Inalcançável

By AmandaCaastroh

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"Sinto-me tão perto e ao mesmo tempo tão longe... Você é como a estrela mais distante ... Como o fogo que não... More

Prólogo
Insistência e reflexões
Decisão
Finalmente...
Quem é ele?
Surpresa
Nervosismo
Curiosidade
Visitas inesperadas
Inconsequência
Segundos duradouros
Teoria
Um coração felino
Irremediável
Confissões
Será sonho?
Constatação
A fazenda
Noite originada para ser inesquecível...
Enigma
Viagem obscura
Retorno
Algo está oculto
Suspeito
Palavras opacas
Aflição
Declarações conturbadas
Pedaços desamparados
Impasse
Feridas que não cicatrizam
Hesitação
Reencontros
Memórias
Entre anseios e revelações
Quando o passado vem à tona...
Aceitação
Descoberta
Submissos do destino
Algo bom...
A última carta
Solução inalcançável?
Dores não podem ser eternas
Abra os olhos
Alcançável
Epílogo
Agradecimentos

A um passo...

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By AmandaCaastroh

- Está fazendo o que aí, mãe? - digo entrando na cozinha, já preparada para ir à faculdade.

- Omelete de espinafre e queijo. - ela diz, virando-se brevemente para me olhar.

- Espinafre? - indago, fazendo um cara indiferente.

- Sim, é ótimo para saúde e você precisa comer. Pelo que vejo sua alimentação aqui não passa desses produtos industrializados e cheios de conservantes.

- Nem sempre.

- Sente-se aí e coma. - ela ordena.

- Ok, senhora. - digo sorrindo e me sentando na cadeira.

Corto um pedaço da omelete e levo a boca. Está muito bom. Minha mãe sempre foi ótima cozinheira, mas nem sempre tinha tempo suficiente para ficar cozinhando dos mais variados tipos de comida, por mais que gostasse muito.

Sentir o sabor de algo preparado por ela é tão bom. Sinto-me na minha verdadeira casa. Passa-me sensação de amparo e felicidade.

- Está muito gostoso, de verdade. - digo, comendo mais um pedaço.

- Eu sei disso. - ela diz, convencida.

- E cadê o outro?

- Ainda deve estar dormindo. - ela diz sentando-se ao meu lado.

- Ah. - digo, me levantando apressada. - Agora preciso ir, senão chego atrasada. - dou um beijo no rosto dela como despedida e saio em seguida.

***

Não me foge da cabeça a possibilidade de ter sido Edward quem ligou para minha mãe. Só pode ter sido ele, quem mais seria?

Agora eu me pergunto por que ele faria isso? Será que foi por causa de ter me encontrado "coincidentemente" naquele lugar?

Estou sentada no refeitório, não desviando o olhar nem sequer por um segundo de Edward. É como se eu quisesse encontrar ali em seu rosto a resposta para o meu insistente questionamento.

Ele está visivelmente incomodado com o quanto estou o observando, tentando ao máximo não olhar para mim, mas vez ou outra ele também me encara como se fosse um força maior que o impulsiona a fazer isso.

Ele fica sem olhar para mim por alguns minutos. Então, quando volta seu rosto novamente para minha pessoa, eu ainda estou olhando atentamente para ele. Edward ergue as sobrancelhas em sinal de indagação por estar encarando-o tanto. Em resposta, eu também levanto as minhas como se estivesse o desafiando.

Seu semblante continua sério, mas eu percebo que forma-se um quase imperceptível sorriso no canto dos seus lábios.

De repente endurece a expressão e levanta-se, quebrando nossas trocas de olhares.

Eu também me levanto e sigo-o para onde quer que esteja indo.

Ele caminha a passos largos, sem olhar para trás e entra na biblioteca. Eu faço o mesmo.

Há alguns alunos estudando ou procurando livros. Vejo vários rostos menos o de Edward.

Ando pelos corredores da biblioteca, caçando algum vestígio seu, mas não encontro ele.

Paro no final de um dos corredores e começo a pensar que ele já deve ter saído daqui...

- O que você quer comigo? - sinto o calor da sua respiração próxima ao meu pescoço.

Viro-me abruptamente, espantada com seu aparecimento repentino.

- Por que você gosta tanto de me assustar? - questiono, ansiando que minha respiração volte ao normal.

Ele sorri, mas não responde a minha pergunta.

- Então, o que você quer? - ele pergunta novamente, com os olhos completamente fixos nos meus.

- Por que você ligou para minha mãe? - o acuso.

Edward franze o cenho e começa a balançar a cabeça em negação.

- Não se faça de desentendido. Eu sei que foi você.

- Sim. - diz virando as costas para mim.

- Por quê? - indago.

- Você estava precisando dela. - ele responde quase num sussurro.

- É somente isso que você tem a me dizer? Não vejo uma razão suficiente para você fazê-la vir de Seattle até aqui. Você a preocupou sem motivos.

- Sem motivos? Tem certeza? Cada dia você faz um burrada pior que a outra e ainda acha que não havia motivos. - ele parece rir sarcasticamente.

Olho para suas costas eretas e me surge um enorme desejo de lhe puxar pela camisa e fazê-lo olhar imediatamente para mim.

- Você não deveria está se metendo nisso. São meus assuntos e você não tem nada a ver com eles. - digo, me lembrando quando ele falou algo parecido para mim.

- Quando um de seus assuntos podia comprometer sua vida, eu não fazia nada de errado ao estar alertando sua mãe.

Eu paro para pensar o que ele quis dizer com isso e não consigo imaginar um significado cabível.

- Como você conseguiu o número dela?

- Isso é o que menos importa. - ele diz virando-se finalmente para mim.

A intensidade do seu olhar me causa hipnose. Seus olhos que me encantam... Seus lindos olhos que ao se depararem com os meus reforçam o quanto tenho sentimentos profundos por ele.

- E o que importa, então? - digo baixinho praticamente sem ar.

Não desvio meu olhar do seu que vai se aproximando ainda mais, indicando que o dono deste também está ficando cada vez mais perto de mim.

Meu coração bate mais acelerado e sinto um frio na barriga que rodopia saltitante pelo meu estômago. Apoio minhas costas na prateleira de livros, sentindo-me encurralada.

- O que importa é que você esteja bem e que nada de mal aconteça a você.

Sua testa já está quase colada a minha. Não consigo racionar. Só quero que ele se aproxime ainda mais e me relembre como são seus beijos. Seus olhos estão sérios, e eu não consigo deixar de olha-los.

Quando seu cheiro me ataca ainda mais, eu fecho meus olhos e espero receber seus lábios nos meus.

Fico impaciente ao sentir sua respiração no meu rosto e nada acontecer. Então abro os olhos e o vejo com a testa franzida e os olhos fechados.

Em seguida ele vira as costas e vai embora. Deixando-me deslumbrada, estagnada.

***
Eu sempre me achei muito diferente da minha mãe. As pessoas dizem que temos o mesmo sorriso, as mesmas expressões faciais e corporais. Mas em questão de aparência física e psicológica somos um tanto diferentes.

Começando pela altura, eu sou cerca de cerca de 10 cm mais alta que ela. Nossos cabelos são de cores opostas, enquanto o dela é loiro o meu é preto. O formato de nossos rostos é distinta, pelo menos é o que eu acho. E para completar nossas personalidades também são opostas: Ela é mais extrovertida e já eu sou mais tímida e discreta.

Olhando para sua silhueta aproximando-se de mim, num corpo praticamente perfeito para uma mulher de 40 anos, passo a imaginar se não herdei mais características do meu pai.

- Oi, filha! - ela diz sentando-se ao meu lado no sofá.

- Aquela pessoa não veio também não, não é?

- Roman foi dar uma volta por aí e eu vim ficar com você.

- Se tivesse vindo só você tudo seria tão legal, mas com esse miserável aqui diminui em 80% as chances de passarmos momentos perfeitos juntas.

- Não fala assim, Sophie...

- Ele ainda está te agredindo? - a interrompo.

- Já faz muito tempo que ele não encosta a mão em mim, e eu já te falei que ele não fazia isso por querer.

- Você fala como se estivesse falando de uma criança mal criada e não de um marmanjo sem vergonha.

- Ele prometeu mudar. Foi até algumas vezes em encontros para alcoólicos e posso dizer que houve uma melhora significativa em seu comportamento.

- Não acho que ele tenha mudado. Você confia demais nele e isso é um grande problema.

Ela parece pensar sobre o que eu falei. Espero que ela reflita e pense muito bem no que está fazendo com sua vida junto a esse homem.

- Meu pai entrou em contato comigo. - falo de repente, tão calma que parece que estou falando de uma coisa corriqueira e banal.

Minha mãe olha-me com os olhos arregalados, incrédula, como se achasse que estou mentindo.

- Você não está acreditando, não é mesmo?

- Sophie, não fica inventando essas coisas só para poder entrar nesse assunto novamente.

- Então você não acredita? Espera aí. - digo levantando e indo até meu quarto buscar a carta.

Volto com o papel dobrado e entrego para ela. Minha mãe me olha desconfiada, hesitando em ler. Depois ela finalmente abre o papel e então eu me sento novamente ao seu lado.

Ela lê seriamente e percebo que suas mãos começam tremer. Em seguida, dobra o papel e enxuga uma lágrima que estava escorrendo por seu rosto.

- Eu não sei se foi ele mesmo, mas...

- Sim, foi ele. - ela afirma com toda convicção.

- Como você tem tanta certeza que foi ele? - questiono, surpresa pelo seu convencimento.

Minha mãe suspira fortemente. É nítido que ela está tentando segurar as lágrimas e manter-se forte diante de mim.

- Sophie, você foi se encontrar com ele?

Engulo em seco, já prevendo sua reação após minha confissão.

- Eu fui, mas aconteceu um imprevisto e não pude me encontrar.

- Você deveria ter me avisado imediatamente quando recebeu isso. Eu nunca que deixaria você ir!

- Por que você não deixaria? Apesar de ele ter nos abandonado, eu gostaria de ver pelo menos como ele é.

- Você tem que por na sua cabeça que ele não existe! - ela diz um pouco exaltada. - Ele nunca existiu para você, entende isso!

- Como posso entender, sabendo que não é só seu sangue que corre em minhas veias, mas também o de um pai desconhecido?

- Por isso mesmo, ele é um desconhecido e continuará sendo um. Agora mais do que nunca tenho que ficar mais perto de você. - ela diz, aflita. - Você é muito ingênua, Sophie.

Eu fico indignada como minha mãe reage toda vez que esse assunto é tocado. Se ela pelo menos contasse sua história e o que aconteceu entre eles no passado, eu ficaria satisfeita e poderia entender todo esse caos.

- Você quer saber a verdade? - ela pergunta, fazendo-me levantar a cabeça rapidamente na sua direção.

- O quê?

- Quer saber toda a verdade? - ela me encara. - Então te contarei. - afirma, abaixando a cabeça.

Ela parece arranjar forças para começar a falar. E então alguém toca a campainha. Entreolhamo-nos por um segundo e então minha mãe toma a iniciativa e vai abrir a porta.

Escuto-a conversando com alguém que só pode ser Roman.

- Filha, vou indo! Roman está me chamando. - ela avisa, aproximando-se de mim e dando-me um beijo na testa. - É... Depois continuamos com essa conversa. Boa noite!

- Boa noite. - digo baixinho.

Ela saí em seguida, deixando-me completamente frustrada. Quando ia resolver contar sobre meu pai e eu finalmente ia descobrir tudo, chega esse estúpido e atrapalha o momento.

Mas eu não vou esquecer. Assim que tiver uma oportunidade a sós com ela novamente, farei o favor de relembrar que iria me desvendar o mistério.

Por um lado minha mãe está certa. Eu não posso chamar e nem reconhecer como pai uma pessoa que não mediu as consequências na hora de abandoná-la grávida.

Mas pelo o outro ela estava errada em querer omitir a verdade de mim. Mesmo que eu nunca olhe na cara dele, eu tenho o direito de saber quem ele é.

Por que tudo na minha vida tem que ser tão difícil?

Levanto-me atordoada e vou para o banheiro tomar um banho antes de dormir.

Volto para o quarto, enrolada na toalha. E então a campainha soa pela segunda vez em meia hora.

Deve ser mãe novamente. Ela sempre fazia isso na nossa casa, depois de já ter se despedido, voltava para meu quarto para falar alguma coisa que ela havia se esquecido.

Visto minha roupa de dormir rapidamente. Ando apressada até a porta, com esperanças de que ela tenha voltado para continuarmos aquela conversa.

- Mãe... - digo ao abrir a porta, mas ao ver de quem se trata as palavras travam na minha garganta.

Sou hipnotizada por seus olhos cravados nos meus. Fico paralisada por estar o vendo bem aqui na minha frente, por sua presença entorpecente.

Meu coração nunca se acostuma a tê-lo tão perto, ele ganha uma vida que vai além de sua capacidade e bate violentamente contra meu peito.

Seus cabelos castanhos estão bagunçados e seus olhos estão um pouco inchados e vermelhos. O semblante dele está totalmente entristecido.

Ele estava chorando?

As batidas do meu coração dão pausas repentinas e depois retornam com força total. Como se fosse um circuito de energia elétrica que está sendo ligado e desligado a todo instante.

Só vejo dor ali. Eu sinto. É como se todos os sentimentos estivessem me atingindo igualmente. E está doendo demais... Não sei se posso suportar...

Todas as emoções que estão nos envolvendo são convertidas em duas lágrimas, de tristeza, de dor... Duas lágrimas que saem simultaneamente de nossos olhos. Nunca as havia visto transbordando de seus belos olhos.

O que está acontecendo?

Ele dá um passo adentrando-se para dentro do apartamento. Ficamos com nossos corpos a centímetros de distância. Então ele me abraça. Um abraço forte, eterno. Um abraço de conforto.

Eu fecho os olhos e o aperto mais contra mim. Senti tantas saudades de estar assim agarrada a ele, e sei que agora ambos estamos precisando disso, talvez ele mais do que eu.

Ouço-o choramingando no meu pescoço, seus soluços são quase silenciosos. Sinto meu coração se espedaçando completamente.

Afastamo-nos simultaneamente. Ele me olha por alguns segundos e limpa desajeitadamente as lágrimas que deslizavam por sua bochecha.

- Não aguento mais isso... - diz vagamente com a voz embargada. - Não vou esconder mais nada de você. Irei contar absolutamente tudo.

Oii!! *--*

Desculpe pela demora. Era para ter postado desde a semana passada, mas aconteceu alguns imprevistos e não pude atualizar ...

Eu acho que no próximo capítulo virá revelações por aí... Aguardem, irei postar o mais rápido possível. :)

Não se esqueçam de deixar seus votos e comentários rsrs

Beijos! ♥

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