Camila Cabello | Point of View
Eu estava pensativa. Que ajudinha Lauren me daria? Essa ansiedade está me matando. Peguei meu celular.
Eu: Sapata... Estou pirando.
Velcro: O que houve? Gozou na calça de novo? Hahahaha.
Eu: HÁ HÁ! Gracinha! Foi um acidente.
Velcro: Um? Um por hora.
Eu: Você não entende de pau. Pare de zoar.
Velcro: Desculpe. Não aguentei... como você hahaha.
Eu: Porque eu ainda converso com você?
Velcro: Sério. O que houve?
Eu: Lauren... hoje eu comentei que não estava segurando a barra muito bem e ela disse me daria uma ajudinha. Será que vamos transar?
Velcro: Acho que não. Acho que quando ela decidir fazer isso, ela vai te avisar antes.
Eu: O que será então? Coloco cueca nova?
Velcro: Coloca. Ela vai bater uma pra você. Eu acho.
Eu: Faz sentido. Obrigada.
Velcro: Faz. Estamos aí.
Eu tomei um banho e vesti uma cueca branca. Uma bermuda preta e uma camisa dos Dallas Cowboys.
Desci as escadas e minha mãe estava cozinhando.
— O que vai sair de bom?
— Strogonoff. Será que a Lauren gosta?
— Ela vai gostar do seu. Você cozinha bem pra caramba.
— Obrigada... eu acho. Mas... colocou a camiseta dos Cowboys. Noite especial.
— Não... é que a Lauren é tão linda... se veste toda princesa. Queria ficar bonitinha.
— Você é linda, filha. E ela gosta de você do jeito que é. Acho que ela nem ligaria se você estive toda suja e desgrenhada.
— Talvez... Mas não custa agradar um pouco.
— Você gosta mesmo dela?
— Eu venho me perguntando isso há dias, mãe. Eu gosto muito dela... de ficar com ela... sei lá. Ela está me mudando muito e não porque ela pede... eu só quero agradar ela.
— Isso é bom. E o psicólogo?
— Ele tem sido fundamental. Eu me arrependo de não ter conhecido ele antes de fazer tanta merda.
— Contou pra Lauren sobre a outra garota?
— Não tive coragem. Acho que nunca vou ter.
— Acha que é a decisão certa?
— É a única que consigo fazer. – O interfone tocou e minha mãe atendeu.
— Oi... sim... claro. Ela tem a entrada autorizada sempre. Não a deixe esperando, Max. – Ela desligou. — Sua princesa chegou.
— Para, mãe. – Ela sorriu.
— Não demorem se pegando lá fora para o jantar não esfriar.
— Não posso prometer nada. – Eu disse e ela negou.
Caminhei até o jardim e ela estava com uma mochila nas costas. Corri para ajudar a bela garota, que vestia um short jeans e uma camisa do Nirvana. Os cabelos estavam presos em um coque frouxo e ela tinha o sorriso radiante. Peguei a mochila e pousei sobre o meu ombro.
— Lauren...
— Camila... – Entrelacei nossos dedos e era estranho o conforto que isso me dava. Ela agarrou meu braço com a outra mão e escorou o rosto sobre o mesmo.
Aquilo foi tão bom... eu queria ser uma garota normal e retribuir tudo isso que ela me faz sentir. Espero ficar bem logo. Não aguento mais comer aquela boneca ridícula.
— Você está linda, Lauren.
— Obrigada, Camz. Você também... nunca tinha te visto com essa roupa. É nova?
— Não. Uso raramente.
— Ficou muito bem.
— Valeu.
— E seu carro?
— Está desmontado ainda. Eu tenho andado meio ocupada, sabe?
— Ah é? Mas ocupada bom ou ocupada ruim?
— Ocupada ótimo. – Ela puxou minha nuca e me fez encarar seus olhos.
— O que eu falei sobre ficar cinco minutos do meu lado e não me beijar?
— Que não era mais pra fazer isso?
— Então? Porque está me castigando?
— Desculpe, gata. Mas minha mãe tinha dito pra não demorar e você sabe como eu perco a noção do tempo quando nos beijamos.
— Perde é? – Eu senti minhas bochechas queimarem. — Oh Camz! Você ficou vermelha.
— Para, Lauren. – Ela selou nossos lábios e ficamos nesse selinho por um tempo. Até eu pegar a cintura dela e abraçar ela, nos entregando a mais um beijo que só um bombeiro pode separar...
— Milão! – O bombeiro chegou. — O que eu disse sobre o jantar? – Lauren se afastou bruscamente de mim.
— Eu não prometi nada.
— Desculpe, Sra Cabello.
— Tudo bem. Eu estou brincando. Agora entrem e esqueça esse “Senhora” é Sinu.
Entramos e eu coloquei a mochila de Lauren no meu quarto...
Quando estávamos no meio do jantar, o celular da minha mãe vibrou na mesa. Ela olhou ele e sorriu.
— Desculpem garotas, mas não vou terminar o jantar com vocês. Seu pai me convidou para jantar com ele.
— Que bom, mãe.
— Tudo bem, Lauren?
— Claro, Sinu. Sem problemas.
— Seus pais não vão gostar de saber disso. Vamos voltar em duas horas... eu acho.
— Não se preocupe. O primeiro dia que Camila foi até minha casa, ficamos sozinhas e acho que eles não encanariam.
— Bom... eu vou ir logo, porque isso não acontece há algum tempo. Se comportem e logo voltaremos.
— Bom jantar. – Lauren disse.
— Divirta se. – Ela acenou para nós e subiu as escadas, ela estava eufórica. Fazia tempo que ela não se empolgava assim...
— Isso está maravilhoso. Sua mãe cozinha muito bem.
— Ela estava preocupada. Queria te agradar.
— Alguém nessa casa querendo me agradar.
— Como assim?
— Nem me beijar quando cheguei. - Eu sorri.
— Eu disse que quando começo... não consigo parar.
— Em nada... – Ela disse me fitando.
— Em nada... sou muito impulsiva. E pare de me provocar.
— Provocar? Vou te ensinar o que é provocar. – Ela virou pra mim e pousou a mão na minha coxa. Ela me encarou. —
Camz... você tem a pegada tão gostosa... que só com um beijo, eu fico toda molhada. – Larguei o garfo no prato e fiquei estática. Com a pele toda arrepiada e meu amigo deu o sinal de que meu sangue não estava correndo pelos lugares certos...
— Vo... você é muito má comigo. – Eu disse e ela gargalhou.
— Ah... desculpe. Eu sei que é difícil pra você, Camz. Eu sei o que você faz um monte de sacrifícios pra ficar comigo.
— Não se desculpe. Eu gosto desse joguinho. E... eu gosto muito de você. – Ela sorriu.
— Eu também gosto muito.
— Como estou? – Minha mãe disse, portando seu longo preto e os cabelos presos.
— Linda, Sra Cabello.
— Tá bem gata, mãe. Batom vermelho. – Fiz um sinal pra ela e ela pegou na bolsa, o passando. — Agora ficou perfeito.
— Sim. – Lauren disse. — Ficou perfeito.
— Tchau, meninas. Comportem-se.
— Não vamos. – Eu disse e Lauren bateu no meu braço. Minha mãe gargalhou e se despediu de nós.
Terminamos o jantar e levamos a louça. Fechei a casa e depois apaguei as luzes, Lauren já estava no meu quarto.
Eu estava com uma sensação estranha. Eu nunca tinha sentido isso... era um fervilhar, mas era gostoso.