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20 minutos. Foi o suficiente para que minha cabeça simulasse um Gustavo em minha frente, com sorriso largo, me chamando.
Acordei com gotas de suor por todo rosto e pescoço. Todas dormiam, tínhamos tido uma noite e tanto. O cansaço não ganhava mais meu corpo, na minha cabeça só se ouvia:

Um dia! Um dia para vê-lo..

Me levanto, agitada e saio do quarto. Vou até o banheiro, ligo a ducha quente e deixo ela cair sobre meu corpo. Minhas mãos sobem até minha boca e minha língua passa pelo meu lábio inferior.
Eu ia enlouquecer naquele lugar, isso se, já não estava.

(....)

Já na cozinha e sem sono, decido inventar. Lembro de uma receita da minha mãe e começo a preparar o almoço.

Entre algumas horas e panelas batidas, entra Mirela pela cozinha. Olho fixamente pro seu rosto e acompanho seus passos. Ela não me olha de volta, então à comprimento:

— Bom dia, Mirela.

— Bom dia.

Ela continua sem me olhar, enchendo o copo de água.

— Temos que ter uma conversa, você não acha?

Pergunto, delicadamente. Ela bate a porta da geladeira com força e me encara.

— Sabe o que eu acho? Que você precisa se meter na sua vida.

— Mirela, eu só quero ajudar, se voc...

— Eu não preciso de ajuda, muito menos da sua ajuda. Você é a mesma merda que eu. Estamos na mesma maldita merda. Presas. Escravas. Você não pode me ajudar. Me deixa em paz!

Ela gritou, com os olhos marejados e uma fúria angustiante. Engoli em seco.

— Eu. Só não. Só não precisa ser assim, conta comigo?

Ela pousa o copo na mesa e passa por mim.

— Ninguém aqui tem que contar com ninguém. Já está sendo, Gabriela.

Ela saí.
Pelo resto do dia, fico atordoada.

(....)

Após almoçarmos, o sono me pega. Subo e acabo tirando um bom sono. Quando acordo, fico organizando alguns vestidos na minha cama.

Manoela abre a porta, gritando.

— Você conseguiu! Caralho! Você conseguiu.

Ela pula encima de Mirela, que fica à olhando sonolenta. Paro de mexer nos vestidos e presto atenção.

— Consegui o que, maluca?

— Vitor! Vitor está lá embaixo, sua dívida. Você conseguiu! Veio te levar. Mirela, você tá livre!

Os olhos de Mirela enchem d'água, enquanto ela abraça Manoela. Me emociono.

— Parabéns, Mirela.

Digo baixinho. Ela me olha, ainda atordoada.
Vitor entra pela porta, dando dois toques com os dedos.

— Vejo que a fofoca já chegou aqui. Manoela, você é rápida.

Ele diz, em tom de brincadeira.
Mirela se levanta.

— Isso é verdade? Sério mesmo?

— Sim, você vai embora amanhã, as 7h.

Ela solta um grito e corre pra cima dele, pulando em seu colo.

— Obrigada, Vitor. Obrigada! Obrigada!

Ele á abraça de volta.

— Calma. Não me agradeça. Gustavo foi quem te liberou.

Eu estremesso. O nome de Gustavo passa lentamente pelo meu raciocínio.

— Você disse Gustavo?

Pergunto, sem me conter.

— Sim.

— Ele já está aqui?

— Na cidade, sim.

Fico paralisada. 
Paloma saí do banho, de toalha e Vitor encara ela, analisando. Eles se olham e ele engole em seco.

— Não vai me dar licença?

Ela pergunta, na porta.
Ele balança a cabeça e dá espaço, ela passa.
Todos ficam em silêncio. Ela arqueia as sobrancelhas.

— O que tá acontecendo? O que eu perdi?

Todos riem e começam a contar pra ela.

Me sento na cama, ainda paralisada.





La putaWhere stories live. Discover now