A nossa vez

V i n t e e q u a t r o

Sugestão de musica: where's my love - SYML

Abri os olhos devagar sentindo todo meu corpo doer.

A claridade fez com que eu os fechasse de novo. Será que eu tinha morrido?

Tentei abrir novamente, pisquei varias vezes tentando me acostumar e enxerguei o teto branco encima de mim.

Olhei em volta tentando raciocinar o que estava acontecendo... uma mulher de branco me encarou e deu um sorriso amigável, merda, eu estava em um hospital.

Tentei me sentar mas ela veio na minha direção balançando a cabeça.

— Você não pode se levantar! Só um minuto, vou chamar o doutor Peterson. — Ela me fez deitar de novo e respirei fundo sem entender nada.

Senti uma dor forte na cabeça e fechei os olhos, gemi de dor vendo tudo ficar embaralhado.

Observei o soro pingar e descer devagar até um dos meus braços.

— Maria Julia! Como está se sentindo? — Um homem alto entrou na sala e encarei ele gemendo de dor novamente.

Senti o gosto de bile subir na garganta.

— Eu acho que vou... — Não consegui terminar a frase sentindo tudo sair.

Por sorte ele foi rápido o suficiente pra colocar uma travessa cirúrgica na minha frente, tentei agradecer e ele assentiu sem graça.

— Já vi que não está muito bem... se sente enjoada? Dores de cabeça?! — Peterson questionou me dando um lenço e abrindo meus olhos. — Você está bem desidratada. Se lembra do que aconteceu antes do acidente?

Ele falou tão rápido que eu não consegui nem processar, tentei assimilar por um tempo encarando ele.

Fanzi o cenho tentando me lembrar... assim que me lembrei era como se uma faca tivesse atravessado meu peito.

— Eu... me lembro. — Respirei fundo sentindo meu coração disparar. — Lembro de tudo.

— Ótimo, não teve perda de memória recente. — Ele anotou na prancheta e dei um riso sarcástico, eu preferia ter tido. — Então Maria Júlia, por causa da queda provocada você acabou quebrando a mão esquerda e batendo a cabeça, causando uma concussão leve, também teve partes do corpo raladas... por sorte nada aconteceu com o bebê. Você vai sentir...

— Espera... bebê?! — Perguntei erguendo a sobrancelha.

— A-ah... não foram realizados exames relacionadas a sua gestação? — Ele perguntou e dei de ombros sem entender. — Você está na sétima semana de gestação, mesmo que esteja no começo não aconteceu nada com o bebê, mas ouve um pequeno descolamento de placenta, você precisará ficar de repouso!

— Eu não estou grávida, isso é impossível. — Ri tentando não entrar em desespero.

— Apesar de não ser especialista na área, posso lhe afirmar que sim, você está grávida. — Peterson falou com frieza e me encolhi. — As dores de cabeça vão permanecer por mais três dias, vou deixar uma guia de retorno no balcão de entrada, e a receita com os remédios também. Tudo bem?