30. Completamente Entregue.

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      Eu conto tudo para Christian, como contei as outras quatro pessoas. Estou com medo de sua reação, principalmente se for como a de Mateo ou a da minha mãe.

     Enquanto conto a única coisa que Christian faz e escutar atentamente. Suas feições estão mais rígida, não tem como saber se está triste, com raiva, com... com... Eu não sei.

      É como reviver tudo. Se quiser posso sentir Ben tocar em mim, posso ouvir sua voz, seus insultos. A questão é que eu não quero e mesmo assim consigo sentir e ouvir.

      Não é como se eu estivesse apenas contando; nem sequer me toco que Christian está aqui e ouve tudo que digo. Sinto que estou vivendo tudo aquilo outra vez e estou apenas narrando os acontecimentos de uma forma um pouco inconsciente, já que nem minha voz posso escutar.

    — Ele machucou você? — ele pergunta com cuidado e então sei: Christian está preocupado.

    Ao ouvir sua voz, finalmente tomo consciência e consigo perceber que não estou revivendo o dia de ontem.

    — Só meu psicológico — digo baixo com um sorriso triste em meu rosto.

    Christian suspira longamente como se pudesse sentir o que eu estou sentindo agora.

    Ele faz exatamente o que havia pensado que faria: me puxa para um abraço em uma tentativa de me consolar.

    Gosto da sensação que seu corpo me proporciona, o calor que me passa... Tudo nele tem um efeito sobre mim que eu não entendo, mas que é bom. Não sei por que me privei disso por tanto tempo.

     E assim permanecemos, durante minutos e mais minutos e sei que poderia passar horas aqui sem fazer o mínimo esforço.

    Não sei nem como agradecer à Deus por ter Christian em minha vida.

    Acho que, afinal, o amor não é uma droga. Pelo menos às vezes.

    — Obrigada — sussurro levantando meu rosto para poder vê-lo.

    — Por quê? — pergunta com um belo sorriso bobo em seu rosto o que me faz soltar um um leve risada.

    — Por existir — Christian ri achando graça e acima de tudo, se sentindo emocionado, é possível perceber isso ao ver o brilho em seus olhos — Por... por estar aqui, comigo, quando poderia estar fazendo qualquer outra coisa... — Suspiro com um sorriso preso em meu rosto. — Eu te amo tanto, Chris — Passo as costas de minha mão em seu rosto antes de deixar um calmo e longo beijo em seu lábios.

    Não consigo evitar sorrir no pequeno espaço de tempo em que nossos lábios se separam. Christian também não. Só paramos de sorrir entre um beijo e outro quando tudo fica mais intenso e deixa de ser tão ingênuo quanto minutos atrás. Agora é um beijo apaixonado, como se inconscientimente eu pudesse saber de tudo que ele sente por mim e Christian, de tudo que eu sinto por ele sem necessariamente dizer.

    Eu estou completamente entregue, é como se eu não tivesse mais o mínimo controle sobre meu corpo e, sinceramente, não quero ter controle nenhum agora. 

    Christian traça uma trilha de beijos do meu rosto para meu pescoço, que faz cada centímetro do meu corpo se arrepiar por completo. Já bem perto de meu ouvido, ele sussurra:

   — Você tem certeza?

   — Sim! — respondo de imediato.

   — Absoluta? — pergunta novamente, agora encarando meus olhos

   Coloco seu rosto em minhas mãos e o beijo profundamente antes de dizer:

    — Acho que nunca tive tanta certeza de algo antes.

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