7. Era Uma Vez Um Jubiscleudo

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     Tayler apresenta a nossa prosa poética de uma forma extremamente limpa, perfeita. E eu estou prestando atenção? Não! Eu não estou, nem sequer entendo uma palavra do que ele diz, só sei que está ótimo pela intonação da sua voz.

      Depois do que aconteceu ontem, não consigo pensar em mais nada, sinto como se estivesse em um mundo completamente paralelo e que tudo que acontece em minha volta não é nada mais, nada menos do que um sonho, ou melhor, um pesadelo.

      Só percebo que não é um pesadelo quando Tayler termina e todos aplaudem. O som das palmas faz minhas cabeça doer e girar ainda mais. Faço caretas de dor e fecho meus olhos com força para tentar esquecer do que passei ontem, não estou falando só dá públicação dos textos, como também estou falando da apresentação.

      Eu não me importo (tanto) com o que as pessoas pensam, eu me importo com a minha nota! E com o que aconteceu ontem, é óbvio que não vou tirar uma muito boa.

    — Já pensou que pode ter sido ele? — Christian pergunta baixo quando todos param de aplaudir.

    — O Tayler? Não, não. Ele nunca faria isso sem a minha autorização.

   — Mas ele foi na sua casa na semana passada. Ele pode ter visto alguns textos.

    Fico pensando por um tempo. Eu suspeitava dele, mas eu conheço o Tayler desde os meus cinco anos, acho difícil que tenha sido o mesmo.

     — Eu vou falar com ele.

    — É bom, melhor do que tirar conclusões precipitadas.

...

     — Eu quero respostas! — Me aproximo de Tayler no intervalo e digo sem cerimônia.

    Ele me olha confuso, abre e fecha a boca várias vezes, parecendo pensar no que dizer, mas a única coisa que sai de sua boca é:

    — Do que você está falando?

   — Das minhas poesias que foram publicadas sem a minha autorização.

   — Acha que eu fiz isso?

   — Acho. Você foi na minha casa semana passada. Só pode ter sido você.

   — Mas não fui eu. Eu jamais faria uma coisa dessas!

   — Como posso saber que não está mentindo?

   — Olha, Bruna, eu achei seus textos sem querer, confesso, gostei muito deles e copiei em meu caderno para ver se ajudava com o bloqueio criativo, e só. Eu não publiquei nada!

    Lanço à ele um olhar desconfiado e saio.

   Quem teria publicado os textos?

   Eu não quero saber quem foi para me vingar ou algo do tipo, quero saber quem foi para fazer o infeliz apagar tudo!

    — Descobriu alguma coisa? — Jhonatan pergunta assim que chego à mesa, aonde estava antes.

    — Não — Digo me sentando com a minha melhor cara de antipática, também conhecida como a cara de cu mais cuzuda de todas.

    — O que ele disse? — Jhon pergunta.

    — Disse que achou meus textos, gostou e o máximo que fez foi copiar em seu caderno. Segundo ele, não publicou nada.

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