19. "Oi, Sumido."

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      Já é tarde. É muito tarde para tentar ignorar isso. Ignorar que sinto algo forte pelo Christian e tentar fingir que nada aconteceu.

     Observo aquela barra, na tela do notebook, piscando e me convidando à escrever mais e mais. Porém, não consigo.

    Argh! Porque eu não consigo apenas tirar ele da minha cabeça? É tão difícil assim?

    Simplesmente desisto de tentar escrever. Só tem um jeito de resolver isso.

     "Posso falar com você?" Mando a mensagem para Christian, e suspiro, não sabendo se estou fazendo a coisa certa ou a errada.

     Depois de cinco minutos de completa tortura ele responde: "Claro. Precisa que eu vá aí?"

    Respondo um: "não. Eu vou aí."

    Sem esperar qualquer outra resposta, saio de casa o mais rápido possível.

    Já está tarde. Uma e trinta e cinco da madrugada. Mas eu não me importo.

   De repente sinto um vento gelado bater, e só então, percebo que estou com um short, não muito curto e uma regata. E está frio. Entro no carro o mais rápido que posso e tento ignorar completamente o fato de que não estou com uma roupa adequada para uma noite de  11° C e que estou morrendo de frio. Eu poderia voltar, mas a preguiça está falando mais alto.

      Já faz um tempo que eu não dirijo. Acho que uns três meses. Nem sei como estou fazendo isso agora. A estrada é vazia, o que é bem difícil de acontecer, e silenciosa, o que é mais difícil ainda.

      Ao chegar lá, por algum motivo, eu começo a tocar aquela campainha freneticamente.

     Ah, caramba, o que eu estou fazendo?

    Eu nem sei o que dizer para ele, eu não sei nem o que estou fazendo aqui.

     É melhor eu voltar, não é?

     E por que eu continuo tocando essa droga de campainha?

    Ah, quer saber? Eu vou voltar e aí...

   — Bruna, você está doida?! — Ele grita em um sussurro, assim que abre a porta. Provavelmente todos da casa já estão dormindo — O que deu em você para vir vestida assim?! Poderia ficar doente!

   — Eu só... — Antes que eu possa terminar, Christian pega em minha mão e corre até... — Para aonde está me levando?

   Ele não responde.

    Apenas continua a correr. Subimos as escadas e ao chegar em um lugar que parece ser seu quarto, ele tranca a porta, um pouco ofegante e parecendo muito, muito, muito assustado.

    — Por que você...

    — Shh — Christian me interrompe — Ela não pode saber que você está aqui — sussurra.

     — E por quê? — falo baixo também.

    Meus olhos desviam para o seu braço e eu encontro...

    ... Uma mancha.

   — Porque... Porque ela... Ela não vai gostar de saber que... — Para ou sentir meu toque em seu braço.

    O olho como se perguntasse "o que é isso?"

    Ele não diz nada.

    E por isso mesmo, resolvo perguntar:

    — Ela te machucou?

    Nada.

   — Christian, me responde! Ela, a sua mãe, te machucou? Ela bateu em você?

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