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Fiquei longos minutos esperando dentro daquele carro. Um turbilhão de coisas passava pela minha cabeça.

Gustavo saiu da grande porta, seu semblante fechado e nervosismo eram nítidos. Ele caminhou rapidamente até a porta do carro e eu destravei. Gustavo entrou, fechando o pino e me encarou.

— Cadê a chave?

— O que está acontecendo?

Perguntei, lhe entregando.

Ele desviou seu olhar, e ligou o carro.

Os seguranças saíram da porta, correndo até o carro e apontando armas.

Gustavo puxou o banco ao meu lado, deitando ele.

— Abaixa, Gabriela!

Ele berrou, dando ré e descendo o vidro.

Gustavo apontou a arma de qualquer jeito e começou a disparar. Gritei, nervosa e coloquei as mãos sob a cabeça.

Os seguranças começaram a disparar também. Ele arrancou com o carro e eu levantei a cabeça. Gustavo atropelou o pardal que impedia de sair do estacionamento. E os tiros cessaram.

Ele jogou a arma debaixo de sua coxa e dirigia em alta velocidade.

Me levantei, o encarando, enquanto meus olhos se enchiam d'água pelo nervosismo.

— O que tá acontecendo, Gustavo? O que é isso tudo?

— Sua mãe, ela denunciou o bordel, ela tem um juiz que nunca consegui comprar com ela e todo apoio da polícia.

— Meu Deus!

— Meu olheiro na polícia civil me ligou hoje, dizendo que não havia dado pra avisar antes e que a polícia estava indo, naquele momento, para a boate. Vitória e Vítor ouviram e queriam matar você e sua mãe, enquanto eu dava uma boa grana para os polícias. Isso já havia acontecido antes e eu consegui resolver.

Ele explicou, passando a marcha e aumentando a velocidade.

— Mas não dava para resolver sem matar? Eu não entendo.

— Não.

— E agora, Gustavo?

— Agora, além de matar vocês, eles me querem também. Provavelmente a polícia já chegou lá.

— E você vai fazer o que? Santo Deus! Vamos voltar, se entrega.

Pedi, suplicando.

Ele me olhou, de rabo de olho.

— Vou me entregar, mas antes preciso te deixar em segurança, com a sua mãe e quem está protegendo ela. O dinheiro do seu trabalho está na mala também, ali atrás, vai ficar com você.

Fiquei em silêncio, não sabia o que falar.

(.....)

Ficamos parados em um sinal. Gustavo ligou o som baixo, enquanto a chuva caía. Ele apoiou a cabeça no banco, fechando os olhos.

Encarei cada detalhe de seu rosto. A boca rosinha, que se encontrava semi-serrada, os cílios gigantes, a barba completamente certa, as sombrancelhas fartas.

Virei meu corpo no banco e levei minhas mãos até seu rosto, fazendo carinho. Ele abriu os olhos e me encarou, levando suas mãos até as minhas.

— Por que você tá fazendo isso? Está acabando com a sua vida por minha causa.

Perguntei, emocionada.

Ele suspirou, rindo fraco.

— Eu já tinha acabado com ela à muito tempo. Você foi meu óculos, minha visão, apenas.

Respondeu.

— Não precisa ser assim, não precisa. Vamos fugir? Por favor!

Perguntei, desesperada.

Gustavo me encarava atento.

— Vai viver sua vida com o homem que destruiu ela? E toda vez que me olhar, lembrar disso? Não posso te sentenciar assim. Eu te amo demais pra isso.

Ô encarei mais forte, uma lágrima desceu do meu rosto. Respirei fundo e levei minhas duas mãos, segurando seu rosto. Selei nossos lábios e juntei nossos narizes.

— Eu te amo, também. Eu te amo.

Sussurrei.

Um peso enorme saiu de mim.

Gustavo se afastou, sorrindo e acaricou meu rosto.

— Você falando ficou mais bonito do que todas as vezes que imaginei isso saíndo da sua boca.

Brincou.

Os carros começaram a buzinar e voltei ao meu banco. Gustavo deu partida e ficamos em silêncio. Ele me encarava toda hora, enquanto dirigia e eu retribuia, sorrindo.

— Fala de novo?

Pediu ele.

— O que?

— Que me ama.

Ri.

— Eu te amo.

Gustavo me encarou e escutei uma buzina muito alta.

Olhei para frente e um caminhão vinha em nossa direção.

— Gustavo!!!!

Gritei.

Um grande estrondo alto se escoou pelos meus ouvidos e tudo ficou preto.

La putaWhere stories live. Discover now