6. E Se Eu Fizesse Terapia?

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     Tá. Esse é só mais um dia, Bruna.

     Como qualquer outro.

     Como a semana passada inteira.

     A única diferença é que vai apresentar um poema hoje.

   É só hoje. Os outros, Tayler que vai apresentar. Não tem porque ficar nervosa, certo?

     Repito essas mesmas frases várias vezes em minha cabeça, enquanto me olho no espelho para ver se me acalmo um pouco, mas devo confessar que não está funcionando.

      Respiro fundo, aponto para minha imagem no espelho e digo para mim mesma:

      — Você é incrível.

      Sim, ridículo, mas ajuda... Só na maioria das vezes, porque agora estou prestes a ter um infarto!

    Respiro fundo outra vez e murmuro um "isso" para mim mesma novamente.

     Isso que dá, fui querer ser sozinha na vida e olha só: Agora eu estou tão louca que estou até falando sozinha!

     Mas enfim, a minha companhia é melhor do que a de qualquer outra pessoa — É claro porque, segundo as pesquisas realizadas por mim, eu sou incrível.

     Coloco a mochila na costas, me olho no espelho por uma última vez, mordo o lábio tomando coragem e finalmente saio.

...

     — Promete que não vai surtar? — Jhon pergunta pela milésima vez, enquanto segura minha mãos firmemente.

     — Eu já disse que prometo. Agora dá para você soltar minhas mãos?

     — Não, não dá. Assim que eu contar você vai querer estrangular alguém e eu não quero que isso aconteça, principalmente porque eu sou a pessoa mais próxima de você neste momento, então...

     — Fala logo! — insisto.

     — Tudo bem — Ele pega o celular em seu bolso e me entrega.

     O celular está aberto no Twitter, em uma foto. Foto de um texto. Um texto... Meu? Sei disso porque meu nome está escrito lá e porque reconheço todos os meus textos de longe.

    — Quê...? Como...? — minha voz sai falha, mesmo fazendo o máximo de esforço para que isso não aconteça e para não perceberem que estou abalada

    — Nós não sabemos — diz olhando para Hillary e Christian que estão a nossa volta.

     — Mas... Eu... Eu não... Como que...? — Ínicio frases, mas não tenho capacidade para terminar nenhuma delas.

    — Tiveram mais dois — Jhonatan volta a falar.

     — Então, foram expostos três textos meus? — Minha voz sai tão baixa e falha, que até fica difícil de escutar, mas ainda é possível — Quem fez isso?

     — Não dá para saber — Dessa vez, Hillary diz — O nome no perfil é um pseudônimo e a foto é uma frase.

   Suspiro. Antes que eu possa dizer qualquer coisa, o sinal toca. A primeira aula é de literatura, então eu e Christian nos separamos de Hillary e Jhon e seguimos em direção à sala.

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