D e z o i t o

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Acordei com a claridade batendo no meu rosto.

Abri os olhos com certa dificuldade, o sol entrava pelas frestas da cortina e batiam direto em mim.

Observei o braço do Pedro encima da minha cintura e senti sua respiração no meu pescoço, eu queria me mexer mas parecia impossível.

Comecei a me lembrar aos poucos da conversa que tivemos... aquilo tudo parecia tão insano e errado.

Quer dizer, depois de sofrer pra caralho, ficar anos me culpando eu simplesmente decidi recomeçar.

E apesar de saber que as coisas poderiam dar errado e até serem pior eu... lá no fundo eu não queria parar, porque eu amo ele.

Admitir isso parecia ainda pior, depois de tudo que ele fez eu ainda amava ele, e queria que as coisas dessem certo.

— Você já acordou? — Ouvi sua voz rouca e apertei sua mão.

Ele beijou meu pescoço e apertou minha mão de volta.

— Bom dia. — Sussurrei me virando e seus olhos azuis se encontraram com os meus. — Ainda to mais ou menos dormindo.

Pedro sorriu me beijando. Uma de suas mãos apertou meu bumbum e belisquei seu braço.

— Como o sol tá quente, nem parece que quase acabou o mundo ontem de tanto chover. — Ele falou apontando pra janela e assenti me virando pra olhar. — Lembra quando a gente foi escolher os quartos e escolheu esse porque...

— Porque quando a gente quisesse dava pra ver o céu. — Sorri me lembrando. — Quanta coisa mudou.

— É eu... senti falta de te ver acordar, de ver esse sorriso de sono que você dá. — Ele respirou fundo. — É incrível como a gente só da valor nas coisas depois que perde tudo e não pode mais aproveitar.

— Pedro eu... sei que talvez isso estrague nosso dia mas eu penso em tudo isso e não sei se tomei a decisão certa. — Senti um peso sair das minhas costas.

— Eu sei Maju. — Ele respirou fundo segurando meu rosto. — Não é culpa sua não ter certeza das coisas, muito menos ficar insegura, eu vou mudar isso.

Senti seu beijo morno de novo, apesar de tudo aquilo ser difícil eu queria, eu queria porque lá no fundo eu sabia que isso iria valer a pena.

Ou pelo menos eu esperava que fosse.

— Vamos tomar banho, tá com sol mas tá frio. — Sentei na cama e o lençol escapou da minha mão sem querer.

Ele ficou me observando e mordeu os lábios.

— É... esse banho vai demorar mais que o normal. — Pedro sorriu se levantando e revirei os olhos.

Assim que terminamos descemos, ainda estava cedo mas estranhei a Duda não ter acordado.

— Isso tudo é tão louco né Maju? Eu sinto que sei lá, perdi tanta coisa da sua vida, perdi tanta coisa da vida da Duda. — Pedro falou me abraçando por trás enquanto eu fazia o café.

— Eu sei Pedro... se eu soubesse o quanto isso iria nos afetar agora eu não teria te escondido isso, é que as coisas foram rápidas demais, a gente era imaturo e deu no que deu. — Dei de ombros me virando pra ele. — Mas eu me sinto culpada, acho que apesar do seu erro eu não precisava ter errado também, talvez a Duda fosse mais feliz se você tivesse aqui esse tempo todo...

— Ei, não... — Ele ergueu meu rosto e olhou nos meus olhos. — Não foi culpa sua, a única pessoa que deve ser culpada por isso sou eu... eu juro que se eu pudesse voltar no passado eu voltaria.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora