Camila Cabello | Point of View
Cheguei ao trabalho de Keana e ela se surpreendeu.
— Camila? – Ela caminhou e quando chegou perto me abraçou. — Não acredito. Terminou sua recuperação?
— Sim. Estou melhor. – Retribui o abraço. — E você? Como está?
— Bem. Muito bem, só senti sua falta. Todos sentiram, principalmente Vero.
— Estou indo ver ela agora. Me empresta sua chave? Quero fazer uma surpresa. – Ela sorriu e me soltou.
— Claro. Nossa... ela vai ficar louca.
Eu sorri e estava novamente nervosa. Reencontros são emocionais e intensos, como se o grande espaço que a saudade deixa no peito fosse rapidamente preenchido e não absorvemos na mesma velocidade. Como quando bebemos água e nossa sede está muito grande, nosso corpo pede por mais, mas nos afogamos, não acomodamos tudo aquilo.
Com a chave na mão, dirigi até a casa de Vero, ela trabalhava no escritório de casa ultimamente, pois o serviço de dona de casa a deixava muito mais satisfeita do que com os projetos novos de trabalho... que chegam aos montes, todos os dias e a qualquer hora.
Abri a porta e rumei ao escritório. Lá estava ela, com a testa franzida e o lápis na boca... igual a época de escola, mas agora não tem a babinha escorrendo pela Lucy. Sorri com o pensamento, entrei no escritório e bati na porta já dentro dele. Ela se assustou, pois estava concentrada e arregalou mais os olhos quando me encarou.
— Milão! – Ela levantou e correu para mim. — Minha nossa! Graças a Deus! Ou a qualquer coisa que você acredite. – Ela disse e me encheu de beijos no rosto e me deu um selinho demorado.
— Nossa, Vero! Eu tinha prometido que nunca beijaria homens na boca! – Ela bateu no meu braço.
— Idiota! Isso é a falta que sente de mim?
— Eu senti sua falta, marrenta. Vem cá e me abraça direito! – Eu disse e ela me prendeu em um abraço que durou muito tempo, mas foi o tempo mais que necessário.
— CAMZ! – Eu pulei do sofá e derrubei o controle da mão. — Desculpe, mas faz horas que eu falo e você não estava respondendo. – Ela disse e segurou minha mão. — Ah... não me diz que atrapalhei sua meditação.
— Não... eu só estava lembrando o meu reencontro com Vero.
— Ela sentiu bastante também.
— Vero é muito especial para mim. Eu não fico remoendo, mas ela acreditou em mim... sempre. Acho que ela é uma pessoa muito boa, pois me aturava na pior fase. Sinto-me tão culpada por ter abandonado ela. – Eu disse e Lauren me abraçou.
— Amor... ela está bem agora, graças a você. Você a ajudou, se não fosse você, não quero nem pensar no que poderia ter acontecido.
— Sim... melhor não pensar nisso mesmo. – Eu me virei para ela e a abracei direito. Depois de um tempo me recostei e continuamos assistindo o filme, mas era tarde e eu não entendi nada dele e com Lauren tentando me explicar, quem se perdeu foi ela.
O que não fez diferença, pois só aceito assistir a esses filmes para ficar abraçadinha com ela.
Semanas depois...
— AH! O frangolino está solto e vai fazer cócegas na garotinha mais gordinha e fofa dessa casa! – Eu gritei, pulando no sofá da sala de cinema, onde Lauren e Lu estavam deitadas.
— Não... o franguilino não! – Lu disse e abriu um sorrisão no rosto. — Socolo mamis... – Segurei meu braço...
— Droga! Eu não posso controlar mais...
— Nãaaao. – Ela disse e saiu correndo. Corri atrás dela, ela gargalhava muito mais do que se esforçava para correr. — Franguilino, Bi! – Ela avisou no quarto da irmã que prontamente se pôs da correr de mim.
— Eu não consigo controlar!
— Socoloooooo! – Ela disse e foi pular a cama da irmã e caiu na cama quando se embolou no lençol. Eu levantei sua blusa e assoprei sua barriga, fazendo um barulho estridente e ela gargalhou mais alto. — Flanguilino mi pegô! Socolo! Socolo...
— Que garotinha fofinha... – Eu usei a mão e comecei a sessão de cócegas... — Frangolino está louco.
— Pleciso pipi... pipi... vô fazê pipi... – Eu parei e ela levantou, seguiu correndo para porta. — É mintila! Num pleciso nada... – Ela disse e correu para escada.
— Ah é? Frangolino está furioso, vai sobrar até para soberana dessa família. – Lauren passava com um pilha de roupas dobradas e eu a puxei, a deitando no chão e sentando em seu quadril. — Ah que gudi gudi gudi... – Eu disse enquanto suavemente deslizava meus dedos por sua barriga.
— Não, Camz! Pare! – Ela gargalhava entre seu diálogo.
— Flangolino pegou a mamis, Bi. Vamo ajudá! – Ela disse e logo minhas axilas foram atacas por duas mãozinhas e depois de uns segundos, mais mãos estavam nela.
— O ponto fraco do frangolino! – Eu disse e Lauren me derrubou, ajudando as meninas. — Que covardia...
— Atacar, meninas! – Lauren gritou e as meninas ficaram eufóricas.
— Socorro... – Gritei em vão, pois ninguém poderia me ajudar no momento. Tentei usar o plano de Lu, mas disseram que seria vitória se eu me urinasse.
×××
Então, o pensamento de hoje será: Doar para salvar. – Kevin terminou o discurso dele e eu peguei o microfone. Hoje, a família toda está aqui, meus pais e sogros, Lauren e as meninas, Shawn e Austin, Vero e Keana com os filhos.
— Uma vez perguntaram a Buda: O que você ganhou com a meditação? Ele encarou o senhor e disse: Nada! – Ouvi burburinhos dos crentes presentes. — Mas deixe-me dizer o que eu perdi com ela: Ansiedade, raiva, depressão, insegurança, medo da velhice e da morte. – Eles se acalmaram. — Kevin pregou sobre doar, budismo é doar, você não ganha nada material de fato, mas doando luz, você nunca ficara na escuridão e não há nada mais gratificante do que paz de espírito pessoal.
— Se eu me tornar uma budista, não posso acreditar em Deus? – Uma jovem perguntou e novamente surgiu o burburinho. — Nunca ouvi você falar sobre ele.
— Como é seu nome?
— Valentina.
— Valentina, o budismo é uma religião muito forte, uma das oito religiões mais seguidas no mundo, ela abrange tanto,
pois se é livre para a verdade de todas as religiões, essa liberdade raramente caracterizou qualquer fé terrena.
— Eu li seu livro, após tantos pecados carnais, fora outros tantos que você relata você se acha mesmo digna de vestir esse manto e pregar para nós?