• Capítulo XIII •

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“Quanto mais eu trabalho, mais eu percebo que os seres humanos carecem de bons espelhos. É muito difícil para qualquer um mostrar a nós como somos de fato, e é muito difícil para nós mostrarmos aos os outros o que sentimos.”

– John Green, Cidades de Papel

Noite passada quem se debateu na cama foi Bárbara, mas não por causa de um assombroso pesadelo, não, o que lhe assombrava eram as lembranças de uma noite assustadora, uma noite que nunca saiu de sua mente, e que gostaria de esquecer. 

No sonho ela corria sem parar, assustada com o que tinha visto, na noite mais fria de suas lembranças. A neve fina que caía lhe congelava tanto quanto o pânico que fazia todo o seu corpo tremer, quando finalmente parou sem ter para onde ir no meio da floresta obscura, ela olhou para suas mãos, molhadas de sangue.

Ensanguentadas.

Foi nesse momento em que ela despertou, o semblante atordoado, o rosto molhado por suas lágrimas e as mãos segurando forte o edredom que lhe cobria mostravam todo oseu pânico. Não conseguia nem mesmo respirar ao se sentar na cama passando as mãos pelos cabelos, e pelo rosto, o enxugando com desespero, olhando ao redor, para ter certeza de que estava fora do pesadelo. Ao olhar para o lado na cama, ela percebe a mulher que se deitou em segredo ali com ela no começo da noite: 

Kalissa Vitale. 

Sua melhor amiga de infância, sua eterna confidente, a mulher que lhe salvou três anos atrás da ruína, e que desde então não poupava recursos, tempo, energia ou dinheiro para provar sua inocência. Algo que nem mesmo ela tem absoluta certeza, mas que em compensação Kalissa sempre teve, e por isso brigava até mesmo com ela ao se culpar por aquela noite. Bárbara nunca viu um pingo de desconfiança ou acusação em seus olhos nem mesmo quando a viu toda ensanguentada naquele bendito dia. A mais velha sempre acreditou fielmente em sua inocência, por isso ajudou ela a escapar das acusações anos atrás. 

Um dos motivos para Kalissa ter certeza que Bárbara não fez nada, é que naquela mesma noite, no lugar onde tudo ocorreu, as duas iriam se encontrar depois de cinco anos sem se falar cara a cara após a preta ir fazer faculdade fora da cidade, quando encontrou a loira tudo o que quis fazer foi protegê- la, e foi isso que a mesma fez nos últimos três anos, mesmo que em segredo.

“Sinto muito que tenha que suportar tudo isso ao meu lado, minha pirata.”

Babi pensa ao alisar o rosto de Kalissa, com cuidado para não acordar a mais velha, que se deitou em segredo ao seu lado após chegar da Itália no dia anterior. A loira se surpreendeu ao dar de cara com a delegada na porta do apartamento, pois não fazia ideia de que ela viria, mas então notou que a mais velha estava ali por Malu, a sua irmã mais nova, da qual tinha lhe falado há um tempo, as duas mal puderam conversar, para não levantar suspeitas sobre sua aproximação diante dos outros, mas assim que todos dormiram ambas conversaram no quarto da loira, até dormirem sobre tudo o que iria acontecer agora. 

A Felicidade em Meio a SolidãoWhere stories live. Discover now