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Eu já sabia, perguntava porque no fundo, queria me martirizar e me punir por acreditar em minhas expectativas.

Mirela deu uma pausa, pensativa e, por final, contorceu o rosto, suspirando pesado.

— Olha, Gabriela, eu não sei o que está acontecendo entre você e...

Ela engoliu em seco, travada e me olhou nos olhos como quem pedia para que eu entendesse.

— Gustavo.

Ajudei, calmamente. Ela assentiu.

— Isso, e também não sei o porque do seu choro e tudo isso aqui. Olha, eu não quero me meter em confusão, eu sinto muito pelo que tá acontecendo com você, espero que fique tudo bem, mas, agora, é melhor nós descermos.

Ela metralhou tudo rapidamente. Assenti com a cabeça de volta, eu também não queria causar problemas para ela.

— Tudo bem.

Dito isso, Mirela me chamou com as mãos, dando dois toques na porta e saiu do quarto.

Suspirei algumas vezes na tentativa de me acalmar e levei as mãos ao rosto, alisando.

Baguncei meu cabelo, jogando-o para o lado e me olhei no espelho de longe. Meu rosto vermelho e inchado não escondia que eu havia chorado.

— Droga, eu te odeio, senhor choro.

Sussurrei para meu reflexo e dei algumas batidinhas no rosto. Eu queria um milagre, que passasse as mãos e o rosto pararia de ficar inchado.

Sonho!

Logo, na realidade, corri para fora do quarto e me direcionei a escada. A desci devagar, não estava confiando muito nas minhas pernas, elas estavam trêmulas demais para que eu depositasse confiança.

Quando cheguei ao topo do último degrau, os olhares se voltaram a mim. Corei, envergonhada e passei meu olhar por todos.

Mirela, Paloma e Manuela estavam encostadas no sofá em fileira. Em frente à elas, Vitória estava de mãos dadas com Patrícia, Vitor ao lado e Gustavo de mãos dadas com a noiva.

Engoli em seco e fui caminhando até as meninas, senti os olhares me acompanharem fielmente.

— Até que enfim ela desceu, meus pés estão doendo já, môzi. Tenta falar rápido, não aguento mais não.

A voz fina e enjoada da noiva de Gustavo sussurrou autoritária. Um sussurro bem alto, por sinal, ela queria que eu ouvisse.

Ignorei, eu não estava realmente com atenção para dar aquilo. Parei ao lado de Paloma e ela enlaçou nossos braços, devagar.

— Esse nariz vermelho e rosto inchado me devem uma explicação depois, e não me deixaram subir.

Assenti, apertando sua mão.

— Tudo bem.

— To com você!

Aquilo encheu meu peito de conforto. Eu já tinha criado um carinho enorme por ela. Desde que cheguei aqui, Paloma me ajudava e fazia com que tudo ficasse um pouco menos difícil. Iria ser grata a ela por toda força e conexão para sempre, disso eu tinha certeza.

Pisquei para ela, emocionada.

— Obrigada, por tudo.

Sussurrei.

Quando voltei a prestar atenção, percebi que o silêncio tinha tomado conta da sala. Todos esperavam Gustavo abrir a boca.

Desviei meu olhar para o chão e tentei tirar meus pensamentos dali. Já havia me submetido a coisas demais hoje. Eu só queria que ele falasse tudo bem rápido, para que eu pudesse sair dali.

Santo Deus, faça essa tortura acabar!

La putaWhere stories live. Discover now