Uma frase de Vitor estava na minha cabeça.
"Já levei os documentos dela para boate."
Dela, quem?
Fiquei viajando em meus pensamentos, até que senti dois dedos estalarem a minha frente. Balancei minha cabeça, prestando atenção e vi Vitor, me olhando, sorridente.
— Estava viajando aí, ein?!
Ele falou. Sorri, assentindo.
— Pensamento longe.
— Tá com vergonha, né?
Ele perguntou, me puxando ao seu encontro.
— Sim, isso foi ridículo. Não tenho cara para olhar ele.
— Uma carinha linda dessa, tem que ter sim. Que tal continuarmos o que a gente tava fazendo?
Vitor sussurrou, aproximando seus lábios do meu pescoço. Ele lambeu ali e depois deu dois beijinhos.
Sorri, arrepiada e apertei seus ombros, ô afastando.
— Para, Vitor.
Ele mordiscou meu pescoço, assentindo e suspirou.
— Tenho que trabalhar agora.
Falou, fazendo uma careta.
— Aham, vai lá. Bom trabalho.
Eu não queria mais transar, não tinha mais clima pra que aquilo ali acontecesse. E ficou nítido, até demais, em meu rosto. O pior lado de ser expressiva, pra mim, era esse. Não saber disfarçar perante as situações complicadas.
— Caralho, essa doeu. Tá me expulsando mermo!
Vitor resmungou, fazendo bico e colocou as mãos sobre o peito, como se tivesse levado um tiro.
— Caralho, como é manhoso mermo!
Imitei seu tom, rindo em seguida.
— Você me maltrata.
— Vai trabalhar logo, vai, menino. Tchau!
Sussurrei, apontando pra porta. Vitor fez careta, me soltando.
— Tá bom, tá bom...
Ele colocou as mãos pro alto, como se estivesse sido rendido. Logo, caminhou até a porta da cozinha e parou ali, me encarando.
— Tchau, até logo, chefinha.
Se despediu, mandando um beijo e sumindo. Calafrios tomaram conta do meu corpo.
"...chefinha.."
[.....]
Coloquei um café para fazer, precisava de uma energia. Subi na mesa, me sentando e olhei para a janela, que estava trancada, claro, mas dava para ver a parte de fora nitidamente. Eu gostava desses momentos, era bom, dava pra organizar as ideias.