N o v e

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— Entra. — Falei sentindo minhas mãos tremerem e ele entrou sem me olhar.

— Eu sei que eu acabei de chegar, e que mal falei pra você, estive diferente, sendo grosso... mas eu acho melhor a gente terminar Maria Júlia. — Ele falou me encarando pela primeira vez.

Abri a boca pra dizer algo, mas fechei logo em seguida. Tentei procurar algo que eu tivesse feito.

Ele simplesmente chegou e jogou o peso encima de mim como se não fosse nada.

— Bruno, o Pedro estava em casa mas não aconteceu nada, sério!! Ele sempre vai embora depois que a Duda dorme e...

— Não Maju, não é por isso, eu conheci uma pessoa nova nessa viagem, me senti atraído por ela, isso não deveria acontecer, né? Se eu gostasse realmente de você não era pra esse segundo interesse existir. — Ele terminou de falar e segurei o choro.

Aquelas palavras não me deixaram devastada, apenas sem reação.

Pisquei varias vezes pra que as lágrimas sumissem, eu não ia chorar, não na frente dele.

Eu gostava do Bruno, muito, ouvir que fui trocada me deixou magoada, caralho, ele sabia o quanto doía em mim o fato de ter sido trocada.

— Me perdoa Maju, de verdade. Eu passei na prova e provavelmente semana que vem já vou trabalhar com o meu pai, o escritório vai continuar igual... eu só te peço desculpa por tudo isso ser tão de repente. — Vi quando ele mexeu no cabelo já nervoso pelo meu silêncio.

Fiquei séria apenas encarando seus olhos castanhos, eu não estava pensando muito em procurar palavras pra brigar, exigir qualquer explicação ou algo do tipo... só estava anestesiada demais pra falar qualquer coisa.

O Bruno suspirou e mordeu os lábios, eu não queria falar nada... não precisava falar nada.

— Se cuida tá? Fala pra Duda que... que eu amo ela. — Ele falou saindo e fechando a porta.

Deixei uma lágrima cair enquanto raciocinava.

Repeti o que ele disse na minha mente até cansar e cair no choro, eu esperava aquilo de qualquer pessoa, mas dele não.

A dor de ser trocada novamente me pegou de surpresa, eu queria gritar, chorar de espernear, mas fiquei ali com aquela dorzinha chata só colocando pra fora tudo que eu estava guardando dentro de mim.

Ser trocada não mexia só com o fato de que o relacionamento acabou, mas sim por eu me perguntar o que eu tinha de errado.

Por que eu fui trocada mais uma vez? Não era mais suficiente?

Peguei no sono ainda chorando e só acordei com o despertador na manhã seguinte.

— ELE O QUE??? — Isabel falou quase gritando e dei de ombros.

— Disse que conheceu outra pessoa... não sei, realmente não sei o que se passa na cabeça dele. — Franzi os lábios e ela me encarou.

— Que filha da puta, será que foi por isso mesmo? — O Léo perguntou e revirei os olhos. — Enfim, como você tá?

— Não sei... um vazio chato, uma angústia estranha. Não é nada comparada ao que senti com o Pedro, mas não deixa de doer né. — Respirei fundo tentando fazer com que aquele aperto no peito sumisse.

— Amanhã aquele filho da puta que se dane, a gente não vai trabalhar e vai ir fazer compras, chega Maria Júlia, estamos parecendo duas mendigas. — Isa segurou minha mão e sorri.

— Você tem razão, acho que já passou da hora disso acontecer. — Me levantei pegando minha bolsa. — Tô indo Isa, mais tarde você pega as meninas em casa tá? Aproveitem.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora