𝗔𝗟𝗪𝗔𝗬𝗦 𝗙𝗢𝗥𝗘𝗩𝗘𝗥, ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

ᴘʀᴏ́ʟᴏɢᴏ ☁️

❝AQUELE do jantar desastroso❞

➥ ᵃᵐʸ ᶜᵃʳᵗᵉʳ
AUGUST 16th
📍❝ᴄᴀʀᴛᴇʀ's ᴍᴀɴsɪᴏɴ❞

───── Pra mim não é nenhuma surpresa esse tipo de comportamento vindo de uma filha da Nayara. ───── minha madrasta comenta com um olhar desprezível.

Suas últimas palavras foram como um tiro pra mim, me arriscaria até dizer bem pior. Gostaria que a consequência disso tudo fosse a morte ou parar na sala de emergência de um hospital machucada, mas essa dor era psicológica: mais profunda e irreversível.

Meu pai, cínico, não tem e nunca teve a coragem de me defender, mesmo quando sequer o motivo de ser sujeita àquela humilhação foi por deixar uma taça de cristal escorregar da minha mão em um jantar "importantíssimo" (nas palavras do meu pai) de negócios. Mesmo hoje sendo uma data importante, nada pra ele importa mais do que dinheiro e status.

Agora estou aqui, com os olhos marejados, na frente de todos os empresários conhecidos de Nova York, tendo que escutar as tradicionais performances da Elisa.

Por mais que a lógica me diga que não deveria dar material pra plateia que estava me observando, num momento em que se está com a adrenalina subindo pelos seus vasos sanguíneos, nenhum dos meus sentidos funcionam então acabo por perder a cabeça.

───── PRA MIM JÁ CHEGA. ───── grito me direcionando à porta. ───── Não se preocupe Elisa, pois você NUNCA vai ser uma figura materna pra mim, sinta-se lisongeada. Robert, nunca pensei que depois que viesse morar com o senhor novamente agiria dessa maneira. Não te reconheço mais... ───── termino e finalmente saio daquela mansão. Pego meu carro na garagem e saio sem direção, descontroladamente numa madrugada chuvosa.

(...)

Fui até minha lanchonete 24h preferida no outro lado da cidade, chamada Retro's. Quanto mais longe daquela energia ruim de gente rica e mesquinha eu puder ir nessa cidade de nem 14 mil habitantes melhor.

Passei pela porta e vi que o lugar estava totalmente vazio, o que era ótimo porque assim poderia chorar em paz encolhida numa das cabines.

A menos por...

Um menino alto, com o maxilar definido, uma boca carnuda, olhos profundos e caramelos como o fim do pôr do sol, cachos tão dourados quanto ouro e braços repletos de tatuagem, saiu pela porta do banheiro masculino usando uma calça jeans comum e uma regata branca, além de segurar em uma de suas mãos um cigarro.

Não faz mal admitir: até que não foi tão ruim não estar de fato sozinha.

Ele me olha de lado rapidamente e se senta numa mesa qualquer. Me aproximo do balcão e peço um milkshake de morango, que por acaso é o meu preferido principalmente em situações de estresse. Não precisei esperar muito para que ficasse pronto, uma vez que não tinha ninguém ali além de mim e o menino misterioso.

Me sento numa mesa onde me dá uma visão de frente para ele, mas me concentro na janela ao meu lado. A chuva insistia em cair, mas isso não diminuía a beleza do céu e o contraste dele com as estrelas. Sempre gostei de admirar as pequenas coisas e, naquele momento, o barulho da chuva estava sendo a melhor música para os meus ouvidos.