V i n t e e c i n c o

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Sugestão de musica: cloves - don't forget about me

Acordei com a claridade batendo no meu rosto. Coloquei a mão na frente tentando fingir que eu não tinha acordado.

Vi a parede do quarto cor de rosa e demorei alguns segundos pra assimilar e lembrar de tudo.

Assim que me lembrei de ontem senti uma angústia estranha se instalar no peito, uma ansiedade que me fazia querer correr atrás do Pedro e desfazer minha decisão.

Balancei a cabeça tentando ser racional, eu precisava levantar e começar o meu dia, precisava ocupar minha mente e tapar esse vazio que fazia questão de me cutucar e mostrar que estava ali.

A Duda não estava mais do meu lado na cama, sentei na beirada sentindo náuseas e fechei os olhos tentando fazer passar.

Levantei devagar sentindo tudo ficar preto por alguns instantes, me apoiei no armário e esperei essa sensação passar.

A casa estava toda em silêncio e estranhei, eu queria descer pra ver mas meu corpo pedia um banho... eu estava emocionalmente e fisicamente destruída.

Tomei banho com certa dificuldade pra não molhar o gesso da mão. Os machucados ardiam um pouco menos e a cabeça ainda latejava um pouco... mas comparado com ontem eu estava bem melhor.

Me encarei no espelho vendo o quanto eu estava acabada.

Eu não sentia mais vontade de chorar... só sentia um peso enorme nas costas, um aperto no peito que fazia com que até respirar se tornasse mais difícil.

Desci as escadas ouvindo as vozes na cozinha.

— ... Aí meu vovô começou a brigar com o papai, eles estavam falando de uma Mariana. Quando minha vó viu que eu tava olhando ela me chamou pra ver o miau. — Ouvi a Duda terminar de contar.

Senti uma certa tristeza em ouvir o nome da Mariana. Mamãe viu que eu estava encarando elas e arregalou os olhos.

— Bom dia amor, como você tá se sentindo?! — Mamãe perguntou e dei um meio sorriso.

— As dores melhoraram... mas ainda estão aqui. — Falei e olhei pra Duda que me encarava ansiosa. — Bom dia meu amor!

Ela correu pra me abraçar. Seu abraço era quente e me confortou, senti uma sensação gostosa que eu não queria que passasse nunca.

— Eu senti sua falta mamãe! — Ela falou ainda me abraçando. — Você ainda tá doente?

— Não amor, a mamãe tá sarando... — Sorri. — Logo logo eu já vou voltar ao normal.

— Ainda bem! O papai disse que você ia precisar de algumas injeções pra melhorar. — Ela tocou um dos meus machucados e encarei ela. — Você nem imagina o que eu fiz nesse tempo que você ficou no hospital e... por que sua mão tá assim??

— A mamãe acabou quebrando, você quer desenhar no gesso depois? — Perguntei segurando seu rostinho e ela assentiu animada. — Agora vamos tomar café que to morrendo de fome!

— An an an!! Primeiro os remédios... — Mamãe falou apontando pra uns seis frascos no balcão.

Torci o nariz e encarei a receita, os três primeiros eram pra parte da manhã e os outros pra parte da noite... eu esperava que aquele coquetel de remédios não me deixasse dopada.

Tomei o que estava prescrito e fiz uma careta, era horrível, mas se fosse pra parar aquela dores eu tomaria quantas vezes fossem necessárias.

— O papai vem hoje mamãe?! — Duda perguntou assim que me virei e mordi os lábios.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora