Já é tarde. É muito tarde para tentar ignorar isso. Ignorar que sinto algo forte pelo Christian e tentar fingir que nada aconteceu.
Observo aquela barra, na tela do notebook, piscando e me convidando à escrever mais e mais. Porém, não consigo.
Argh! Porque eu não consigo apenas tirar ele da minha cabeça? É tão difícil assim?
Simplesmente desisto de tentar escrever. Só tem um jeito de resolver isso.
"Posso falar com você?" Mando a mensagem para Christian, e suspiro, não sabendo se estou fazendo a coisa certa ou a errada.
Depois de cinco minutos de completa tortura ele responde: "Claro. Precisa que eu vá aí?"
Respondo um: "não. Eu vou aí."
Sem esperar qualquer outra resposta, saio de casa o mais rápido possível.
Já está tarde. Uma e trinta e cinco da madrugada. Mas eu não me importo.
De repente sinto um vento gelado bater, e só então, percebo que estou com um short, não muito curto e uma regata. E está frio. Entro no carro o mais rápido que posso e tento ignorar completamente o fato de que não estou com uma roupa adequada para uma noite de 11° C e que estou morrendo de frio. Eu poderia voltar, mas a preguiça está falando mais alto.
Já faz um tempo que eu não dirijo. Acho que uns três meses. Nem sei como estou fazendo isso agora. A estrada é vazia, o que é bem difícil de acontecer, e silenciosa, o que é mais difícil ainda.
Ao chegar lá, por algum motivo, eu começo a tocar aquela campainha freneticamente.
Ah, caramba, o que eu estou fazendo?
Eu nem sei o que dizer para ele, eu não sei nem o que estou fazendo aqui.
É melhor eu voltar, não é?
E por que eu continuo tocando essa droga de campainha?
Ah, quer saber? Eu vou voltar e aí...
— Bruna, você está doida?! — Ele grita em um sussurro, assim que abre a porta. Provavelmente todos da casa já estão dormindo — O que deu em você para vir vestida assim?! Poderia ficar doente!
— Eu só... — Antes que eu possa terminar, Christian pega em minha mão e corre até... — Para aonde está me levando?
Ele não responde.
Apenas continua a correr. Subimos as escadas e ao chegar em um lugar que parece ser seu quarto, ele tranca a porta, um pouco ofegante e parecendo muito, muito, muito assustado.
— Por que você...
— Shh — Christian me interrompe — Ela não pode saber que você está aqui — sussurra.
— E por quê? — falo baixo também.
Meus olhos desviam para o seu braço e eu encontro...
... Uma mancha.
— Porque... Porque ela... Ela não vai gostar de saber que... — Para ou sentir meu toque em seu braço.
O olho como se perguntasse "o que é isso?"
Ele não diz nada.
E por isso mesmo, resolvo perguntar:
— Ela te machucou?
Nada.
— Christian, me responde! Ela, a sua mãe, te machucou? Ela bateu em você?
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Mais de Mil Perguntas | ✓
Teen FictionSer um humano significa ter sentimentos e, vamos combinar, dependendo de quem e como você for, isso não é muito legal. Este é o caso de Bruna Garlick, uma adolescente simplesmente viciada em escrever poesias, que não quer sentir. Isso. Bruna escreve...