• Capítulo XXI •

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"A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem

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"A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem."


- Epicuro

Estando mais calma Maria Luiza foi levada para a cama por seu marido, que ainda tinha o rosto úmido por suas próprias lágrimas. Ver a sua rosa naquele estado o destruiu mais do que pensou.

"Não existe vingança no mundo que cure o que você passou. Nem mesmo seria o bastante para acabar com a dor que eu tô sentindo por te ver assim."

Pensa ao ajeitar sua esposa na cama, alisando seu rosto, mais tranquila, já dormindo novamente. Ele se deita ao seu lado, e junta a sua testa na dela, passando de leve o seu nariz por seu rosto sereno, respirando profundamente.

"Eu te prometi fazer eles pagarem por tudo o que te fizeram..."

- Ahh... - grita se contendo, como se sentisse novamente o seu coração em pedaços ao se lembrar da cena dela indo até a beirada da varanda.

Se abraçando ao corpo sonolento de sua esposa ele põe a cabeça em seu peito, ouvindo o seu coração, com cuidado para não acorda- la. Como se aquele simples gesto lhe trouxesse a certeza de que ela estava viva ali consigo, segura perto dele. Não lembrava de uma só vez em que se sentiu tão impotente perante como naquela varanda, a ouvi do deferir palavras tão pesadas.

Ela pedia para morrer.

O qual dilacerada está a alma, a força vital de alguém para desejar a morte, para achar conforto naquilo que tantos sentem receio e medo? Ela não tinha, a morte para ela era como ter liberdade. A verdade é que Maria Luiza andou por anos entre espinhos, sem poder gritar, se esconder ou se proteger, ela aguentou um inferno nas mãos de quem lhe deu a vida, foi machucada e violada diversas vezes, presa em uma gaiola como um pássaro de asas quebradas. E mesmo com tudo isso não se deixou se destruir totalmente, pois mesmo sabendo o que é sentir vontade de morrer ela nunca negou um sorriso para quem merecesse, sempre foi gentil, solidária e amorosa com quem tinha lhe mostrado apreço genuíno.

- Você me ajudou quando eu te tratei te maneira desprezível. Te chamei de tantas coisas...

A abraça forte, se lembrando da primeira vez que se viram, de como foi grosseiro com ela, a chamou de interesseira e tantas outras coisas, foi ali a primeira vez que ele a viu se mostrando forte, foi ali que ele a viu desmoronar pela primeira vez. Sua raiva naquele tempo era ter visto uma cena que parecia mais correta do que ele um dia imaginou, sua filha com uma mãe, uma que era mais sincera do que ele estava sendo com sua menina, ele viu um genuíno amor entre as duas, tão grande que até mesmo tinha inveja.

- Malu, eu pensei tanta coisa errada de você. E mesmo assim você resolveu me ajudar, você me deu a mão quando poderia me renegar. - fala melancólico, se afastando, limpando o rosto, alisando o rosto de sua esposa, lhe dá um beijo na testa, na bochecha, nariz e por fim um selinho. - Minha rosa, você salvou nossa filha, mesmo passando por tudo isso. Por que, Malu, o que eu fiz para te merecer?

A Felicidade em Meio a SolidãoWhere stories live. Discover now