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Continuei preparando tudo, querendo ou não, iria ter que engolir.

Mesmo querendo empurrar todos porta a fora.

Depois desse tanto de tempo, eu esquecia onde eu estava e qual era meu lugar ali.

Logo, eles apareceram na cozinha, ficaram espalhados por ela, falando alguma graça. Patrícia era a única que não estava.

Menos mal.

Vitória e Vitor implicavam um com o outro o tempo todo. Pareciam duas crianças.

As meninas, caladas estavam, caladas permaneceram. 

Estava fazendo almôndegas e arroz de forno. Só faltava o arroz, então, me encostei na bancada para esperar uns minutos.

Comecei a encarar os dois brigando e se implicando. As vezes sorria, sem eles perceberem. Paloma e Manuela riam também. Por fim, Vitor sentou na mesa com as meninas.

Vitória contornou a mesa e veio caminhando em minha direção. Fingi não estar vendo e fiz cara de paisagem.

Ela parou em minha frente e abriu um sorriso.

Ah não, não, nã...

— Tem problema se comermos do seu cozinho hoje?

Dei uma leve engasgada com a minha saliva e balançei a cabeça, negando. Me afastei, suspirando e peguei o pano de prato, fui até o forno e abri. Peguei a bandeja e arrastei de encontro a mim.

— Olha Gabizinha, se quiser ficar nessa posição por mais tempo, não tem problema não, eu acho que o forno tá precisando de você.

Vitor se pronunciou.

— Concordo, irmãozinho.

Levantei na hora e meu rosto queimou. Todos riram, menos eu. Havia ficado constrangida. Engoli em seco e fechei o forno com o pé. Levei tudo pra mesa e fui organizando.

A porta do terraço se abriu e de lá saiu Gustavo.

Ele havia subido? Meu Deus, nem vi.

Gustavo me olhou nos olhos e sorriu, involuntariamente. Ele encarou a mesa e fechou a porta atrás dele.

— Que cheiro bom.

Ele elogiou, eu continuei parada, não conseguia me mexer. Queria saber que porra era essa que aquele maldito olhar fazia comigo.

— Foi essa gostosinha aqui que fez. Senta aí, vamos comer.

Disse Vitória, agarrando minha cintura e beijando meu pescoço rapidamente.

Me contorci de raiva, essa mulher forçada me dava nos nervos.

Gustavo se sentou ao lado de Vitor e eu me sentei também, do outro lado da mesa. Estávamos um de frente pro outro.

Que ótimo!

— E aí, brother, não sabia que vinha pra cá tão cedo.

— É, eu acabei vindo pra..

Por um descuido, nossos olhares se encontraram novamente. Engoli em seco e desviei, pegando um pouco da comida e colocando no meu prato.

— Resolver umas coisas.

Ele completou.

— Para de tremer.

Paloma sussurou me cutucando.  Eu não estava conseguindo me controlar. Aquilo ali estava desconfortável.

— O cheiro tá bom, agora vamos ver.

— Não é só o cheio que tá bom, isso aqui tá ó.

Falou Vitória fazendo um gesto afirmativo com as mãos.

Sorri sem graça e comecei a comer.
Gustavo deu uma colherada e fez um gesto, revirando os olhos, enquanto engolia.

— Tem razão, Vitória. Porra, muito bom, já pode casar, Gabriela.

— Não sou eu quem vai casar aqui.

Acabei soltando, sem pensar. Gustavo começou a engasgar e as meninas também. Vitor e Vitória olhavam sem entender.

Eu tinha perdido a fome, aquilo havia virado uma palhaçada. Enchi alguns copos de água, dei para as meninas, girei a mesa e pausei um copo ao lado do prato de Gustavo, encarando seus olhos.

— Bebe, vai desengasgar.

Falei, por mim e fui caminhando até a porta da cozinha.

— Ah! Gabriela? Depois que eu acabar aqui, eu preciso ter uma reunião com você e contigo, chefia!

Infomou Vitor. Franzi meu cenho e Gustavo também.

— Sobre?

Questinou Gustavo.

— Na reunião eu te falo.

— Ta bom, estou no quarto.

Terminei de falar e saí dali.

Subi e me joguei na cama, respirando fundo e encarando o teto.

La putaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora