L1|| XLVI. Despedace-me

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Escuridão aos poucos se transforma num prisma de luz novamente assim que saímos do vórtex bizarro pela qual a Valkíria me fez passar

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Escuridão aos poucos se transforma num prisma de luz novamente assim que saímos do vórtex bizarro pela qual a Valkíria me fez passar.

Chegando onde quer que seja este lugar, a cavala maldita me joga com força no chão e eu vomito, nauseada da nossa pequena viagem cósmica.

Céus? É assim que fadas atravessam os mundos? Passando por um liquidificador?

De quatro no chão dou uma olhada nos meus braços e agora vomito pelos pedaços de seres não-humanos que se encontram sobre mim, especialmente pelo dedo sem unha que vejo agarrado em meu cabelo que cai sobre meu rosto.  

Mesmo gorfando assim, a intensa sensação de ter acabado de sair de uma centrífuga não passa.

— Levante-se! — Late odiosamente minha captora.

— Aonde estamos? — Pergunto ainda no chão e achando que ela vai responder.

Me arrependo de perguntar assim que ela me acerta um tapão na lateral da cabeça que me deixa surda do lado direito. Meu ouvido agora zune. A Valkíria me força a ficar de pé e a começar a andar, uma mão segurando-me pelo cabelo, outra em meu braço.

Mesmo com dificuldade dada a minha situação, observo meus arredores.
Onde quer que eu estou, não parece nenhum lugar que já estive.

A seca terra desse chão tem tons marrons e verde escuro. Plantas são grandes mas não verdes ou marrons, como as de meu mundo. São pretas, secas e compridas. Algumas tem algo que parecem folhas, muitas outras não. Não começam apenas no chão mas sim por todos lados, incluindo o céu. Algo pinga de algumas delas, um tipo de orvalho bizarro de cor vermelho escuro. Um desses pingos cai em meu all star branco e para meu choque parece vivo, vai rolando de um lado para outro.

Dou um grito, paro de andar e começo a chutar meu pé no ar, querendo me livrar daquele negocinho esquisito. A Valkíria ignora meu chilique, me puxando para perto de si novamente e me arrastando consigo.

É confuso olhar para o horizonte. Ele move mas não girando lentamente, como na Terra. Não, ele dá umas tremidas ás vezes, daquelas que você tem que olhar de novo para confirmar que aconteceu. E ele muda de cor depois da tremelicada, mantendo um tom escuro e alaranjado, te fazendo duvidar se mudara mesmo.

Que raio de lugar é esse?

Tento me livrar da mulher como fiz com sua amiguinha antes de vir parar aqui. Tento aproveitar algum momento de fraqueza dela. Tenho que usar esse meu jeitinho brasileiro para alguma coisa, tirar vantagem quando ela estiver de bobeira. Ela tem que dar bobeira algum momento!
Um segundo pode ser tudo o que eu preciso e a única vantagem que eu tenho.

Apesar de eu estar cansada e quase surda de um ouvido, assim que a chance aparece, percebendo que ela afrouxa sua pegada em meu couro cabeludo, puxo meu corpo contra o dela. E já que eu estou á sua frente, faço de tudo para lhe acertar a única parte de seu rosto que não está coberta por armadura: seu queixo.

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