Paloma, que me encarava atenta, deu um passo a frente, ficando mais próximo. Voltei minha atenção à ela.
— Tudo bem?
Perguntou ela, com receio, pondo as mãos no meu ombro esquerdo. Assenti, respirando fundo.
— Sim.
A voz falhada que arranhou minha garganta para sair, deixou nítido a angústia.
Ela me analisou, entortando um pouco os lábios.
— Ok então. Vem, vamos descer.
Chamou ela, dada por vencida.
Não saí do lugar, a ficha começou a cair. Eu precisava soltar o que estava dentro de mim. Encarei a gaita em minhas mãos.
Ele foi embora, se casar.
— Paloma, não! Não está tudo bem, não está.
Gritei, carregando meu corpo até ela e pulando em seu colo, enquantor. Ela me apertou e afagou meu cabelo.
— Você é muito transparente, sabia? Eu sei que não está, seus olhos me disseram. Vem aqui, vamos sentar ali e você vai me contar tudo. Prometo que nada vai sair daqui, vamos.
Paloma sussurrou tudo calmamente pra mim. Afastei um pouco meu corpo e olhei-a indecisa mas mesmo assim, assenti pra ela.
Ela se virou, fechou a porta do terraço, caminhou até aonde eu estava e me guiou até o vão do terraço, nós sentamos uma de frente pra outra.
Ela ia começar a falar algo mas eu não me contive.
— Eu acho que, to gostando do homem que me colocou aqui.
Paloma me olhou sem nenhuma reação de surpresa e deu um longo suspiro.
— Isso está nítido. Quem entende sobre essas coisas, percebeu isso naquela sala e quem não entende, ficou com um baita ponto de interrogação no rosto.
Nós duas demos uma risada fraca em sintonia.
— Mas as coisas são muito difíceis.
Genial isso, mini-Gustavo! — caçoou meu subconsciente
Ela assentiu.
— Eu sei que são, ainda mais nessa situação.
— Sim, ele é noivo, meu chefe, fez mil coisas com a minha vida, isso nunca poderia acontecer. Mas agora, ele já foi embora.
Ela pareceu analisar cada palavra que saiu da minha boca, pensativa. Paloma parecia analisar a situação, calmamente.
— Ele te dispensou?