Aparentemente, fazer Ben ficar suspenso por mais de três semanas, não faz eu me sentir melhor. Ainda me sinto completamente traumatizada. Hillary provavelmente se sente assim também; e posso imaginar que o mesmo acontece com a garota de hoje mais cedo e com todas as outras que ele possivelmente assediou.
Quando tenho com o que me preocupar, é tudo ótimo, maravilhoso. Mas se não estou interessada no assunto ou não estou ocupada, pronto, aquele aperto no coração e aquele ardência nos olhos que denuncia a chegada das lágrimas, sempre voltam.
— Está tudo bem? Não te vi no intervalo hoje, pensei que estivesse acontecendo alguma coisa — Christian pergunta assim que atravessamos o portão da escola.
— É, é, sim. Quero dizer, mais ou menos. Só... Eu e Hillary tivemos que resolver algumas coisas.
— Hmm... Não sei por que, mas... não consigo acreditar em você.
— Acreditar em que? — O olho franzindo as sobrancelhas, me fazendo de desentendida.
— Acreditar que está bem — diz passando seu braço por trás de meus ombros.
— Não disse que estou bem. Disse que... — Suspiro longamente.
Até agora, quatro pessoas, além de mim, sabem do que aconteceu ontem: Mateo, minha mãe, meu pai e Hillary. Emma pode até ter ouvido se falar sobre o assunto, mas é muito nova para entender. Contei para todas essas pessoas. Menos para ele.
Eu sei quais serão suas possíveis reações: 1) ou ele ficará sem palavras e me puxará para um abraço na tentativa de me consolar ou 2) Ele ficaria com raiva, não só por mim, mas também por viver em um mundo que a cada dia se mostra mais cruel.
Eu não gosto da segunda possibilidade.
Raiva não é um sentimento muito legal.
Mas eu tenho que contar.
— É um pouco complexo. Mais tarde eu te conto, pode ser? — digo por fim, encarando seus olhos.
Ele assente.
Então daqui poucas horas irei contar tudo a Christian e, de verdade, espero que sua reação seja a primeira. Definitivamente, raiva não é algo bom. E ver as pessoas que ama com raiva, também não é nem um pouco agradável.
...
Quando abro a porta de casa me deparo com uma cena que não é lá muito normal. Emma está extremamente emburrada, com os braços cruzados e fazendo um beiço. É um pouco estranho ver uma pessoa que vive sorrindo, dessa forma.
— Desembucha! — digo me jogando no sofá, ao seu lado.
— Mateo ia me levar pra sair e a mamãe não deixou!
— E tem um motivo para isso? — pergunto com uma sobrancelha arqueada, olhando diretamente para minha irmã, mesmo que seu olhar ainda esteja voltado para frente.
— Ela disse que é por causa dos homens maus.
Eu entendo o que minha mãe quis dizer com "homens maus".
Dáina já está ficando obcecada com isso. Não é como se ela só estive tentando proteger suas filhas, é como se fosse algo muito mais pessoal. Se ela só estivesse tentando nos proteger, ela deixaria Emma sair com Mateo, ela não iria sugerir que eu faltasse na escola — sim, ela sugeriu isso, mas eu fui completamente contra a essa ideia e a única coisa que fez foi me dar milhares de instruções. Alguma coisa aconteceu para ela estar agindo assim.
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Mais de Mil Perguntas | ✓
Teen FictionSer um humano significa ter sentimentos e, vamos combinar, dependendo de quem e como você for, isso não é muito legal. Este é o caso de Bruna Garlick, uma adolescente simplesmente viciada em escrever poesias, que não quer sentir. Isso. Bruna escreve...