V i n t e e s e i s

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Sugestão de música: Need you now - Dean Lewis

— Mamãe, eu não consigo! — Duda resmungou enquanto fazia uma careta prestes a chorar.

— O que aconteceu? — Perguntei abaixando pra ficar do seu tamanho. — Claro que você consegue!

— E se eu errar? Eles vão rir de mim! Eu não vou conseguir, não vou... — Ela fungou e as lágrimas escorreram.

Ofereci um abraço e ela me apertou fungando.

Hoje era a apresentação de ballet e desde de manhã ela pensou em desistir pelo menos umas noventa vezes.

Pro lado sentimental ela tinha me puxado completamente, a insegurança e a fragilidade eram iguais.

A professora apareceu na porta preocupada olhando em volta, umas quatro mães tentavam acalmar suas filhas assim como eu.

Ela fez um sinal mostrando que só tinha mais dois minutos e assenti me soltando do abraço.

— Amor, se você errar as pessoas vão entender, não importa o que elas vão pensar sobre você, o que importa é se você vai se sentir feliz fazendo isso. — Segurei seu rostinho limpando suas lágrimas.

— O papai vai vir? — Ela perguntou e franzi os lábios.

— Eu espero que venha amor, mas se não vier, eu vou estar aqui por você. — Beijei sua testa. — Você é a pessoa mais corajosa que eu conheço, vai dar tudo certo.

A professora apareceu de novo e respirei fundo olhando em volta e percebendo que só faltava a Duda.

— Eu te amo mamãe, muito, muito, muito. — Duda me abraçou de novo e sorriu.

— Eu te amo mais. — Dei risada e levantei. — Agora você precisa ir, boa sorte. Se errar os passos é só olhar pra mim.

Ela correu até a professora e acenou com a mãozinha minúscula. Sorri sozinha pensando no quanto eu tinha sorte em ter a Duda comigo.

Me toquei que estava parada sorrindo sozinha feito uma boba e saí de trás do palco tentando achar a Isabel no meio daquela multidão.

Desci as escadas sentindo uma leve tontura e escorei na parede respirando fundo, as tonturas estavam cada vez piores e eu ainda não tinha contado pra ninguém.

Senti dor na mão e tentei não forçar meu peso nela, apesar de não estar mais engessada ainda estava com uma proteção pra não lesionar ainda mais o osso.

Olhei novamente pra frente, tinha muita gente e seria impossível encontrar ela...

Senti minhas pernas amolecerem quando vi ele. Seus olhos estavam cravados em mim e prendi a respiração por alguns segundos, minha única reação foi encara-lo de volta.

Meu coração acelerou e me senti nauseada. Eu não queria ver o Pedro, eu sabia que esse dia chegaria, mas eu temia minha reação.

Eu tentei parar de olhar pra ele, mas era impossível...

— Maju! — Isabel segurou meu ombro. — Você tá bem? Você tava andando e de repente parou e ficou encarando o nada, tá sentindo alguma dor?!

Engoli em seco tentando raciocinar o que ela tinha me falado, e demorei um tempinho pra entender e conseguir responder.

— Eu tô... tava procurando vocês, mas tinha muita gente. — Falei molhando os lábios e olhei novamente pra plateia.

Isabel acompanhou meu olhar e me encarou séria balançando a cabeça, o Pedro tinha parado de nos olhar e vi que seus pais e a Gabe estavam nos encarando.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora