V i n t e e n o v e | P e d r o

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Acordei me sentimento nauseado, eu tinha sonhado com ela, assim como nas noites passadas.

Mas esse foi diferente... parecia tão real, tão igual ao que a gente costumava viver, senti a tristeza me socar por perceber que tudo não passou de um sonho.

Fazia frio, mas ainda assim eu tomei um banho gelado pra ver se essa sensação desaparecia, pra tentar colocar as ideias no lugar e encarar meus pais.

Olhei no espelho vendo o quanto meu rosto tinha piorado, agora meu maxilar estava roxo, um dos olhos inchados e alguns cortes estavam vermelhos na bochecha.

Filha da puta, eu só não arrebentava ele porque sabia o quanto isso pioraria a situação.

Eu não queria ir trabalhar hoje, mas acho que se ficasse em casa seria ainda pior, não queria pensar coisas, só queria preencher esse vazio e silenciar tudo isso por algumas horas.

Desci a escada escutando meus pais conversarem, respirei fundo pensando em voltar e ficar trancado no quarto durante o dia todo pra ninguém me ver.

— Bom di... meu Deus Pedro, o que é isso??! — Mamãe levantou o olhar e veio na minha direção.

— Nada de mais. — Respondi ignorando sua preocupação, nem eu sabia porque eu estava agindo daquela forma.

— Filho, onde você foi ontem? Alguém te bateu, te assaltou? — Meu pai perguntou e neguei.

— Foi o Leonardo. — Respondi enquanto minha mãe segurava meu queixo olhando pros machucados com preocupação. — Ontem eu fui pra um bar e ele tava lá, acabamos discutindo.

— A gente precisa ligar pra polícia agora! — Mamãe falou pegando o telefone e neguei indo atrás dela.

— Mãe deixa pra lá, eu mereci. — Peguei o celular da sua mão. — Me desculpa por ontem, me desculpa por isso tudo.

— Você foi atrás dela ontem? Foi atrás da Maju?! — Mamãe perguntou com pesar nos olhos e assenti em silêncio. — Ah meu amor, eu sinto muito. Sinto muito por tudo.

— Ela tá grávida. — Falei engolindo em seco. — Tem noção do quão imbecil eu fui? Ela tá grávida e eu não consigo aceitar o fato de que se eu tivesse falado a verdade as coisas seriam melhores, a gente estaria junto agora.

Mamãe arregalou os olhos e me abraçou, me segurei pra não chorar outra vez, abracei ela de volta sentindo seu conforto, seu amor por mim.

— Isso é incrível meu amor. — Ela falou enquanto ainda me abraçava. — Vamos ter um netinho Roger!!

— Outro? — Papai perguntou se aproximando e ela assentiu. — Parabéns filho, fico feliz por ter outro neto.

Ele me abraçou apertado e tentei sorrir, foi em vão. Eles podiam até tentar estar feliz por mim, mas eu sabia que eles pensavam o mesmo que eu, no quanto as coisas poderiam ser melhores se eu tivesse feito a coisa certa.

— Ela já sabe se é menino ou menina? — Neguei sem conseguir dizer nada. — Eu mal posso esperar pra ver uma criancinha correndo pela casa!!

— Você não tá feliz Pedro? — Papai perguntou e encarei ele.

— Eu? Eu to muito feliz. Eu pensei que nunca ia ter a chance de ter outro filho, de ver ele crescer... — Sorri imaginando. — Mas eu queria que tudo isso não tivesse tomado a proporção que tomou, que eu não tivesse mentido, que as coisas fossem boas, mas isso vai ser impossível. Eu ainda não consigo aceitar o que eu fiz, a Maju nunca mais vai voltar comigo.

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