— Você tá muito estranha. — Escuto a voz de Mateo e acabo soltando uma exclamação com susto.
Olho para meu irmão, que agora está apoiado no batente da porta do quarto enquanto me observa pentear o cabelo.
— Tá sorrindo sozinha. Não costuma sorrir sozinha. Você não costuma nem sorrir!
— E isso não é bom?
— Sim, mas... Esquece. Vai logo, mamãe me obrigou a te levar de novo e não tô a fim de esperar.
— Pronto — digo sorrindo falsamente para Mateo antes de ignorar sua existência e passar pela porta.
— Voltou tarde ontem. Por quê? — pergunta enquanto descemos as escadas.
— Nada que seja da sua conta.
— Tudo bem, tudo bem. Não precisa dizer, eu já sei.
Eu conheço essa tática: se seu irmão falar que sabe de algo que você não contou a ele, não caia! É uma cilada! Ele só está fingindo para fazer com que você fale tudo! Se não conhecesse esse truque, eu provavelmente diria algo como "como sabe se não contei a você que eu e Christian tivemos nossa primeira vez ontem?!" E ele conseguiria o que quer.
Eu sei que ele não sabe.
— Eu sei que transou ontem.
Ah, meu Deus ele sabe!
Mas talvez seja só um jogo...
— Não fiz isso — minto.
— Diz aí, é verdade que a primeira vez das meninas costuma doer? — e com essa fala, constato que Mateo é um idiota.
— Bom, se você teve a mínima educação sexual, deve saber que sim. Mas eu não fiz nada, Mateo — minto outra vez. O problema não é dizer a verdade, o problema é ouvir perguntas do ser ao meu lado.
— Você cora quando mente. — Passa para minha frente e aponta para meu rosto antes de entramos no carro.
— Tá, tá, você venceu. — Levanto as mãos me rendendo.
— Mas se dói, por que está feliz? — e isso é pergunta que se faça?
Respiro fundo, sabendo que serei obrigada a dizer.
— Não estou feliz porque foi prazeroso. Estou feliz porque fizemos isso juntos, porque estamos íntimos a ponto de fazermos isso sem um pingo de vergonha ou arrependimento, porque nos amamos a ponto de nos entregarmos um para o outro dessa forma. Entende isso?
— Foi bem romântico.
— Eu, não sou romântica, cacete!
...
— Sobre isso — Escuto Christian sussurrar em me ouvindo então acabo me assustando e sei que ele está se segurando para não rir com isso. Ele segura seu celular onde posso ver a tela perfeitamente bem, logo identifico um trecho de All About Angels — Quando vai publicar?
— Já disse que não vou publicar. — Viro meu corpo para vê-lo melhor.
— Eu sei, Mas devia. Sério, eu nunca li algo tão bom.
— Esse provavelmente é um dos únicos livros que você leu — provoco com um sorriso torto.
— Sim — fala devagar — Mas não deixa de ser verdade. É sério, eu tô no capítulo 15 e já chorei duas vezes. Duas vezes, Bruna! — Arregala um pouco os olhos ao dizer a última frase para dar ainda mais ênfase em suas palavras.
YOU ARE READING
Mais de Mil Perguntas | ✓
Teen FictionSer um humano significa ter sentimentos e, vamos combinar, dependendo de quem e como você for, isso não é muito legal. Este é o caso de Bruna Garlick, uma adolescente simplesmente viciada em escrever poesias, que não quer sentir. Isso. Bruna escreve...