Q u a t o r z e

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Sugestão de musica: Give me something - Seafret

Eu não parei o beijo.

Eu me deixei sentir aquilo, meu coração estava mais acelerado que o normal, e quando coloquei uma das minhas mãos no seu peito senti a mesma coisa.

Seus lábios pressionaram os meus levemente, senti alguns arrepios percorrerem meu corpo e abri os lábios, eu queria aquilo e mentir ou me afastar só piorariam as coisas.

Esse beijo era... diferente. Não era um beijo de saudade, era um beijo de lembrança.

Isso fez com que eu me lembrasse de pequenas coisas que eu mesma tinha esquecido, era como se fosse um dejavu, eu não queria que aquela sensação passasse.

— Você... tem certeza que quer isso? — Ele se afastou segurando meu rosto.

Vi seus olhos verdes mais claros, mais sinceros. Eu conhecia todos os olhares e expressões dele, mesmo que ele não soubesse, eu sabia.

Era por isso que eu sabia que havia algo que ele estava escondendo.

— Eu... pra falar a verdade eu não sei Pedro. — Dei de ombros e ele se afastou um pouco. — Eu fico com medo de piorar tudo se fizermos isso, mas ao mesmo tempo eu quero porque... a gente só vive uma vez, se eu não me arriscar nunca vou saber as consequências.

Ele continuou me encarando, esperando um sim ou alguma outra coisa, mas eu apenas sorri e puxei ele pra mim de novo.

Seus lábios eram calmos, carinhosos e ao mesmo tempo ansiosos, meu corpo queria tanto aquilo.

Subi no seu colo passando a mão pelo seu cabelo, sua mão segurou minha cintura e ele levantou comigo no colo.

— É... acho que agora sei porque o tamanho da sua bunda aumentou! — Ele falou e dei um soco no seu braço.

— Idiota... — Respondi voltando a beijar ele de novo.

Tentei alcançar a maçaneta da porta, mas nenhum dos dois viram que já estava aberta. Acabei batendo a cabeça na parede.

— Você tá bem? — Ele perguntou depois que falei "ai".

Comecei a dar risada igual uma idiota, acho que por conta do peso ele me soltou com cuidado no chão rindo também.

— A gente é muito ruim nisso, pelo amor de Deus. — Falei ainda rindo.

— Você sempre foi desastrada com isso maju. — Ele falou entrando no quarta e acabou batendo o pé em um rádio que tinha no chão. — Merda, eu nem lembrava que isso ainda existia.

— Existe, não sei se funciona, mas não tenho coragem de dar embora. — Falei acendendo o abajur. — Esse rádio suportou muita coisa com a gente.

Vi quando o Pedro mexeu no lugar onde ficavam os CD's, demorou alguns segundos e tirou um do fundo.

Ele conseguiu ligar o rádio e mordi os lábios quando a música começou.

— Nossa... — Ele falou me encarando. — Que saudade dessa música.

Assenti encarando ele também.

Ele olhou pra capa do CD, eu lembro que um de nós tinha escrito "músicas de sempre pra sempre". Tinha umas vinte musicas que nós mesmos selecionamos.

Aquela música em específico era a nossa preferida, fazia muito tempo que eu não ouvia, de forma que um arrepio subiu pela minha espinha.

Naquela época a letra não parecia ter tanto sentido, mas agora era a mesma coisa que... um tiro.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora