Capítulo 17 - FILIPE

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FILIPE


"E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima;

e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor;

porque já as primeiras coisas são passadas."

Apocalipse 21:4


Levanto-me da cadeira sem olhar para eles novamente. Eu não deveria me importar, mas a raiva acometida ao ver Pablo abraçando a sua namorada me causa aversão.

Não quero que ele a toque! Não quero que faça o que eu desejo fazer!

O pior é que eu sabia disso antes mesmo de vir.

Quem sou eu para pensar assim? Eu não tenho esse direito!

Por que ando insistindo em algo que só vai causar dor? Por que estou sendo irresponsável?

Saio do bistrô com raiva. Raiva do Pablo, raiva da Aurora, raiva de mim.

Poucas vezes esse sentimento se fez tão presente.

O que está acontecendo comigo?

Vou atravessando a praça em passos largos. Eu preciso fugir. Preciso retomar a minha razão. Mais uma vez. Estava se tornando rotina ter que fazer isso na presença dela.

— Filipe! — Ouço a voz de Aurora atrás de mim.

— Filipe! — Ouço a voz de Aurora atrás de mim

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Paro de andar. Fecho os meus olhos e eles ardem.

Meu coração está batendo descompassado. Eu deveria estar me acostumando com o modo como ele reage à sua presença.

Ele não deveria agir dessa forma.

Viro-me devagar e a encontro. Linda. Bela. Graciosa. A mulher que anda tirando meu sono. Tirando meu foco. Me fazendo sentir sensações que não posso sentir.

Minha perdição. Meu pecado.

Por outro lado, certo alívio me atinge ao saber que ela não está mais nos braços do Pablo. Ela está aqui na minha frente.

Parece que o ar volta a circular em meus pulmões.

Aurora está apenas a alguns passos de distância de mim e consigo ter uma visão completa dela. Seu peito desce e sobe com rapidez. Posso sentir essa mesma batalha acontecendo comigo. Dentro de mim.

Tão pequena, tão frágil, tão linda.

Como é errado algo que me faz tão bem? Tão vivo?

Eu nunca havia me sentido assim em toda a minha vida.

Sem ter domínio sobre o meu corpo e o que sinto, desfaço a distância entre nós com rapidez e, com a respiração ofegante, eu a abraço.

QUE ASSIM SEJA, AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora