A nossa vez

D e z e n o v e

Sugestão de musica: Always - James Gavin

A semana passou rápido, acho que por conta da mamãe estar em casa e o Pedro passar mais tempo comigo acabou que nem percebi os dias passando.

— Você vai embora no domingo né? — Perguntei pra mamãe que balançou a cabeça.

— Não amor, amanhã. — Ela insistiu e fechei a cara.

— Domingo mãe que saco, já pedi mil vezes, a Duda também. — Apontei a cabeça pra ela que sugava o macarrão e nos olhou sem entender nada.

Mamãe respirou fundo me olhando torto e revirei os olhos, parecia que eu era uma adolescente tentando convencer a mãe de tentar sair à noite.

Terminamos de jantar e fui levar a louça enquanto a Duda fazia o dever na sala.

— Se precisar de ajuda espera a mamãe terminar viu? — Perguntei vendo ela carregar o caderno.

— Pode deixar mamãe! — Ela sorriu.

— Como ela cresceu rápido, meu Deus, eu sinto medo as vezes de não... conseguir ver ela ter filhos, ou o primeiro namorado. — Mamãe suspirou e neguei.

— Daqui uns trinta anos tá bom pra você? Porque antes disso acho que não vou deixar ela namorar. — Falei e rimos.

— Eu pensava o mesmo de você... achava que ia te segurar, te prender, mas aí você começou a sair escondido, a falar de um tal amigo seu, a sair com mais frequência pra fazer trabalhos e quando eu vi você já... tava me apresentando seu namorado, e eu gostei tanto dele que acolhi como se fosse meu filho. — Ela sorriu e me olhou.

— Quem diria que vocês iam se odiar hoje? — Perguntei rindo e ela revirou os olhos. — Mãe eu... ouvi você falando na segunda que se o Pedro não me contasse algo você contaria, o que era?

Vi seu olhar mudar, seu sorriso sumiu e ela engoliu em seco. Ela tentou disfarçar mas foi impossível não ver sua expressão.

— Amanhã vocês vão sair e... ele vai te contar, eu não posso... nem devo. — Dona Lucy falou quase inaudível. — Vai ficar tudo bem, o Pedro só...

— Mamãe, acho que preciso da sua ajuda. — Duda nos interrompeu e sequei as mãos indo até ela.

Ajudei ela com o dever e vi quando a mamãe fugiu pra não ter que conversar comigo, amanhã eu iria esclarecer tudo com o Pedro.

Ele tinha me chamado pra sair, disse que passaríamos o dia todo fora e eu não fazia ideia do que era, mas esperava que fosse pra me contar isso.

— O papai me disse que precisava resolver uma coisa, de novo, quando ele vai parar mamãe? — Duda perguntou quando terminamos e ela foi dormir comigo.

— Eu espero que seja logo amor. — Sussurrei fazendo carinho no seu cabelo. — Espero mesmo.

Perdi o sono a madrugada inteira por causa dessa maldição de mistério que tinham criado, fiquei pensando em mil coisas, na possibilidade de ter o dedo da Mariana nisso tudo.

Mas a mamãe teria me contado... ou será que não?

Peguei no sono quase na hora de acordar, o que me fez acordar parecendo um zumbi.

Mamãe saiu com a Duda, ia tentar ir na casa da Isabel e se não desse certo ia rever uma amiga dela que morava do outro lado do centro.

— Que susto filha da puta. — Berrei quando ele entrou no quarto enquanto eu arrumava as coisas.

— Calma, só queria ver se ainda pegava você dormindo. — Ele falou rindo igual um idiota e joguei um sapato nele. — Bom dia, você tá linda.