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— Pedro?? — Mamãe falou com um tom de raiva. — Que merda você tá fazendo aqui!?

— Tio Pedro essa é minha vó! — Duda falou pegando na mão dele.

Mamãe voltou seu olhar pra mim, eu sentia a raiva ferver nela e não tirava sua razão.

— Dona Lucy, quanto tempo! — Pedro deu um sorriso amarelo.

— Quanto tempo? Como você tem coragem de dizer isso depois de sumir por tantos anos Pedro, por que você voltou!?? — Ela estava ficando irritada e a Duda correu na minha direção. — Maria Júlia, minha conversa é com você primeiro.

— Pedro, leva a Duda pra brincar lá fora. — Pedi sem olhar pra ele que assentiu e pegou ela pela mão.

Minha mãe cruzou os braços e semicerrou os olhos pra mim, me senti uma criança prestes a levar uma bronca.

— Há quanto tempo isso tá acontecendo? — Ela me perguntou levemente desapontada. — Maria Júlia, por que não me contou?

— Mãe, calma, fazem só duas semanas... eu não te contei porque levou um tempo pra eu processar tudo isso, se eu te contasse por telefone você viria voando pra cá. Deixei pra contar pessoalmente. — Dei de ombros me sentindo mal por isso.

— Por que esse filha da puta voltou? Como você tá lidando com isso? — Dona Lucy suspirou.

— O pai dele viu a Duda e ligou os pontos, contou pra ele que veio atrás saber... não sei mãe, no começo minha ficha não caiu, mas me coloquei no lugar dele sabe? — Engoli em seco. — Ele tá tentando, mesmo morrendo de ciúmes e medo eu preciso deixar, a Duda também é filha dele. Talvez ela seja mais feliz com ele aqui.

Ela ficou me encarando por um tempo e suspirou assentindo.

— Se você tivesse me contado eu tinha ido atrás do pai dele, nunca gostou de você e agora vem querendo pagar de bonzinho ligando os pontos. — Mamãe revirou os olhos e sorri. — Como você tá??

— Eu to bem... no começo fiquei um pouco triste, confusa, mas passou. Ele trata ela bem mãe, e não sei porque mas ela gosta muito dele, mesmo em tão pouco tempo. — Sorri e ela sorriu junto.

— Mesmo sentindo vontade de matar ele, vou tentar não fazer isso hoje. — Ela suspirou indo na direção da varanda e dei risada. — Mas veja bem, eu disse só hoje.

O quintal de trás era uma zona, fazia tempo que eu adiava dar um jeito, mas sempre deixava pra lá.

O Pedro estava com a Duda sentados na mureta, assim que ele percebeu que estávamos chegando arregalou os olhos.

— Você precisa dar um jeito nisso Maju, credo. — Mamãe falou e vi o semblante dele suavizar.

— Olha mamãe, uma joaninha! — Duda correu na direção de algumas florzinhas pra ver a joaninha.

— Eu vou ter uma boa conversa com você viu? Não pense que tá tudo bem. — Lucy sussurrou pro Pedro que assentiu.

Fiz um café da tarde e pedimos uma pizza, apesar de ver a raiva fervendo na mamãe, ela agiu normalmente com o Pedro.

As duas brincaram e riram na sala enquanto o Pedro me ajudava na cozinha, até que a Duda pegou no sono e foi dormir.

Nessa hora eu já sabia que o bicho ia pegar.

— É... acho que vou precisar encarar as broncas da sua mãe. — Ele mordeu os lábios e sorri constrangida.

— Qual é a sua Pedro? — Ela entrou na cozinha feito um furacão. — Você some, fica por não sei quanto tempo longe e volta como se nada tivesse acontecendo?? — Sua voz era áspera e grosseira.

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