29. Momentos Ruins.

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      Aparentemente, fazer Ben ficar suspenso por mais de três semanas, não faz eu me sentir melhor. Ainda me sinto completamente traumatizada. Hillary provavelmente se sente assim também; e posso imaginar que o mesmo acontece com a garota de hoje mais cedo e com todas as outras que ele possivelmente assediou.

      Quando tenho com o que me preocupar, é tudo ótimo, maravilhoso. Mas se não estou interessada no assunto ou não estou ocupada, pronto, aquele aperto no coração e aquele ardência nos olhos que denuncia a chegada das lágrimas, sempre voltam.

      — Está tudo bem? Não te vi no intervalo hoje, pensei que estivesse acontecendo alguma coisa — Christian pergunta assim que atravessamos o portão da escola.

     — É, é, sim. Quero dizer, mais ou menos. Só... Eu e Hillary tivemos que resolver  algumas coisas.

      — Hmm... Não sei por que, mas... não consigo acreditar em você.

     — Acreditar em que? — O olho franzindo as sobrancelhas, me fazendo de desentendida.

     — Acreditar que está bem — diz passando seu braço por trás de meus ombros.

     — Não disse que estou bem. Disse que... — Suspiro longamente.

     Até agora, quatro pessoas, além de mim, sabem do que aconteceu ontem: Mateo, minha mãe, meu pai e Hillary. Emma pode até ter ouvido se falar sobre o assunto, mas é muito nova para entender. Contei para todas essas pessoas. Menos para ele.

    Eu sei quais serão suas possíveis reações: 1) ou ele ficará sem palavras e me puxará para um abraço na tentativa de me consolar ou 2) Ele ficaria com raiva, não só por mim, mas também por viver em um mundo que a cada dia se mostra mais cruel.

    Eu não gosto da segunda possibilidade.

    Raiva não é um sentimento muito legal.

    Mas eu tenho que contar.

    — É um pouco complexo. Mais tarde eu te conto, pode ser? — digo por fim, encarando seus olhos.

    Ele assente.

    Então daqui poucas horas irei contar tudo a Christian e, de verdade, espero que sua reação seja a primeira. Definitivamente, raiva não é algo bom. E ver as pessoas que ama com raiva, também não é nem um pouco agradável.

...

      Quando abro a porta de casa me deparo com uma cena que não é lá muito normal. Emma está extremamente emburrada, com os braços cruzados e fazendo um beiço. É um pouco estranho ver uma pessoa que vive sorrindo, dessa forma.

     — Desembucha! — digo me jogando no sofá, ao seu lado.

      — Mateo ia me levar pra sair e a mamãe não deixou!

     — E tem um motivo para isso? — pergunto com uma sobrancelha arqueada, olhando diretamente para minha irmã, mesmo que seu olhar ainda esteja voltado para frente.

     — Ela disse que é por causa dos homens maus.

   Eu entendo o que minha mãe quis dizer com "homens maus".

     Dáina já está ficando obcecada com isso. Não é como se ela só estive tentando proteger suas filhas, é como se fosse algo muito mais pessoal.  Se ela estivesse tentando nos proteger, ela deixaria Emma sair com Mateo, ela não iria sugerir que eu faltasse na escola — sim, ela sugeriu isso, mas eu fui completamente contra a essa ideia e a única coisa que fez foi me dar milhares de instruções. Alguma coisa aconteceu para ela estar agindo assim.

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