D e z e s s e i s

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Sugestão de música: Better Day - Old Sea Brigade

Acordei na manhã de domingo ansiosa, nervosa e com a mente toda ferrada.

Deixei a Duda dormindo e comecei a arrumar as coisas que ficaram jogadas pela casa ontem à noite. Nós três ficamos jogando caça ao tesouro, mas nenhum dos dois me ajudou a limpar a bagunça depois.

Tentei aliviar a tensão com um banho, mas parecia impossível, eu estava mil vezes arrependida de ir nessa merda de almoço.

Os pais do Pedro eram pessoas legais, sensatas... mas o pai dele em especial não me tratava tão bem.

No começo quando começamos a namorar ele achava que eu estava com o filho dele só por interesse na empresa, me tratava com desdém e nas festas de família fazia questão de me ignorar, ou fazer alguma piada idiota.

Quando me formei na faculdade fiz questão de mandar um convite pra ele, eu queria mostrar que não dependia de nada da família dele... acho que ele não levou isso como algo bom, porque ele passou a me ignorar totalmente depois isso.

A irmã do Pedro e a Francine eram o oposto, sempre me trataram bem... sempre foram pessoas boas comigo e era nisso que eu me apegava.

Depois que tudo acabou e eles se mudaram não sei o que aconteceu, não sei se o Pedro contou a verdade e não sei o que pensam de mim, e isso me deixava ainda mais nervosa.

A falência da empresa aqui aconteceu ao mesmo tempo que o fim do casamento, de modo que nem se despedir deu tempo.

Me troquei e assim que terminei ouvi a porta lá embaixo abrir.

— Bom dia. — Sorri pro Pedro que estava sentado no sofá.

— Bom dia Maju. Como você tá? — Ele perguntou com a voz rouca e olhei estranho pra ele.

— Tô bem, você bebeu? — Perguntei sorrindo e ele fez uma careta.

— Não... é só nervosismo. — Ele respirou fundo e senti vontade de chorar.

— Se você está nervoso, imagina eu! Seu pai vai me expulsar de lá, me matar, sei lá... ele sabe de tudo? — Olhei seria pra ele que assentiu.

— Sabe, eu só sinto medo de... sei lá, dele falar algo que não deve, ou então tratar você mal, mas vai dar tudo certo, prometo. — Ele sorriu e olhamos pra Duda descendo a escada de pijama.

— É hoje que eu vou ver seus papais tio Pedro? — Ela perguntou coçando os olhos e ele pegou ela no colo.

— É hoje princesa, por que? Você não quer ir? — O Pedro perguntou e ela balançou a cabeça despertando.

— Não! Eu quero ir, vamooos. — Ela se remexeu pra sair do colo dele e pulou no chão.

Balancei a cabeça por cima do ombro e subi com ela.

— Amor, não se esquece de ser educada e não especular muito eles, tá bom? — Falei olhando nos seus olhinhos e ajeitando sua jaqueta.

— Tá bom mamãe, eu prometo. — Ela me deu um abraço e apertei ela comigo.

O Pedro apareceu na porta e sorriu vendo nós duas, sorri de volta me desvencilhando dela.

Assim que o carro virou o quarteirão da casa dele senti que meu coração ia sair pela boca. Varias lembranças passaram pela minha cabeça e senti uma vontade enorme de voltar pra casa.

— Você tá bem? — Ele colocou a mão na minha coxa causando arrepios.

— Acho que sim. — Respirei fundo abrindo a porta.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora