31. Talvez Uma Publicação

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    — Você tá muito estranha. — Escuto a voz de Mateo e acabo soltando uma exclamação com susto.

    Olho para meu irmão, que agora está apoiado no batente da porta do quarto enquanto me observa pentear o cabelo.

    — Tá sorrindo sozinha. Não costuma sorrir sozinha. Você não costuma nem sorrir!

    — E isso não é bom?

    — Sim, mas... Esquece. Vai logo, mamãe me obrigou a te levar de novo e não tô a fim de esperar.

      — Pronto — digo sorrindo falsamente para Mateo antes de ignorar sua existência e passar pela porta.

      — Voltou tarde ontem. Por quê? — pergunta enquanto descemos as escadas.

     — Nada que seja da sua conta.

     — Tudo bem, tudo bem. Não precisa dizer, eu já sei.

      Eu conheço essa tática: se seu irmão falar que sabe de algo que você não contou a ele, não caia! É uma cilada! Ele só está fingindo para fazer com que você fale tudo! Se não conhecesse esse truque, eu provavelmente diria algo como "como sabe se não contei a você que eu e Christian tivemos nossa primeira vez ontem?!" E ele conseguiria o que quer.

      Eu sei que ele não sabe.

      — Eu sei que transou ontem.

     Ah, meu Deus ele sabe!

     Mas talvez seja só um jogo...

    — Não fiz isso — minto.

    — Diz aí, é verdade que a primeira vez das meninas costuma doer? — e com essa fala, constato que Mateo é um idiota.

    — Bom, se você teve a mínima educação sexual, deve saber que sim. Mas eu não fiz nada, Mateo — minto outra vez. O problema não é dizer a verdade, o problema é ouvir perguntas do ser ao meu lado.

     — Você cora quando mente. — Passa para minha frente e aponta para meu rosto antes de entramos no carro.

    — Tá, tá, você venceu. — Levanto as mãos me rendendo.

    — Mas se dói, por que está feliz? — e isso é pergunta que se faça?

   Respiro fundo, sabendo que serei obrigada a dizer.

    — Não estou feliz porque foi prazeroso. Estou feliz porque fizemos isso juntos, porque estamos íntimos a ponto de fazermos isso sem um pingo de vergonha ou arrependimento, porque nos amamos a ponto de nos entregarmos um para o outro dessa forma. Entende isso?

    — Foi bem romântico.

    — Eu, não sou romântica, cacete!

...

      — Sobre isso — Escuto Christian sussurrar em  me ouvindo então acabo me assustando e sei que ele está se segurando para não rir com isso. Ele segura seu celular onde posso ver a tela perfeitamente bem, logo identifico um trecho de All About Angels — Quando vai publicar?

      — Já disse que não vou publicar. — Viro meu corpo para vê-lo melhor.

     — Eu sei, Mas devia. Sério, eu nunca li algo tão bom.

     — Esse provavelmente é um dos únicos livros que você leu — provoco com um sorriso torto.

     — Sim — fala devagar — Mas não deixa de ser verdade. É sério, eu tô no capítulo 15 e já chorei duas vezes. Duas vezes, Bruna! — Arregala um pouco os olhos ao dizer a última frase para dar ainda mais ênfase em suas palavras.

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