V i n t e e o i t o | Pedro

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Seus olhos verdes estavam cansados... não era um cansaço físico, mas sim um emocional, eu sentia que ela estava esgotada de mim.

Maju me encarou esperando que eu dissesse alguma coisa, ela estava assustada.

— O que aconteceu com você?! — Ela perguntou franzindo a sobrancelha.

Praguejei baixinho, por um momento eu tinha me esquecido de que estava todo arrebentado, respirei fundo tentando criar coragem pra falar alguma coisa.

— Isso não importa. A gente pode... conversar? — Minha voz saiu embargada.

Ela assentiu abrindo a porta e dando espaço pra eu entrar, vi uma xícara de chá encima do balcão. A Maju tinha perdido o sono, será que eu era o motivo disso?

Vi seus braços se cruzando, ela mantinha certa distância de mim e isso me machucava, me arrependi por estar ali.

— Você quer tomar um banho? Você tá encharcado, tá machucado. — Maju perguntou e neguei.

Ficamos nos encarando em silêncio, eu podia sentir meu coração quase sair pela boca.

— Eu sei sobre o que você quer conversar, e eu só aceito se você pelo menos se trocar.

Engoli em seco sem respostas, me senti um lixo por saber que mesmo tendo feito o que fiz, a Maju me tratava igual... e mesmo que estivesse dilacerada por dentro, mas se mantinha forte pra me ajudar.

— Eu... Tudo bem, eu troco de roupa. — Falei quase num sussurro.

Observei ela subir as escadas, eu não sabia se devia acompanhá-la, tudo isso era estranho pra mim, e não imagino como estava sendo pra ela.

Maju parou na metade da escada e me encarou, entendi o recado e respirei fundo seguindo ela.

Hesitei antes de entrar no quarto, a Duda estava dormindo e sorri, me aproximei passando a mão na sua bochecha gordinha... ela é tão linda, tão forte, acho que tinha realmente puxado a mãe em tudo.

— Aqui... — Maju estendeu a mão entregando as roupas. — Acho melhor você se trocar no banheiro do corredor... a caixinha de curativos está lá também, e é melhor pra não acordar a Duda.

Peguei a roupa sentindo seu olhar frio sob mim, ela não sentia pena... ela sentia raiva, e perceber isso fez eu me sentir nauseado.

Dei um beijo na Duda que se mexeu, mas não chegou a acordar. Sai do quarto e entrei no banheiro, observei meu rosto no espelho... puta que pariu, agora eu entendia o olhar assustado da Maju.

Minha bochecha estava cortada, um dos olhos inchou levemente e os lábios estavam arrebentados. Não sei como eu explicaria isso, se eu contasse que foi o Leonardo seria pior ainda, era só mentir mas...

Respirei fundo me sentindo um merda, eu não queria mais mentir, eu não queria ter esse instinto de mentir. Se eu quisesse me livrar da culpa precisaria ser sincero em tudo a partir de agora, mesmo que as chances com a Maju fossem inexistentes, eu precisava mudar pelos erros que cometi.

Troquei de roupa e joguei a que eu estava no lixo, eu não queria mais nada que me trouxesse qualquer lembrança do que aconteceu hoje.

A nossa vez Onde as histórias ganham vida. Descobre agora