T r i n t a e t r ê s

9.1K 461 114
                                    

Sugestão de música: To build a home - The Cinematic Orchestra (ouçam essa música)

Tapei o sol com as mãos e fechei os olhos sentindo o vento bater no meu rosto.

Pedro olhou pra mim e beijou minha bochecha enquanto sorria.

— Eca! — Duda tapou os olhos e sujou as bochechas de terra.

Dei risada olhando e ela tentou limpar sujando ainda mais.

— Meu Deus do céu Eduarda, vamos lavar isso. — Pedro chamou ela e sorri observando os dois.

Os dias agora estavam começando a ficar ensolarados e quentes, decidimos plantar as flores que a mamãe deu, mas estava sendo mais desastroso do que bom.

Eu ficava cansada toda hora, o que em partes era normal, mas eu estava um pouco preocupada, ainda estava no começo do oitavo mês e me sentia um peso gigante que não consegue fazer nada... além de que as tonturas haviam voltado, mas eu ainda não tive coragem de falar pra ninguém pra não preocupa-los.

— Mamãe, você não vai ajudar a gente?! Você tá sentada aí tem um tempão! — Duda chamou correndo de volta pro buraco que tinha aberto.

Levantei do degrau quase morrendo e andei na direção observando as sementinhas plantadas, algumas estavam tão mal cobertas que ainda dava pra ver.

— Vem, a mamãe vai te ajudar a colocar mais terra, senão o sol vai secar elas e não vai germinar pra crescer. — Falei pegando mais terra e jogando encima. — Eita, seu irmão tá agitado.

Sua mãozinha suja de terra foi parar encima do meu vestido e fiz uma careta mas sorri mesmo assim, ele estava agitado e as dores no pé da barriga tinham começado.

Na consulta de rotina da semana passada a Nancy disse que ele já estava grande, e estava tudo certo, tentei falar sobre as tonturas mas o Pedro estava junto e isso complicaria as coisas... mas não era nada, elas eram fracas e não faria mal, era isso que eu esperava.

— Será que ele quer me ajudar a plantar também?! — Ela perguntou e sorri. — Quando ele vai poder me ajudar mãe?

— Daqui pouco tempo... bem pouco tempo. — Passei a mão na sua bochecha.

Vi ela repetir o que eu fiz nas sementinhas, fiquei observando e senti o Pedro me abraçar de lado.

— Ela cresceu tanto que as vezes me dá medo de pensar como vai estar daqui um ano. — Ele falou e assenti. — Esses dias estávamos conversando e ela me disse que um menino puxou o cabelo dela na escola e agora eles se odeiam... tem alguma chance de se tornarem namorados futuramente?!

— Para de ser paranoico Pedro. — Fiz uma careta encarando ele. — Mas as vezes isso me preocupa também, o tempo tá passando tão rápido, as vezes sinto medo de perder ela ou algo do tipo... quero congelar o tempo pra sempre.

Senti uma leve tontura e fechei os olhos respirando fundo pra passar, abri novamente e ele me encarava com a sobrancelha erguida.

— Amor você tá bem, não tá? — Ele perguntou mordendo os lábios. — As vezes eu vejo você se apoiando nas coisas, fechando os olhos e... você não tá sentindo as tonturas, né? Me diz que não Maju.

— Não tô. — Menti segurando seu rosto. — Eu to bem, vai dar tudo certo.

Um sorriso se formou, mesmo que ele não tivesse acreditado em mim. Me senti culpada por não contar, mas eu sabia como ele era preocupado e iria fazer um escândalo por nada.

Desde aquele dia as coisas tinham melhorado, ele tinha se mudado pra casa, contamos pra Duda que estávamos juntos... foi meio embaraçoso mas o pior de tudo foi ela dizer que já sabia, do jeito dela pensar é claro, mas sabia.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora