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Acordei mais um dia para procurar emprego. Desde que papai morreu, eu e mamãe estamos na luta de um emprego estável. Vivemos feito duas loucas no mercado de trabalho. Ela procurando mais um, eu tentando achar um.

Procuramos empregos nas maiores e menores vias de porte modesto.

Mamãe fazia de tudo. Ela se matava na casa dos Berroflot, um casal milionário da cidade, mas não era o suficiente para manter duas pessoas.

— Vamos a luta, garota!

Repetia eu, mais um dia, na frente do espelho.

Desci, indo até a cozinha, ainda sonolenta.

Chegando lá, vi mamãe sentada na bancada, com suas mãos sobre o rosto. Apertei meus olhos e ela soltou um soluço.

— O que houve, mãe? Por que está chorando?

Ela se assustou com a minha presença.

— Nada, Gabriela. Bom dia! Vá comer algo, você precisa ir para as entrevistas.

— Mãe, me fala?

— Gabriela, vá!

Gritou ela, me assustando.

Há algum tempo nossa convivência estava péssima.

— Não entendo quando foi que nós nos afastamos tanto, mãe. Eu só estava preocupada, me desculpe. Bom dia!

Dito isso, saí.

Antes da morte do papai nós eramos tão unidas, era tudo perfeito. A saudade dele me apertava também, mas tornou minha mãe em outra mulher, distante, ríspida e sombria.

[.....]

Hoje eu estava sentindo que uma grande oportunidade iria ser dada à mim.

Aprontei todos os meus papeis organizando-os dentro da bolsa. Por fim, olhei-me no espelho e prendi o cabelo em um coque.

Desci as escadas, já me direcionando a porta, estava com pressa e sem vontade de levar mais uma patada.

— Gabriela, nós precisamos conversar.

A voz de mamãe soou na sala, desta vez, rouca, falha e fraca, sua ríspidez havia sumido.

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