113

41.1K 1.8K 147
                                    


— Não sei ao certo, acho que sim.

— Acha que sim?

Lembrei-me do que ele falou e como falou.

— É, ele veio me falar que eu consegui fazer uma parte da história dele valer a pena. Você tem noção disso, Paloma? Me deixou tão confusa.

Ela arqueou as sobrancelhas, contorcendo o rosto.

— Então, ele não te dispensou, oras!

— Não sei ao certo. Me sinto estranha, confusa. Eu realmente tenho a sensação de que tudo não passou de um jogo, minha razão diz. Mas o olhar dele me dizendo as coisas, eu não sei. Só poderia te explicar com clareza se você pudesse vê-lo falando. Ele não foi claro em nada e me deixou aqui, só com essa gaita, mas, não sei. Parecia sincero e real em alguns momentos.

Tentei explicar da maneira como senti. Respirei fundo ao soltar as palavras, tentando conter meus sentimentos.

Paloma continuava a me analisar, pensativa. Ela sabia que não poderia ir mais afundo porque de fato, só quem havia vivido saberia, e em toda essa confusão, só duas pessoas poderiam afirmar algo: eu e ele.

Depois de alguns minutos em silêncio, ela me puxou, me abraçando forte, enquanto esfregava minhas costas, deitei em seu colo, feito criança e tentei relaxar, soltando todo meu corpo.

[.....]

Me recompus depois de um tempo, minha cabeça doía, meus olhos ardiam e meu rosto com certeza estava inchado e vermelho. Era um saco ter que lidar com meus sintomas de choro a todo tempo, queria ser menos manteiga.

Me levantei do colo de Paloma e passei as mãos pelo rosto, tentando afaga-lo.

— Olha Gabi, acredite, Gustavo já sofreu muito nessa vida. Ele tem os motivos dele pra, hãn, não sei, fazer o que faz, então, hãn, apenas entenda e espere o tempo das coisas, ele resolvera tudo. Se for real, acontecerá.

Paloma disse tudo com muito cuidado. Cuidado esse, que até me pareceu estranho. Fiquei curiosa e franzi meu cenho, encarando ela nos olhos.

—  Que motivos, Paloma? Você sabe de alguma coisa que eu não sei?

Ela se moveu, inquieta e desviou seu olhar, se levantando, em seguida, do banco.

— Eu não sei de nada, só estou falando que, hm, para você deixar o tempo resolver. Ele explica tudo e cura. Bom, dizem.

Ela insistiu, séria. Estava mentindo, sua agonia a entregou.

— Está mentindo.

Insisti, convicta.

Ela negou com a cabeça e estendeu as mãos para mim, balançando-as.

— Não, baby, não estou. Venha, vamos descer, precisamos descansar.

Paloma trocou de assunto tão rapidamente que, naquele momento, resolvi me dar por vencida. Afinal, hoje, eu não tinha mais nada a perder, o dia já tinha sido exaustivo, eu não precisava de mais.

— Tá parecendo a peppa com esse rosto inchado.

Ela brincou assim que levantei do banco.

— Palhaça!

Mandei um dedo para ela e nós duas rimos.

Descemos e eu passei como um jato na sala, em direção a escada. Precisava de cama.

Manuela e Mirela se encontravam na cozinha rindo de alguma coisa aleatória. A sala estava completamente vazia, sem nenhum "chefe".

Subi as escadas, entrei no quarto e me joguei direto na cama. Olhei para a gaita e cheguei-a perto do meu rosto, fechando os olhos.

Adormeci com o rosto de Gustavo presente nos meus pensamentos. Estava lindo, a propósito, no terraço, tocando sua gaita, como de costume. Ele sorria, para mim, de longe, sereno e calmo, vestia uma blusa branca, de manga e uma calça preta. A áurea ruim tomou conta do sonho, tudo escureceu. Júlia apareceu, veio caminhando, em passos curtos e passou por mim, como um reflexo. Ela chegou bem perto de Gustavo, colocando a mão em seus ombros com autoridade e soltou uma gargalhada em minha direção, repetindo em sequência:

— Meu noivo! Meu! Meu! Meu!

Abri meus olhos rapidamente, tomando um susto. Estava suada e desnorteada. Engoli em seco, controlando minha respiração. Em seguida, mudei de posição, e depois de alguns minutos pensando, adormeci.

La putaWhere stories live. Discover now