Q u a t r o

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Assim que peguei a Duda na escola e cheguei em casa o Pedro estava do lado de fora.

Mordi os lábios e dei um sorriso meio amarelo pra ele, que como sempre estava com os olhos vidrados na Eduarda.

— Olha mamãe, seu amigo tá aqui de novo. — Ela falou e assenti pensando "infelizmente".

— Oi princesa. — Ele falou pra ela e sorriu pra mim.

— Oi moço, como você chama? — Eu queria morrer ao ver aquela cena.

Abri a porta enquanto os dois se cumprimentavam pela primeira vez, eu queria matar o Pedro por estar aqui.

— Amor vai tomar banho que daqui a pouco começa a ficar frio tá? — Interrompi os dois e ela assentiu subindo as escadas.

Ele me olhou como se eu tivesse cometido um crime por não deixar eles conversarem, mas eu não sabia o que fazer caso ele contasse de uma hora pra outra.

Agradeci por ela ser educada, acho que o ciúmes tinha começado a nascer em mim.

— Ela já sabe tomar banho sozinha? — O Pedro perguntou e semicerrei os olhos pra ele.

— Está aprendendo... O que você tá fazendo aqui? — Comecei a arrumar as coisas pra fazer a janta e o exibido se sentou.

— Não sei se você sabe, mas a Eduarda também é minha filha... eu queria ver ela, ver vocês. — Ele falou a última parte com a voz mais baixa e revirei os olhos. — Eu acho que pensei em alguma coisa, podíamos tentar sei lá, sair aos poucos, começar uma pequena amizade e depois as coisas fluem.

— É, eu pensei em algo mais ou menos assim... ela precisa confiar em você, gostar de você até se tornar natural vocês estarem próximos. — Concordei sorrindo.

— Que tal esse fim de semana a gente sair? — Ele falou e engoli em seco.

— Eeer... esse fim de semana não dá, o Bruno vai levar a gente pro cinema. — Falei sem olhar pra ele e vi seu semblante mudar.

— Seu chefe? — Ele ergueu as sobrancelhas e assenti. — A Eduarda pensa que ele é o pai dela?

— Não! O Bruno entrou na vida dela bem depois, deixei bem claro tudo que aconteceu, os dois são tipo dois amigos, mas ela sabe que ele não é pai dela. É complicado demais te explicar. — Dei de ombros pegando os legumes e ele se remexeu na cadeira inquieto. — Semana que vem saímos tá? Na sexta talvez, sempre saio mais cedo, até lá já vou ter contado pra ele que você voltou.

— Hm... ele ainda não sabe? — Vi quando ele respirou fundo e neguei. — Desde quando vocês dois estão juntos?

— Acho que quando a Eduarda fez três anos começamos a nos aproximar... mas e aí, seus pais já começaram a arrumar a nova empresa? — Mudei de assunto.

— Começamos na segunda, ele tá contente, não tava dando muito certo onde estávamos e ele sempre gostou daqui... acho que ficou ainda mais ansioso quando voltou e viu que as coisas estavam melhores. — Ele sorriu e assenti. — Muita coisa mudou né?

— Ah sim, em cinco anos as coisas aconteceram muito rápido. — Falei assentindo.

Um silêncio meio desconfortável se instalou, algumas lembranças chatas que eu tinha enterrado há muitos tempo voltaram.

Eu tinha certeza que ele também estava se lembrando, era doloroso, porém inevitável.

— Mamãe, eu não sei onde coloco a toalha, sempre esqueço. — Duda apareceu fazendo biquinho e dei risada.

— Da pra mamãe. — Falei pegando e indo estender na lavanderia.

Ouvi os dois começando a conversar e meu coração se apertou. Eu sei que não deveria sentir isso, mas era estranho ter esse sentimento de medo dentro de mim.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora