16. Confundindo A Realidade Com A Ficção.

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       Segunda-feira. Isso significa que tenho aula de Literatura. Ou seja, terei uma aula com Christian.

    Desde que descobri que o que estou sentindo, não é nada mais, nada menos do que paixão, sinto que meus pensamentos são direcionados à ele com mais frequência. O tempo todo na verdade.

    — Bruna? — Levanto meu olhar que, até então, estava voltado para a mesa e encaro Mateo. —  Já é a terceira vez que te chamo, está tudo bem?

     — É... Sim, claro. — Chacoalho minha cabeça em uma tentativa de tirar-me de meus próprios devaneios. — O que quer?

     — Está atrasada!

    Engasgo com o café, saio da mesa em um pulo, pego minha mochila rapidamente e antes de sair, de fato, digo ao Mateo:

    — Bem que você poderia me levar, né? Não custa nada.

     — Não. De jeito nenhum!

    — Ah, é? Acho que você esqueceu que nossos pais chegam hoje e que eu poderia muito bem contar à eles o que aconteceu na sexta, né? O que será que aconteceria com você? — provoco.

     — Você é má. — Ele serra os olhos e levanta, se rendendo. Já eu, sorrio vitoriosa.

...

     Aula de Literatura. Ok. Não vai ser tão ruim assim.

     Ao sentar em minha cadeira, coloco a touca de meu moletom sobre minha cabeça e a escondo, abaixando a mesma. Talvez isso faça Christian não reparar em mim, ou apenas não falar comigo.

     E não deu em outra: o professor chegou e ele nem sequer ameaçou me dirigir a palavra.

      — Alguém aqui, já leu algo de Edgar Allan Poe? — Ao ouvir a voz fria me forço a levantar a cabeça.

    Ele está andando por toda a sala. Sério, com uma postura invejável. Isso me lembra muito Jacob Strane de Minha Sombria Vanessa. Me dá nojo. Não só ele, como a aula me lembra uma passagem do livro onde comentam em uma aula de Literatura sobre Edgar Allan Poe ter se casado com a própria prima, quando ela havia apenas 13 anos de idade. Talvez não fosse um livro para minha idade, mas me fez repensar sobre muitas coisas e aprender muito também. Foi uma boa leitura.

    Strane me dá nojo, mesmo sendo um personagem fictício. Existem pessoas como ele que abusam desse alunas — Ou não alunas — psicologicamente e sexualmente.

     Confesso que depois de ler o livro, fiquei um pouco assustada com esse professor. Sua barba preta, igual a que Vanessa descreve no livro; seu porte alto, sua rigidez, seus testes e o fato de também dar aula de Literatura. Tudo me lembra Strane.

    Esses fatores fazem meu corpo estremesser e esquecer da pergunta.

     — Vou perguntar pela última vez: Alguém aqui já leu algo de Edgar Allan Poe? — Sua voz sai alta, fazendo-me finalmente tomar consciência e lembrar que não, o professor Whittaker não é Strane, só parece com Strane

    Obviamente, já havia lido muitas coisas de Edgar Allan Poe. Levantei minha mão timidamente.

    — Sim, Garlick? Já leu algo do autor? — Apenas assinto com a cabeça — Poderia citar algo? Pode ser o seu favorito se já leu mais de uma obra.

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