ADARIS

By NKennett

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A cidade de São Paulo está pipocando de gente maluca e para variar, agora tenho duas dessas em meu quarto, te... More

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
L1(LIVRO 1)|| AS FILHAS DE GUENDRI
L1|| I. Se Você Não Voltar, Eu Te Busco
L1|| II. Eu Quero Ficar Aqui
L1|| III. No Coração Da Cidade
L1|| IV. Bauer Inc.
L1|| V. Cobras, Jaquetas e Prédios
L1|| VI. Paulista vs Pamplona
L1|| VII. Lar Doce Lar
L1|| VIII. Sempre Tem Uma Festa
L1|| IX. ETOH
L1|| X. Obrigada, Privada
L1|| XI. Estranhas
L1|| XII. Verdades Em Pequenas Doses
L1|| XIII. Intromissões Vizinhas
L1|| XIV. Céu e Peito Aberto
L1|| XV. Deportiva Cali
L1|| XVI. O Vestido
L1|| XVII. Águas Rasas
L1|| XVIII. A Vista Mais Linda
L1|| XIX. O Lírio Da Rua Augusta
L1|| XX. Abra Sua Mente
L1|| XXI. Mílisegundo
L1|| XXII. Essências E Discordâncias
L1|| XXIII. Acerte o Tempo No Escuro
L1|| XXIV. Maestral
L1|| XXV. Outras Formas de Heroismo
L1|| XXVI. O Doutor
L1|| XXVII. Psicologia Avançada
L1|| XXVIII. Seus Sinais
L1|| XXIX. Língua No Pescoço
L1|| XXX. Defina "Sorte"
L1|| XXXI. Flores
L1|| XXXII. Contra a Parede
L1|| XXXIII. Veni, Vidi, Vici
L1|| XXXIV. Nunca Mais Eu Bebo
L1|| XXXV. Marcas Em Sangue
L1|| XXXVI. Número Errado
L1|| XXXVII. É De Minha Natureza
L1|| XXXVIII. Você Parece Com Ela
L1|| XXXIX. A (F)Utilidade da Resistência
L1|| XL. Eureka!
L1|| XLI. Resoluções Noturnas
L1|| XLII. Não Há Como
L1|| XLIII. Quando o Chão Se Abre
L1|| XLIV. Temos Companhia
L1|| XLV. Ele
L1|| XLVI. Despedace-me
L1|| Perdoe-me a Interrupção
L1|| XLVII. Predador & Presa
L1|| XLIX. Toda Maldita Vez
L1|| L. Quem é Você?
L1|| LI. Você é Meu... Fim
Considerações Finais do Livro I
☆Personagens Principais☆
☆MÍDIAS - Parte 1☆
☆MÍDIAS - Parte 2☆
L2 (LIVRO 2) || SUA COROA, MEUS ESPINHOS
L2|| I. Céu Desconhecido
L2|| II. Explique-se
L2|| III. Nada Sobre Menos Ainda
L2|| IV. Vejo Graça Em Seu Pudor
L2|| V. Eu Não Quero Voltar
L2|| VI. Cinco Anos Em Cinco Minutos
L2|| VII. Deveras Impaciente
L2|| VIII. Danse Macabre
L2|| IX. Rótulo Preto, Líquido Âmbar
L2|| X. No Lugar Certo, No Mesmo Dia
L2|| XI. No Momento Exato
L2|| XII. Coincidências Demais, Não Acha?
L2|| XIII. Raramente O Universo É Tão Preguiçoso
L2|| XIV. Há Quem Chame Isso de Destino
L2|| XV. "Inspiração"
L2|| XVI. Até Chegar No Chão
L2|| XVII. Verdades Em Grandes Doses
L2|| XVIII. Desconfiados
L2|| XIX. Ervas Daninhas
L2|| XX. O Fim Do Trato
L2|| XXI. Um Velho Amigo
L2|| XXII. Un Cirque Psychologique
L2|| XXIII. Nada Doce Lar
L2|| XXIV. Informações E Seus Preços

L1|| XLVIII. Zero Absoluto

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By NKennett

Nunca me senti tão pequena e fria em toda minha existência, desde a frente da casa de Igor quando me pegaram até aqui, agora sendo arrastada até o salão principal do "castelo" de Garou.

Nos descobriram.
Me pegaram.
Valkírias me encontraram e me arrastam sem dó.

Eu desisti de chutar e gritar. Chega uma hora que cansa. Eu já não estou nas melhores das condições físicas, especialmente depois de ter de fugir de uma besta aviária gigante no mundo humano. E agora isso.

Duas Valkírias. Eu as conhecia pessoalmente. Cada uma delas segura meus braços firmemente. Não soltam nem por um segundo. Sem falar uma única palavra desde que me encontraram, nem responder minhas inquisições.

E para piorar tudo, quando chegamos em Adaris eu vi a última pessoa que queria ver aqui.

Verena.

Sendo puxada pelo cabelo por uma carrasca semelhante a minha. Ela está molhada, com várias manchas roxas em suas roupas e me pergunto o que acontecera pois aquilo é sangue de Valkíria.

Grito seu nome mas ela não me ouve de imediato. Quando ouve, a amazona que a mantinha lhe bateu com tal força que a apaga.

Eu estou tão cansada de me debater. Mal tenho forças para andar e agora, depois de me manterem numa cela escura, elas literalmente me arrastam por um corredor. 

Como tudo acabou assim?
Como eu vim parar aqui?

Chegando no salão de Garou, eu o vejo próximo a Verena que está de joelhos a frente dele e parece ter sangue correndo por seus olhos. Ela o olha, hipnotizada. A primeira coisa que fiz foi gritar seu nome, de novo. Chamá-la, quebrar o transe no qual parece estar. Ela é inocente, não tem absolutamente nada a ver com isso e eu me afogo em remorso pois está aqui por minha causa.

Mas ela não me ouve, não vira para mim. Garou teve que forçá-la a me olhar para responder a perguntar que ele fez. Se ela me conhecia. Quando parece quebrar de seu encanto, chama meu nome, avançando até mim.

Não, Verena, não!

Garou a puxa pelos cabelos, num forte retranco. Com uma mão dando uma volta quase completa em sua nuca, Garou mantém controle sobre Verena como uma marionete. Ela se debate, ele a ergue do chão e a vira de frente para ele.

— Garou, por favor eu imploro! Deixe-a ir! — É tudo que consigo pensar dizer.

— Caliandrei... ou melhor dizendo, "Cali" — Debocha. — Patético, não acha? — Ele diz observando Verena com curiosidade. — É isso aqui sua cúmplice? Inferior. Efêmero. Fraco. É com a assistência disso que se rebela contra seu Regente?

"Isso" é Verena. Ele a estuda atenta e genuínamente curioso, morbidamente interessado em sua fragilidade humana. Mais uma vez eu imploro que a coloque no chão e a poupe disso.

E para minha surpresa, dessa vez ele o faz. As Valkírias a seguram novamente enquanto ela tenta com tudo em si recuperar sua respiração.

Garou volta para seu trono e entre o silêncio pesado, as altas tosses de Verena e meu fraco chorar, ele se senta e parece ponderar calmamente.

— Não posso dizer que não esperava que algo do tipo acontecesse. Se não esperasse, não teria fechado todas as entradas e saídas de Adaris ou proibido a abertura de portais. Populações se rebelam. É comum em qualquer Mundo. Espíritos jovens e altruístas sempre se erguem para enfrentar suas autoridades, figuras conservadoras. Alguns acham isso fascinante. Eu acho entediante. Repetitivo. O que acha, minha querida "Cali"? — Sua extremamente calma voz troveja no salão e eu não respondo. — Seu momento heróico durou o suficiente? Rendeu-lhe frutos? Seu plano funcionou? — Ele descansa seu cotovelo sobre o braço do trono, uma das mãos inquietas, dedos se friccionando. — Valeu a pena?

Seu zombar é velado e isso só me provoca. Vê-lo tão calmamente falar sobre todo o inferno pelo qual passei é um insulto, mais ainda do que me arrastar até aqui. 

Mesmo acabada e vencida, num breve acesso de raiva eu reajo.

— Esse trono não te pertence! Adaris não é sua, seu mentiroso! Guendri...

— Guendri não está AQUI! — Começando a frase calmamente e a terminando com um grito que estremeceu as janelas, Garou se levanta e vem até mim. — O que pretendia com tudo isso, huh? Pôr nosso povo em perigo ao nos expôr a esse tipo? Abrindo portais para que perigosos seres andem entre nós? Certamente já viu o mundo dessa espécie! — Aponta para Verena.  —Destroem-se pouco a pouco apenas pelo prazer de destruir! É isso o que quer para nós?

Garou perde a calma aos poucos. Já eu? 

Literalmente não tenho mais nada a perder.

Agora é a hora e eu não vou me acovardar.

— Não! — Minha voz sai timidamente. — Você traiu Adaris. Você é o perigo, um monstro a espreita que devora nossa terra, nos destrói, nos divide e nos corrói, por dentro e por fora! Vive nos enchendo de medo, nos convencendo de que fomos abandonados. — Ergo minha cabeça e agora grito a ele com o pouco de coragem que me resta desta jornada. — Um megalomaníaco que se acha nosso dono! Quem te deu autoridade sobre nós? NINGUÉM! VOCÊ NÃO É NINGUÉM! UM TIRANO SOZINHO E MENTIROSO! NOSSA LIBERDADE NÃO LHE PERTENCE! — Minha boca não pára de gritar. — Um ditador inútil que só sabe nos fazer viver no medo e desavenças, só consegue nosso respeito assim. Você se aproveitou da ausência de Guendri para nos escravizar. Nos vender, nos dar para outros como você! Roubar nossa magia! Guendri não te escolheu, você não é seu legítimo herdeiro. TIRA ESSA COROA QUE VOCÊ NÃO É REI DE NADA NEM DE NINGUÉM!

Eu nem acredito que disse tudo isso! Tudo o que está entalado em minha garganta há tempos finalmente saiu sem freios.

Garou olha em meus olhos por um momento, taciturno. Eu não sei dizer se minhas palavras lhe atingem ou não. Eu o encaro de volta, exausta, tremendo. A sala está em perfeito silêncio, ninguém emite um som sequer.

— Tragam o elfo. — Ele diz depois de um tempo sem desviar o olhar de mim. 

Não... não, por favor, não seja o que eu estou pensando!

Duas Valkírias saem e quando voltam, confirmam meu maior medo. 

Entre elas duas, trazem um quase inconsciente Igor em sua forma natural verde, pesadamente sendo arrastado. Elas o jogam ao chão em frente ao trono de Garou.

Me pergunto como foi que nos descobriram. Quando. Como. Quais foram as pistas que deixamos. De qualquer forma, eu os levei até Igor. Eles descobriram sua residência por minha causa e eu nunca me perdoarei por isso.

— Vêem por que faço o que faço? — Garou começa a andar lentamente em meio aos presentes, as Valkírias em posições militares, Verena no chão tentando ao máximo não olhar para Garou. — Este ser  fora expulso quando seus atos mostraram-se subversivos a existência de Adaris. — Mente descaradamente! Igor fora expulso por não aceitar se submeter a tirania de Garou. — E agora... prova mais uma vez sua traição. De seu exílio, planejou a queda do Mundo que o expulsara. Fui misericordioso quando o deixei sair com vida. Observem como sou retribuído por ser um deus justo.

Que grande canalha! Garou não é um deus e só um completo idiota acreditaria nisso! Tive que morder minha língua para não dizer nada.

— Optei pela paz e sou pago com rebeldia e traição. — Garou continua. — Fomos abandonados. Largados as traças com a promessa de que alguém seria deixado responsável pelos eixos mágicos e proteção de nosso mundo. Mas Guendri se foi sem deixar nada, nem ninguém. — Garou dá uma volta completa no salão, se encontrando a minha frente novamente. — Encontrou o que procura, Caliandrei? Encontrou Guendri? E as mentirosas lendas que nos alimentara antes de partir? — Murmurou baixinho a minha face. — Como é lutar por um deus ausente? Diga-me Caliandrei, estou curioso. Como é se sacrificar por alguém que não dá a mínima a seu sacrificio? — Ele toca meu rosto. — Olhe para você... seu rosto. Suas mãos. Eu proibi essa magia por um motivo... para o seu próprio bem. Olha o que ela fez de você.

— Meus erros ou acertos são minhas decisões e não suas! Eu não pertenço a você nem lhe outorguei o poder de tomar decisões por mim! — Desviei de seu toque que irrita minha pele. Tudo o que eu quero é liberdade. Algo que sempre foi meu mas que me foi roubado por Garou. Liberdade minha e dos seres de Adaris. Todos nascemos livres. É nosso direito e estado natural. Até um maldito qualquer achar que não e tentar mudar isso. — Eu faria tudo de novo, e de novo, e QUANTAS MALDITAS VEZES PRECISAR! — Grito em sua face. — Você pode me matar mas a idéia continuará. Outra como eu vai se erguer. Isso não acaba aqui,e você sabe bem disso! Não há nada que você possa fazer, Garou. Suas regalias, suas festinhas, sua corrupção estão com horas contadas. As Filhas de Guendri existem e eu mal posso esperar para ver sua o que elas farão de você!

Vi as íris de seus olhos prateados expandirem. Foi rápido, numa fração de segundo mas vi. 

Ele sentiu minhas palavras por sob sua pele.

— Quem lhe alimentou essas fábulas? — Garou tenta se conter. Como eu não digo nada, ele anda até Igor novamente. Minhas palmas formigam com o prospecto do que pode acontecer. Mas não respondo. — Estava tão falante, por que se cala agora? Responda-me, você encontrou sua "Regente"? Perseguiu sombras e mitos inventados por seres que desejam nos destruir. Estamos curiosos, Caliandrei. — Sua voz estremece o lugar, posso sentir o pequeno terremoto sob meus pés. — Aonde está Guendri? E suas filhas?

— Se eles não existem querido regente, por quê me pune por tentar encontrá-los? — Falo por entre os dentes.

É difícil ler Garou, seu exterior calculista se mantem calmo em um avassalador e perigoso garbo constantemente. Mas minha pergunta acende uma pequena ira por trás de seus olhos.

E eu vejo as chamas.

Se não tivessem aceso, ele não pegaria Igor pelo pescoço num ligeiro ato que meus olhos mal podem acompanhar.

— Tudo o que fiz e que sacrifiquei. — Garou arrasta Igor até minha frente. O pânico já começa a me devorar pedaço por pedaço. — Foi para o bem de nosso mundo, de nosso povo. O seu bem. A desordem e o caos após o abandono e o descaso de seu deus, nos trouxe até aqui. GUENDRI É O UNICO CULPADO. — O desprezo que sente por Guendri é palpável em seu tom.

— Garou, por favor...

— E se temos culpados, precisamos de alguém para declarar a sentença. E toda sentença dada precisa de alguém para pagar a pena. Concorda?

— Garou... não...

— Lembre-se que sua insolência e desobediência a pôs de joelhos diante de mim. Lembre que colocou todo o seu povo em perigo. JAMAIS CALIANDREI, JAMAIS SE ESQUEÇA DISSO.

Em um rápido movimento Garou coloca Igor de joelhos, com uma mão segura sua cabeça por seus cabelos e com a outra firma seu ombro para baixo.

Mas o que meus olhos veêm em seguida, meu cérebro não consegue registrar.

Eu não sei mas eu acho que estou gritando. Acho que chamo por seu nome, repetidas vezes até minhas cordas vocais doerem. Uso todo o ar que tenho em meus pulmões, posso sentí-los retrair e tocarem os ossos em minhas costas, chegando naquele limite no qual se acha que vai morrer, que nunca mais poderá respirar de novo. 

Mas eu não posso me ouvir gritando.

Não há barulho. Há frio, apenas muito frio a minha volta. Dentro de mim, frente fria em ventania torturante. As fibras que conectam as paredes do meu coração congelam. Tudo morre; pára no tempo. Um ar glacial estático e imutável.

Inerte.

Quando a energia cinética e térmica mutualmente se equivalem.

Zero absoluto.

Onde eu apenas olho calada a cabeça de meu melhor amigo rolar até mim. 

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