sendo um pouco menos educada do que na última. Já fazia quase uma hora que eu estava ali e a impaciência estava estourando meu limite.

Enquanto continuava a aguardar, pensei sobre o longo dia de trabalho que havia tido.

E, quando digo longo, não é pelo fato de termos trabalhado muito e, sim, pelo vexame que passei em cena.

Quem diria que, depois de tanto suportar a presença de Ed, eu acabaria me desmantelando em lágrimas na nossa última cena ali.

Nossos personagens estavam passando por um momento delicado, assim como nós. Acredito que isso tenha ocasionado a explosão emocional que tive.

Era uma cena linda. Apenas ele e eu, com roupas em tom muito semelhantes, um local repleto de verde e belas paisagens. Era como se não estivéssemos ali a trabalho e, por alguns momentos, tudo que eu enxergava era apenas nós dois, compartilhando do mesmo vazio em uma espécie de jardim encantado secreto.

Quando, pela terceira vez, rodamos a mesma cena e Ed completou sua fala como Chuck Bass, dizendo, sentimentos estranhos se apossaram de mim.

Chuck e Blair viviam um momento muito parecido com o nosso e isso nos levava a transmitir nossas emoções por meio de nossos personagens. Era interessante como as coisas se misturavam com tanta naturalidade a ponto de se tornarem quase imperceptíveis. Mas, ao mesmo tempo, ter de permanecer ali e sorrir para os elogios da direção em relação à nossa "brilhante"atuação era, simplesmente, mortificante.

A cena foi resultado de uma outra sequência em que Chuck visualiza o broche de Blair, outrora dado ao seu ex-namorado Nate, cuidadosamente colocado de propósito no suéter de Marcos, seu novo namorado europeu. Chuck se irrita e deixa a mesa, alegando estar sem fome, quando, na verdade, estava apenas ressentido com o fato de Blair possivelmente estar tão apaixonada pelo novo cara quanto esteve por Nate, seu primeiro amor.

Blair também deixa a mesa logo em seguida e vai ao encontro de Chuck. E aqui onde os paralelos entre realidade e ficção se contrapõem. Estávamos, literalmente, perdidos no meio daqueles dois mundos.

  — Sei o que aquele broche significa. —Ele declarava com aquele olhar frio, não ensaiado, a me fuzilar. — Deu para o Nate quando disse pela primeira vez que o amava.

  — Bom, eu pedi de volta e dei ele para o James. — Respondi, seguindo à risca o roteiro.

Ele respirou fundo, baixando os olhos com a tristeza estampada em cada uma de suas expressões. Que belos atores nós éramos, não? Fazíamos pouco esforço.

  — Você sente por ele o que sentia pelo Nate? — Perguntou em tom ríspido.

  —  Eu sinto. —Respondi prontamente.

  —  Te vejo na escola!  —Ele refutou secamente e se retirou.

Eu tive uma visão privilegiada de toda a mágoa que existia dentro daqueles transparentes olhos castanhos. Eu me sentia próxima a sua alma e extremamente conectada com ela para entender o que se passava ali dentro quando ele olhava para mim.

Eu não o culpava. No fundo, era aquele tipo de sensação que eu queria causar. Mas eu não era forte o suficiente para manter aquilo. Meus sentimentos logo transpareciam e era impossível controlar aquela torrente.

E, ainda assim, eu continuava ali, fingindo ser forte, ignorando a sua presença, sua voz, seus olhares. Porém, quando ele me olhou nos olhos e disse todas aquelas palavras que, embora simplórias, vinham tão carregadas de sentimentos reais, eu não pude me conter. Toda a tempestade que havia dentro de mim se dissipou em lágrimas que, rapidamente, tratei de afastar, agindo como se aquilo fosse apenas parte do meu espetáculo de grande atriz. Só me restava torcer para eles descartarem aquela tomada e usassem uma das outras duas.

Perdida na realidade

Eu posso sentir você no escuro

quando eu caio no sono 

De repente, fui trazida de volta por um pigarreio conhecido. O susto me fez pular da cadeira e, ao vê-lo, levei uma mão ao coração. Ele estava tão... bem!

Seus cabelos, agora maiores e mais volumosos, estavam molhados e penteados para o lado oposto. Notei detalhes de uma barba por fazer e logo desviei os olhos para o que ele vestia: bermuda na cor caqui, uma camisa de listras finas entreaberta e sandálias escuras nos pés.


  Tudo que está na minha cabeça são fotos de memórias
Palavras que você disse para mim



Senti vontade de sorrir. Aquela versão dele de verão ainda era uma novidade para mim, e eu bem que gostava. Não havia dúvidas de que ele ainda estava por amadurecer suas características físicas.

Eu não estava preparada para encontrá-lo. Não apenas emocionalmente dizendo. Na verdade, nunca havia saído vestida tão maltrapilha.

Eu esperava encontrar Blake para um lanche rápido e nada mais. Por isso, apenas vesti um short branco curto e uma blusa laranja de alças finas e um chinelo de tiras pretas nos pés. Eu estava usando meus óculos e meus cabelos estavam presos por uma caneta. Eu não poderia estar em uma situação mais deplorável. Em nada me assemelhava à pessoa que fiz questão de preparar durante todo o intervalo de primavera: a tal da mulher fatal.

— Leigh? — Ed falou, pressionando um pouco os olhos. Abri um sorriso involuntário e me levantei em uma ação não premeditada, sentindo-me automaticamente acanhada pelo sorriso que ele deu ao me olhar e perceber o meu estado.

— Oi, Ed. O que faz aqui? — Perguntei em tom firme, tentando dissipar o clima de vulnerabilidade que se instalou ali.

— Eu vim para encontrar o Chace. — Ele respondeu com sinceridade, mantendo os olhos presos em mim.

Chace? Não podia ser! Na última vez em que nos falamos, ele estava no meio de uma festa em um iate. Aquilo não cheirava bem.

— Não acredito! — Disparei, cruzando os braços. Ele franziu o cenho. — Eles armaram pros nós.

— Como?! — Ele inclinou-se m pouco para a frente, como quem se esforça para escutar melhor.

— O Chace e a Blake. — Soltei um suspiro de indignação — Ela também marcou comigo aqui e eu estou esperando por ela há uma hora. Ela nem ao menos respondeu minhas mensagens. É claro que há dedo dela nisso.

— Eu encontrei com a Blake vindo para cá, ela estava na piscina do hotel. — Ele apontou para trás um tanto alienado.

— Não acredito que ela fez isso!

— Eles fizeram. — Ele corrigiu.

— Que seja! — Dei de ombros — Ela estava com o Penn?

— Não. Ele estava entrando no quarto quando eu saí e estava com aquela cara de poucos amigos.

— Coitado. Eu tenho até pena dele, sabia? — Confessei, mordendo os lábios, ainda pelo impacto da surpresa.

— Eles são tão esquisitos. Você acha que nós seríamos assim algum dia?

Lancei um olhar furioso para ele para tentar disfarçar o pânico que aquele "nós" me causou.

— Ed, por favor. Vê se não começa!

Bufei irritada demais para continuar. Eu não queria mesmo ter com Ed àquela altura do campeonato. Ainda não estávamos totalmente curados.

— Será que eu posso, pelo menos, me sentar?

O encarei, sentindo-me um pouco fora de área e, quando ele insistiu apontando para a cadeira ao meu lado, apenas respondi com um aceno.

Ele sentou-se e pegou o cardápio. Tomei fôlego e também me sentei, encarando o celular sobre a mesa.

— Como você está? — Ele indagou, olhando atentamente para o menu.

— Ótima. Nunca estive melhor.

— Que bom. Eu também vou bem. Obrigado por perguntar! — Ele projetou um sorriso de canto.

Pisquei algumas vezes, perplexa, mas sua risada de menino me desarmou.

— Desculpe. Eu... estou muito cansada hoje. — Confirmei o que dizia com um longo bocejo.

— Estou brincando, Leigh.

Respondi com um meio sorriso e olhei para o outro lado, sem conseguir disfarçar meu desconforto. Eu achava que iria pirar.

— Legal isso aqui, né? — Ele continuou a tentar forçar aquela reaproximação, agindo de maneira completamente natural.

Ficava cada vez mais intrigada. Como ele conseguia?

Sem responder, continuei bebendo meu café, sentindo seu olhar me fitando do outro lado da mesa, enquanto eu olhava para fora. Diria tantas coisas se pudesse, mas eu apenas continuei quieta, concentrada no mundo lá fora, apenas contando os carros que passavam.

Meu celular vibrou e, imediatamente, chamou a atenção de ambos. Nós olhamos ao mesmo tempo para o centro da mesa e eu concluí que não havia como aquele encontro inusitado se tornar ainda mais constrangedor.

O nome de Sebastian cintilava na tela.

Em um impulso súbito para a frente, apertei o botão ignorar. Ed ergueu os olhos do aparelho e prendeu-nos aos meus novamente. Mas, agora, seu sorriso confortável havia desaparecido.

Há! Era essa a única maneira de abalar seus sentimentos. – Pensei comigo.

— Vejo que você ainda tem saído com todos esses idiotas.

Pressionei os lábios, soltando uma risada incrédula por ouvir tamanho absurdo em seguida.

— Como é que é? — Apertei os olhos o mais forte que pude e cruzei os braços — Quem você pensa que é para falar assim? É o rei da Inglaterra ou algo do tipo? Quem morreu para te colocarem no trono?

— Eu não sou ninguém, Leighton. Estou dizendo apenas o que eu vi naquela noite. Me diga que estou exagerando e eu me calo.

Abracei ainda mais meu próprio corpo, morrendo de vontade de sair correndo dali, mas sentindo-me orgulhosa demais para me mostrar tão abalada.

— Seja lá o que você viu, não devo nada a você e eu não tenho por que me esconder. Sou adulta, livre e não me arrependo!

— Bacana! Ainda joga isso na minha cara. Eu nunca vou conseguir entender você!

Que audacioso! Quem era ele para falar em jogar algo na cara, quando ele mesmo carregou aquele encosto até a minha festa apenas para convidados bem selecionados?

Não era eu que estava perdida e sem direção, mas ele nunca veria isso, porque estava ocupado demais embarcando em um mundo de ilusão, chamado Edlândia.

Debaixo de todas as luzes no céu noturno
Você se afasta, então você desaparece

— Eu não estou fazendo nada, Ed. Nossas vidas apenas estão seguindo seus cursos. Sejamos adultos e encaremos isso, ok?!

— Você se esquece rápido das coisas, não é?

— Desculpe?! — Franzi o cenho em total indignação.

— Esqueceu que já fizemos parte da vida um do outro e que eu conheço você. Ou... pelo menos, achava que conhecia. Tá na cara que você está jogando. A Leighton que eu conheci não se rebaixaria a esse nível.

— O que você está insinuando? Seja o que for, eu não admito!

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, sem piscar ou se mover. Apenas fuzilando-me com aquele olhar frio que me apavorava.

— Que você está sendo extremamente mesquinha!

A abalo foi tamanho que preparei-me para responder, mas todas as palavras morreram em minha garganta antes que eu pudesse dispará-las.

— E eu desaprovo isso! E também não concordo em te ver com aquele cara. Ele vai te machucar e eu não vou estar lá para recuperar você quando você precisar. — Ele continuou.

Bati as mãos e soltei uma gargalhada alta. Como ele se atreve a me dizer quem devo ser?

— E daí, Ed?! E daí? Quem se importa se você discorda? Quem disse que preciso de você para me recuperar? Não há ninguém aqui para você salvar! — Segurei firme a xícara sobre a mesa e projetei minha expressão mais firme — Será que você não consegue entender que você não sou eu e também não é nada meu? Você não é nada.

Ele ajeitou a gola da camisa e olhou para baixo com um pigarro baixo.

Eu não estava com Sebastian. Muito menos havia atendido suas ligações durante as últimas semanas, mas eu permitiria que Ed soubesse disso.

— Eu posso entender isso. — Ele disse — Eu posso entender tudo, Leighton: sua aversão à exposição, sua necessidade de esconder o que sente e o seu medo de ser decepcionada. Mas não posso entender por que você me afasta ou porquê você tem medo de mim e se joga nos braços de qualquer outro.

Por um tempo considerável me mantive calada. A verdade era que seu discurso me deixou completamente sem palavras. Meu coração não parava de bater disparado.

— E você não é nem capaz de dizer algo sobre isso. — Ele concluiu, olhando-me de soslaio.

Senti vontade de rir novamente, pela coragem que ele teve de fazer aquilo de novo. Ele só poderia estar brincando comigo. Foi ele quem deixou aquela carta e partiu. O que ele esperava que eu dissesse, além do que ele realmente merecia ouvir?

— Eu não tenho medo. Só não quero mais nada com você! — Respondi secamente. Não queria dar detalhes sobre meus pensamentos. — E, para o seu governo, eu apenas estava assimilando o que você disse e tentando entender como é que você ainda tem coragem de querer exigir algo. Isso é o cúmulo do absurdo para mim!

— Estou apenas dando minha opinião. — Disse, sério, enquanto beliscava o pãozinho no centro da mesa.

— Você tem opiniões? Que ótimo para você, todos nós temos direito a elas. Mas o fato aqui é que eu nunca perguntei! — Retruquei furiosa.

Ele apertou os lábios e olhou para os lados, apenas digerindo minhas palavras amargamente.

Eu queria chorar, mal conseguia respirar enquanto ficava ali fingindo que era a pessoa mais forte do mundo. Eu odiava decepcioná-lo, mas eu não ia me afundar por causa dele. Pelo menos, não, em sua presença.

"Não há ninguém aqui para você salvar..."

— Para falar a verdade, eu nem sei o que ainda estou fazendo daqui. Já chega! — Me preparei para levantar e ele ergueu uma mão para mim, fazendo com que eu parasse.

Ergui os olhos para ele, apreensiva, esperando por um milagre que o fizesse recuperar o senso, quando ele respondeu:

— Não! Você fica. Eu vou.

Incapaz de questionar, voltei a acomodar-me confortavelmente na cadeira, projetando um olhar carregado de indiferença, enquanto o via se afastar com as mãos nos bolsos e um olhar morto.

— Ótimo! — Falei um pouco mais alto do que deveria, atraindo a atenção dele e de outros clientes em mesas próximas. — Então deixe-me agradecer pelo seu tempo, e tente não desperdiçar mais o meu me procurando. — Ele tentou dizer algo, mas, dessa vez, eu o interrompi — E saia logo daqui antes que eu fique enjoada de olhar para você.

Em resposta, ele apenas virou-se de costas e partiu o mais rápido que pôde, deixando no ar sua fragrância, sua presença marcante e o tom grave de sua voz que não parava de ecoar em meus ouvidos.

Eu não consigo mais. Não vou conseguir seguir em frente assim.

Concluí, sozinha, desfazendo-me de toda a postura e desabando sobre a cadeira de madeira escura onde soltei um suspiro profundo.

Estou contando os dias até que eu traga você de volta para mim finalmente

Eu imaginava que nada me faria querer voltar atrás no caminho que eu havia começado a trilhar quando decidi que queria fazer parte do elenco da série. Mas, agora, com toda essa situação entre Ed e eu, eventualmente, me pegava pensando sobre isso. Era loucura!

Conseguindo controlar minhas emoções, pedi um suco de melancia e mudei de acento. Acomodei-me na parte exterior do estabelecimento, saboreando da brisa fresca que acariciava a minha pele e da melodia suave que o mar tocava, indo e vindo sem nunca se cansar.

Aproveitei o momento para pensar um pouco em mim: em momentos marcantes, lembranças, pessoas... Logo, lembrei da ligação de Sebastian e comecei a pensar sobre aquela noite.

Agora, com os pensamentos mais claros e com o coração um pouco mais livre de meus tormentos, pude enxergá-lo com um pouco mais de precisão. Era um homem muito bonito e mais maduro, de certa forma. Além disso, ele tinha o seu lado gentil, apesar de ser um pouco louco. Era educado e também super divertido. E ainda tinha um beijo de causar parada cardíaca até em atletas. Sentia as pernas bambas só por lembrar.

Pensei sobre o que a Blake havia me dito no começo daquela semana e, então, concluí que deveria fazer algo completamente altruísta. Ed não me machucaria mais com suas atitudes se eu me conectasse com outro alguém que me fizesse esquecê-lo por completo.

Eu precisava de alguém que emanasse a mesma energia que eu e que fosse um braço direito para mim naquela nova fase da minha vida.

Eu não sentia absolutamente nada por Sebastian. Muito menos gostava dele a ponto de querê-lo ao meu lado para assumir esse papel em minha vida. De qualquer forma, eu sentia que seria legal ter com quem sair para ter um pouco de diversão de vez em quando.

Encarei o telefone celular a minha frente, decidida a tentar ser aquela tal nova versão minha que eu tanto esperava ser. E eu começaria fazendo algo que minha antiga versão nunca ousaria.

— Alô, Sebas?! Oi. Aqui é a Leighton... — Fiz uma breve pausa — Meester.   — Funguei baixo e recolhi a lágrima que deixei escapar —Estou bem e você?! O que tem feito ultimamente?


Meu coração amarrado precisa
dos seus olhos de anjo
Eles me rasgam e eu sou hipnotizada
Vamos pegar os pedaços de
tudo o que restou de mim
Eles são seus para guardar 

(5SOS - Lost in reality)

xx

Liguem para a polícia se eu não voltar em 5 dias

xoxo, nay :))

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