Camila Cabello | Point of View
Eu ia responder e Lauren entrou no meu quarto. Estranhei um pouco.
— Como você está?
— Estou com uma dor de cabeça horrível. – Ela sentou ao meu lado e me fez deitar a cabeça em seu colo. Ficou fazendo cafuné e às vezes massageava minhas têmporas. Minha mãe entrou no quarto.
— Como você está, filha?
— Melhorando. – Eu disse e peguei a mão de Lauren, a beijando.
— Lauren não arredou o pé daqui.
— Eu queria ver se você acordaria bem. – Eu fiquei encarando ela por um tempo.
— Vou deixar vocês sozinhas. Seu pai vai jantar conosco hoje.
— Não estou com fome. – Eu disse me endireitando na cama.
— Camz...
— Não. Não quero vê-lo hoje. Você contou pra ela? – Perguntei para Lauren e ela baixou o olhar. — Ótimo. Vejo o quanto posso confiar em você. – Eu disse e fui para o banheiro, me trancando no mesmo.
— Camila... a Lauren só queria ajudar.
— Preciso ficar sozinha agora. – Depois de uns minutos, ouras batidas na porta.
— Camz... me desculpe. Eu vou para casa, mas vou te ligar mais tarde. Por favor, me atende. Não vou conseguir dormir se não falar com você.
Não falei nada. Só escorei a cabeça na porta, sentindo que minha cabeça explodiria a qualquer minuto.
Quando melhorei, peguei meu skate e sai pela janela. Percorri o caminho mais que conhecido por mim.
Cheguei a casa de Vero e atirei uma pedra na janela dela. Logo ela abriu e veio abrir a porta pra mim.
Entrei e me atirei na cama dela. Logo ela estava deitada ao meu lado.
— Como está?
— Morrendo de dor de cabeça.
— Foi ver Bethe?
— Lógico que não.
— Graças. – Ela disse levantando as mãos.
— Pensei que tinha me escutado quando contei que levaria Lauren a sério. Eu disse isso a Bethe e por isso ela me ofereceu tudo.
— E Lauren?
— Ela cuidou de mim, mas eu acabei falando um pouco alto com ela... ela contou pra minha mãe o que tinha acontecido. Que droga! Ela disse que só ficaria entre nós.
— Ela só se preocupa com você, Camila. Isso é ótimo. – Me virei.
— É. Talvez eu tenha exagerado. Falta de sexo me deixa estressada.
— E a ajudinha?
— Céus, Vero! A Lauren é uma potência de garota. Me sinto desesperada quando ela vira a garota provocante.
— O que rolou?
— Quase transamos. Eu pedi pra ela, mas ela ficou na dúvida e eu acabei deixando pra lá. Ela não está pronta.
— E ela te tocou?
— Sabe o mais louco? – Ela negou. — Eu prometi me abster por ela. Vamos esperar juntas.
— Sério?
— Sim. Amanhã mesmo vou queimar minha coleção de pornôs e vou tomar banhos gelados.
— Nem tocar uma?
— Nem isso. Vou esperar com ela.
— Você consegue?
— Por ela? Lógico.
— Você está apaixonada! – Ela constatou e eu ri.
— Não sou do tipo que se apaixona... eu nem sei sobre isso.
— Quando nos apaixonamos, gostamos de ficar perto da pessoa e nosso coração bate rápido quando a vemos caminhando em nossa direção. E elas nos envergonham quando nos elogiam, pois não acreditamos que garotas como elas possam mesmo achar isso de nós. E quando ficamos perto, é difícil manter as mãos longe delas e esperamos ansiosas elas ligarem. Acho que deve ser isso.
— Eu devo me desculpar com ela. – Eu disse levantando.
— Deve mesmo. Fico feliz em saber que ficar com Bethe não foi uma opção hoje.
— Eu também.
— Corri dali e logo estava no portão de Lauren. Liguei para ela.
— Camz... que bom que você ligou antes. Estava apavorada...
— Hey! Calma. Estou no seu portão. Dá uma fugidinha aí, quero te levar a um lugar. – Ela encerrou a ligação e logo estava no jardim. Abriu o portão e o trancou assim que saiu.
— Camz... eu estava apavorada. Me perdoa! Eu não devia ter contado, você nunca se abre comigo e quando o fez eu... me desculpa...
— Senhor! Calma, gata.
— Você não vai mais confiar em mim. Eu sou muito burra...
Eu a prendi contra as grades e a beijei. No começo ela não retribuiu, mas logo já estava puxando meu corpo contra o dela. Dei um selinho nela e colei nossas testas.
— Uou... – Ela disse ofegante.
— Só assim pra você para de falar bobagens. Eu estava estressada e descontei na pessoa errada. Quero esquecer a parte ruim do meu dia... quero te levar a um lugar.
— Claro. Perigoso?
— Há essa hora é um pouco, mas é só correr se alguém se aproximar.
— Bem romântico.
— Eu protejo você, mas é bem pertinho. Até fiquei pensando do porque de não nos encontrarmos antes, pois eu vivia lá.
— Já sei onde é.
Caminhamos até a rampa de skate e Lauren sentou a margem da mesma. Eu fiquei me distraindo um pouco... era maravilhoso andar de skate, saber que Lauren estava perto, deixava isso melhor.
Quando estava melhor, sentei ao lado dela e ela abraçou minha cintura.
— Lauren... você já se apaixonou por alguém? – Ela me encarou rapidamente.
— Por quê?
— Vero estava me falando sobre isso... você já sentiu isso?
— Já. Eu era apaixonada pelo meu ex namorado.
— É bom?
— É sim, mas ele teve que ir embora e terminamos.
— Opa... quer dizer que sente algo por ele ainda?
— Não. Quer dizer, ele é muito especial pra mim, mas não sinto mais isso por ele.
— Ele era da escola?
— Sim. Ele era do time da escola. Tyler Blackburn. – Me afastei bruscamente dela.
— Você namorava o babaca do Tyler zen?
— Parece que se conhecem.
— Eu... vivíamos brigando. Quase soltei fogos quando ele foi embora. – Ela pareceu pensar em algo e logo levou as mãos à boca.
— Claro! Camila idiota... ele odiava você.
— Totalmente recíproco.
— Como... que ironia. – Ela esfregou os braços e tirei meu casaco, colocando sobre seus ombros.
— Eu estava completamente certa em comemorar a partida dele. – Eu disse envolvendo os ombros dela e ela sorriu,
beijou minha bochecha.
— Com certeza não foi o meu fim, como eu imaginava.
Foi um belo fim para um dia difícil.
×××
Estávamos na aula de literatura, quando um burburinho se instaurou na sala e olhei para frente. Quase não acreditei no que meus olhos viram.
— Que merda! – Eu disse e Vero olhou pra frente também.
— Ai droga! – Eu levei minha mão à testa. — Se você não prendeu mesmo a Lauren, pode começar a se preocupar.
— Estou ferrada.