Inalcançável

Av AmandaCaastroh

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"Sinto-me tão perto e ao mesmo tempo tão longe... Você é como a estrela mais distante ... Como o fogo que não... Mer

Prólogo
Insistência e reflexões
Decisão
Finalmente...
Quem é ele?
Surpresa
Nervosismo
Curiosidade
Visitas inesperadas
Inconsequência
Segundos duradouros
Teoria
Um coração felino
Irremediável
Confissões
Será sonho?
Constatação
A fazenda
Noite originada para ser inesquecível...
Enigma
Viagem obscura
Retorno
Algo está oculto
Suspeito
Palavras opacas
Declarações conturbadas
Pedaços desamparados
Impasse
Feridas que não cicatrizam
Hesitação
Reencontros
A um passo...
Memórias
Entre anseios e revelações
Quando o passado vem à tona...
Aceitação
Descoberta
Submissos do destino
Algo bom...
A última carta
Solução inalcançável?
Dores não podem ser eternas
Abra os olhos
Alcançável
Epílogo
Agradecimentos

Aflição

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Av AmandaCaastroh

- Edward? - o eco da voz da mãe de Edward expande pela casa.

- Que foi, mãe? - Edward grita, parando de caminhar novamente.

Eu luto bravamente para sair do meu transe. Aciono minhas pernas e começo a andar de volta para sala o mais rápido possível.

- Volte aqui, tem mais uma coisa que gostaria de te falar. - ouço Josephine completar do outro lado da casa e entro rapidamente na sala.

Meus pensamentos mais do que nunca estão martelando intrigados, com essa obscuridade que parte de Edward. Com quem será que ele vai se encontrar daqui uma hora?

Ao mesmo tempo em que me indago, minha preocupação com ele aumenta ainda mais. Cada segundo é relativo para se formarem inúmeras hipóteses...

- Oi, Sophie! - Josephine aparece de repente me cumprimentando. - Como vai?

Edward está logo atrás dela, com um semblante indecifrável.

- Oi. Vou...bem. - digo meio embaraçada.

- Olha para você vê, a menina acabou dormindo aqui. - ela diz olhando para Kylie dormindo no tapete.

Eu estava tão atordoada que nem vi que Kylie tinha dormido. Para falar a verdade, eu nem me lembrava de que ela estava aqui.

- Kylie, minha filha, vamos dormir na cama. - a mulher chama a garota, abaixada ao lado dela e a cutucando.

Depois que Kylie acorda, preguiçosamente ela se dirige junto com a mãe para o quarto lá em cima.

Edward e eu ficamos sozinhos e ele não espera nenhum segundo para me chamar para me levar pra casa.

Durante o caminho percebo o quanto ele está tenso.

- Edward, está tudo bem? - pergunto quando ele estaciona e percebo que uma gotícula de suor desce por sua testa, acompanhada de uma cara inquieta.

- Sim. - diz indiferente.

Ele vem até mim, e me acalma por um breve momento com seu beijo quente e doce.

Edward interrompe o ato e me olha de uma forma enigmática, como se aqueles olhos de qualquer forma quisessem me dizer alguma coisa, mas o proprietário da boca não quisesse emitir o pronunciado.

- Agora você pode descer. - ele diz dando-me um último beijo na testa.

Havia me esquecido que ele está me deixando aqui para posteriormente ir se encontrar com sei lá quem.

Ok. Impossível se esquecer disso. Mas, ele me apressar em descer só faz reforçar o fato de que o que ouvi não foi imaginação minha, e que realmente ele está com pressa.

Abro um sorrisinho para ele, daqueles bem sem graça e desço do carro.

Já prestes a entrar no portão, me viro e dou um pequeno aceno. Ele retribui, com a mão já indo para a chave de ignição.

Não fico parada esperando Edward sair da minha linha de visão. Neste momento estou correndo feito uma louca para a garagem do prédio.

Me lembro do principal e abro minha bolsa ferozmente, enquanto ainda estou correndo.

Por sorte, eu deixei as chaves do meu carro nessa bolsa, caso contrário eu teria que subir até ao meu apartamento para buscá-las e poderia ser tarde demais...

Entro no meu carro rapidamente, como se estivesse fugindo de alguém.

Meu desespero é tão grande para não perdê-lo de vista, que saio da garagem, sem nem ao menos analisar o movimento dos carros na rua.

Calma, Sophie. Ordeno a mim mesma.

Avisto o carro de Edward bem lá na frente da extensa avenida.

Não sei se vou conseguir mantê-lo na minha linha de visão. Mas quero profundamente descobrir para onde ele vai e com quem vai se encontrar. O que preciso mesmo é manter o foco, a calma e o pé no acelerador.

Aperto o volante com força, e não desgrudo meus olhos do carro dele; que nesse instante some do meu alcance visionário, pois ele acaba de virar uma rua.

- Merda! - sibilo frustrada.

Não tenho como ir mais rápido, pois os outros carros estão atrapalhando minha passagem.

Inspiro e expiro para tentar me acalmar. Viro rapidamente na rodovia em que ele pegou o rumo.

Daqui posso ver seu automóvel dando a largada após ter parado no semáforo.

Preciso passar pelo sinal antes de ele fechar, eu tenho que passar...

Piso o pé no freio, assim que a cor do semáforo troca para o vermelho.

Droga! Espero impaciente, com o pé já preparado para pisar no acelerador novamente. Enquanto isso vejo o carro de Edward se afastando pouco a pouco.

Quando finalmente posso passar, o carro que não desviei os olhos um só segundo, é somente um mero pontinho em meio a tantos outros.

Continuo a segui-lo, percorrendo a avenida. Saindo de uma rua e entrando em outra.

À medida que estas vão se tornando cada vez menos movimentadas e mais silenciosas, eu vou diminuo a velocidade consideravelmente.

Aqui as ruas são tão paradas ao ponto de existir só nossos veículos passando por esta. E como obviamente, Edward não pode me ver, eu preciso diminuir a velocidade drasticamente vez ou outra para que ele não perceba que estou o seguindo.

Viro uma esquina, e meu coração dá um pulo quando vejo o carro de Edward estacionando ao final de uma rua sem saída.

Sou apanhada pela sorte, pois ele está a uma distância que me permite dá ré sem que me veja. Volto nervosamente para uma rua, um pouco mais movimentada e com uma claridade melhor.

Depois de estacionar, retorno a pé para o lugar onde Edward está. Vou caminhando a passos largos, olhando para todos os lados. Essas ruas são estreitas e a iluminação é bem fraca.

Não consigo expulsar o medo dentro de mim. Os sons das batidas incontroláveis do meu coração contrastam em meio o silêncio desta singela ruela.

E só então que outro barulho toma conta do ambiente, abafando o único som que eu ouvia enquanto caminhava, porém aumentando o alvoroço e a velocidade em que meu órgão se impulsiona.

O ronco do motor de um carro.

Olho para trás e vejo raios da luz do farol batendo contra o muro, enquanto o automóvel, provavelmente está se dirigindo para este caminho.

Meu medo subitamente é movido pelo meu instinto de autoproteção, então quando dou por mim já estou abaixada atrás de um latão de lixo.

A rua rapidamente é invadida pela claridade dos faróis, que se distanciam junto ao carro.

Levanto-me com um sentimento angustiante e temeroso, vejo o último resquício do veículo que passara por mim, indo exatamente para onde Edward se encontra.

Desenvolvo um suspiro encorajador e volto a caminhar para lá.

Minha visão se depara com dois homens conversando. Um eu conheço, é o meu namorado, e o outro não faço a mínima ideia de quem seja. Ele está com uma jaqueta comprida e seu rosto daqui não dá para ser visualizado.

Queria muito poder me aproximar mais e poder escutar o que eles estão falando. Mas, é terminantemente proibido, uma vez que eles podem me ver.

Estou abaixada, com a maior parte do corpo escondido atrás de um container abandonado e apenas a cabeça para fora, analisando todos os movimentos e gestos dos dois. Também estou retida em meio às sombras das árvores, o que me faz pensar que não há possibilidade de eles me verem de onde estão.

Após um rápido diálogo, os dois simultaneamente se direcionam para seus carros. Eu me viro assustada, me escondendo melhor. Dou uma olhadinha para lá novamente e percebo que cada um foi até seu automóvel para buscar alguma coisa, e já estão voltando as suas posições iniciais, um de frente para o outro.

Minhas mãos e minha testa estão suando em nervosismo.

O homem estende para Edward um pacote de tamanho médio, no qual ele recebe rápido e ansiosamente.

Edward abre o pacote e analisa seu conteúdo, depois ergue a cabeça e abre um pequeno sorriso, como se estivesse satisfeito com o que vira ali dentro.

Em troca ele entrega para o outro um envelope. Assim como Edward, o cara pega sem receios e trata logo de dar uma conferida. Só que ao contrário do que meu namorado fez, ele tira todo o conteúdo de dentro do envelope; expondo para minha visão a imagem do que se parece com um bolo de dinheiro.

Engulo em seco. Neste momento minha boca já está tão seca a ponto de estar se escamando.

Não consigo entender o que isso significa. As ideias estão se infiltrando de forma acirrada em meu cérebro. Mas elas não me servem. Elas só me levam ao lado ruim e obscuro de tudo isso. E o que quero realmente, é que venha a minha cabeça uma única hipótese que não me faça sentir pavor e medo.

Infelizmente, não é o que está acontecendo. As ideias benignas estão sendo deterioradas pelas ideias malignas.

Meu coração pula incontrolavelmente, minha respiração está presa em meus pulmões. O farol do carro do homem estranho preenche a fraca iluminação da ruela. Me encolho atrás do container.

O carro de Edward passa em seguida, levando consigo o barulho monótono do motor; deixando o silêncio absoluto, e uma garota com ideias malignas a seu respeito.

***
Entreabro os olhos e deixo estes semicerrados. Passo a mão pelos cabelos, desajeitadamente, na intenção de que esse pequeno movimento diminua as latejadas que persistem na minha cabeça.

Meu celular toca mais uma vez, propiciando assim um festival de mais latejadas insuportáveis, à medida que o som do toque chega irritantemente aos meus ouvidos.

Fecho meus olhos novamente, alcanço meu celular debaixo do travesseiro e atendo sem ao menos saber quem é.

- Oi. - digo com a voz rouca.

- Bom dia, minha filha. - reconheço a voz da minha mãe.

- Bom dia, mãe! - falo com a voz baixa e falha. - Por que a senhora me ligou uma hora dessas? - pergunto tirando o celular rapidamente do ouvido e constatando que são 5:40 da manhã.

- Você sabe que eu acordo cedo, não é? Então pensei em te acordar também.

Percebo que a voz da minha mãe está desanimada, o que me causa um repentino estranhamento.

- Mãe, está tudo bem? - pergunto preocupada, me revirando na cama e ficando de barriga para cima.

- Sophie... - ela começa depois pausa. - Não posso dizer que está tudo bem, quando na verdade não está.

- O que aconteceu? - digo já recuperando meu tom de voz normal.

- É o Roman. - diz em meio a um suspiro.

Esse nome me dá um profundo arrepio, acompanhado de um sentimento de desprezo, de raiva, de nojo... Cerro meus dentes, já prevendo que se tratando de Roman, nada bom virá a seguir.

Ele pode ser muito bem quem escreve esses bilhetes. Ele gosta de brincar com as pessoas, de se fazer de inocente. Mas nada fará que meu ódio por ele, se acabe. Nada!

- O que esse canalha fez? - pergunto já brevemente irritada.

- Eu acho que ele precisa de um tratamento, Sophie. Ele está bebendo muito mais do que antes.

- Mãe...

- Às vezes ele chega louco em casa e me diz coisas horríveis. - ela me interrompe com seu discurso desesperado. - E... chega até me bater...

Nesse instante, meu sangue ferve nas veias. Sento-me bruscamente na cama; sentindo toda raiva se apossar de mim.

Se minha mãe está confessando que ele bate nela, é por que as coisas já estão bem avançadas. Ela raramente fala algo mal a respeito dele.

- O quê? Como? Mãe, ele tem que pagar por isso! - falo alto de maneira gaguejante, consumida pelo ódio.

- Estou muito preocupada com ele. Roman faz essas coisas sem pensar, depois ele se mostra arrependido e diz que vai parar de beber. Mas, no outro dia já está enchendo a cara novamente. - minha mãe diz com uma compaixão absurda.

- Ele te bate porque é um desgraçado! Um bandido! - digo passando a mão impacientemente pelo rosto, indignada como minha mãe pode sentir pena dele.

- Não, Sophie! Ele precisa se tratar. Roman não é assim porque ele quer. - ela fala tentando me convencer.

- Claro, que é! Roman é um canalha estando sóbrio ou não.

Meus olhos começam a arder, se enchendo de lágrimas. Eu não poderia ter vindo e deixado minha mãe sozinha com Roman. A culpa está me torturando...

- Filha, não se preocupe com isso.

- Como você quer que eu não me preocupe?! - fico totalmente desnorteada, com a voz embargada e rosto se tornando úmido por causa das lágrimas.

Nunca me senti tão culpada em toda minha vida. Eu queria fugir de lá, mas deixei minha mãe para trás. Agora sei: Fui muito egoísta, só pensei em mim.

- Não fique assim, Sophie! Eu vou conversar com ele e tentar resolver isso. - ela diz na maior calma, como se não estivesse convivendo com agressões verbais e físicas.

- Mãe, por favor, se afasta dele. Ele não presta!

- Não vamos discutir mais sobre isso, Sophie. Preciso desligar agora.

- Te peço mais uma vez, faça o que falei. Larga desse cara...

- Eu entendo sua preocupação. Mas, eu vou tentar resolver essa situação da melhor maneira possível. Te amo.

- Também te amo. Tchau... - desligo com o coração partido em mil pedaços.

Depois de ficar um bom tempo, pensando sobre o que minha mãe falou e misturada a esse pensamento a lembrança da noite anterior em que segui Edward, me levanto relutantemente e me arrumo para ir à faculdade.

Minha cabeça está uma total confusão. Estou inteiramente debilitada. Mas, movida a outros motivos estou prestes a descer, para esperar Edward.

Pego minha bolsa e quando já estou me dirigindo para a porta, a campainha toca.

Abro a porta e me encontro com o porteiro, que me cumprimenta e me entrega algumas correspondências.

Volto para dentro do apartamento, para coloca-las em cima do balcão. Dou uma rápida olhada e novamente está lá o envelope misterioso, sem remetente.

Toda minha raiva por Roman renasce e volta a todo vapor. Será que é ele que está me atormentando com isso?

Seja quem for, não quero ler mais nenhuma palavra destes bilhetes.

Com o envelope na mão, fecho meus dedos raivosamente, amassando o papel de forma a descontar ali toda minha angústia e rancor.

Logo que o envelope se tornou apenas um bolinho de papel, trato de jogá-lo diretamente para o fundo da lixeira.

Fortsett å les

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