150

31.4K 1.6K 221
                                    

— Júlia me deu duas semanas.

A voz de Gustavo escoou na sala, falha e sem força. Os braços dele ainda se apoiavam no armário, de costas pra mim e sua cabeça baixa deixava nítido a derrota em que ele estava.

— Duas semanas pra quê?

Perguntei, me aproximando calmamente.

— Pra eu me casar com ela e seu pai não pegar a boate.

Engoli em seco e continuei em silêncio.

Gustavo respirou, levantando e virando. Ele apoiou seu corpo nos móveis e encarou meus olhos.

— Isso seria o melhor, não? Para todos.

— Tive uma reunião com Vitor e Vitória, no começo dessa história toda. Nós concordamos em fechar essa casa. Cada uma ia ser vendida para um lugar. A Mirela não foi pra casa, ela concordou em viajar pra Islândia. Vendi ela no melhor preço que eu pude. Só que, não quitei as dívidas.

— Por que você não quitou?

— Coloquei tudo na sua folha.

Meu coração acelerou assim que ele terminou de falar.

— Por que você fez isso?

O olhar de Gustavo entrou em desespero.

— Porque Vitor e Vitória, juntos, tem quarenta porcento da boate. Eles nunca deixariam eu te liberar sem sua dívida paga. Eu estava tentando pagar, eu não suporto te ver aqui. Eu não suporto.

Gustavo sussurrou e pela primeira vez, ele estava totalmente desarmado. Seus olhos encheram de lágrimas e meu coração se apertou.

Eu não podia me sentir culpada por tudo aquilo mas já estava.

Corri até ele e ô abracei forte. Ele retribuiu.

(....)

Depois de alguns minutos, me afastei um pouco dele e alisei seu rosto.

— Aceite a proposta.

Gustavo me encarou com firmeza e fechou a cara.

— Nunca. Você não vai à lugar algum.

— Gustavo, aceite ou eu aceitarei. Você não percebe? Tá tudo errado. As coisas entre a gente nunca darão certo. Ainda mais dessa forma, você me comprando. Se não for eles, será você. Eu prefiro por quem eu não amo.

Acabei falando demais. Ou pelo menos a verdade tinha saído. Ele me olhou perplexo e se afastou.

— Você pode não querer minha ajuda pra sair daqui. Mas você não vai à lugar algum.

Ele respondeu decidido.

— Gustav..

— Gabriela, saía.

Ele ordenou, abrindo a porta e dando espaço para eu passar.

Lancei um olhar raivoso em sua direção e saí pisando firme.

La putaWhere stories live. Discover now